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Viver Bem

Estudo associa alto consumo de café por dia a risco 53% maior de demência

Publicado em 04/08/2021 12:00 -

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O velho ditado de que “tudo em excesso faz mal” também se aplica a uma das bebidas mais populares do mundo: o café. Foi o que uma equipe de pesquisadores da Universidade da Austrália Meridional (UniSA, na sigla em inglês) constatou após conduzir uma investigação com mais de 17 mil pessoas. Segundo o estudo, o alto consumo do líquido — fonte de cafeína — está associado a volumes cerebrais totais menores e, consequentemente, a um maior risco de demência.

A pesquisa, cujos resultados foram publicados no periódico científico Nutritional Neuroscience no último sábado (24), foi realizada no Centro Australiano de Saúde de Precisão da UniSA. A análise contou ainda com a participação de pesquisadores da Universidade de Addis Ababa, na Etiópia, e de três instituições britânicas — a Universidade de Cambridge, a Universidade de Exeter e o Instituto Alan Turing.

O grupo avaliou os efeitos do café no cérebro de 17.702 participantes do UK Biobank, um banco de dados clínicos de cerca de 500 mil pacientes monitorados pelo sistema público de saúde do Reino Unido desde 2006. A idade dos voluntários variou entre 37 a 73 anos. Os pesquisadores queriam investigar se o consumo habitual de café, está associado a diferenças nos volumes cerebrais ou ao risco de desenvolver demência ou derrame.

Eles constataram que, entres os participantes que bebiam seis xícaras de café ou mais por dia, o risco de demência se mostrou 53% maior em comparação com os que consumiam entre 1 e 2 xícaras diariamente. Segundo o estudo, evidências de uma associação entre o excesso da bebida e maior probabilidade de acidente vascular cerebral (AVC) foram menores, mas ainda assim detectáveis.

“Levando em consideração todas as permutações possíveis, descobrimos consistentemente que o maior consumo de café estava significativamente associado ao volume cerebral reduzido”, explica Kitty Pham, estudante de PhD da UniSA e líder do estudo. “Essencialmente, beber mais de seis xícaras de café por dia pode estar colocando você em risco de doenças cerebrais, como demência e derrame”, acrescenta a pesquisadora, em comunicado.

Alto consumo de café pode estar associado a volumes cerebrais totais menores e a um maior risco de demência, diz estudo australiano (Foto: Angela Romel/Pexels)

Enquanto a demência é uma patologia cerebral degenerativa que afeta funções como a memória e a capacidade de realizar tarefas diárias, o derrame é uma condição que, ao bloquear o suprimento de sangue no cérebro, provoca danos ao órgão que podem ser permanentes — como a paralisia de um lado do corpo. 

Embora os pesquisadores ainda não conheçam os mecanismos exatos que expliquem a relação entre a ingestão excessiva de café e esses possíveis efeitos no cérebro, o grupo considera que o estudo fornece “informações vitais” sobre o consumo exagerado da bebida e a saúde do sistema nervoso. De acordo com o grupo, a investigação é a mais extensa já realizada sobre o assunto, destacando-se por seu volume de imagens volumétricas do cérebro.

“O café está entre as bebidas mais populares do mundo. No entanto, com o consumo global sendo superior a 9 bilhões de quilos por ano, é fundamental que entendamos quaisquer implicações potenciais para a saúde”, avalia Pham. A pesquisadora sugere ainda que os amantes incontroláveis da bebida lembrem-se de não torná-la uma substituta da água. “Uma coisa simples que podemos fazer é nos manter hidratados e lembrar de beber um pouco de água com a xícara de café”, recomenda.


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