25/04/2024 - Edição 540

Entrevista

Candidato ao Governo com Lula no palanque, Zeca detona Bolsonaro, afaga Reinaldo e avisa que investirá pesado no social

Publicado em 28/07/2021 12:00 -

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O ex-governador Zeca do PT é o nome do partido para a disputa pelo governo do Estado em 2022. Em abril, o ex-presidente Lula orientou os dirigentes partidários estaduais a evitar o lançamento de candidaturas para o cargo de governador no ano que vem se não houver nome forte para a disputa – privilegiando alianças para a Presidência da República. O PT sul-mato-grossense, no entanto, confirmou o nome de Zeca em junho, deixando aberta uma porteira de possibilidades para alianças de segundo turno, não só com legendas do chamado “campo progressista”, como também com o PSDB e com os Trad. Nesta entrevista, a primeira da série que a Semana On fará com os pré-candidatos ao Governo do Mato Grosso do Sul, o ex-governador fala do bolsonarismo (“um governo fracassado”), de Bolsonaro (“um sujeito absolutamente desequilibrado, falso, cruel, psicopata, que não se compadece com o sofrimento do povo brasileiro”), do Governo Azambuja (“um governo que faz enorme investimento e esforço pelo equilíbrio fiscal, para manter as contas em dia”) e avisa que se for governador vai incrementar as políticas sociais.

 

Como o senhor analisa o cenário político nacional após dois anos de bolsonarismo?

Eu analiso os dois primeiros anos do bolsonarismo como um absoluto fracasso. Fracasso do ponto de vista econômico e fracasso do ponto de vista social. Do ponto de vista econômico, o desemprego, o arrocho salarial, a falta de perspectivas do ponto de vista do crescimento econômico, falta de investimentos externos no Brasil. Isso tudo gera muita intranquilidade. Do ponto de vista social, as consequências do fracasso econômico: desemprego, fome, miséria, falta de perspectivas pro povo mais pobre, que está absolutamente abandonado, desacreditando nas instituições e do próprio processo democrático. É muito triste o que vemos hoje no Brasil

Crê que há ameaças reais contra a democracia e a realização das eleições do ano que vem?

Não, não creio em nenhuma ameaça contra a democracia, muito menos contra o processo eleitoral. Na verdade, Bolsonaro faz um debate falso sobre a transparência eleitoral, mentindo para a opinião pública e tentando gerar um clima de intranquilidade, sabendo que vai perder as eleições, para comprometer o processo eleitoral como um todo. Sobre a possibilidade de um golpe contra a democracia, eu não acredito. Ele (Bolsonaro) conta hoje com meia dúzia de generais vendidos ao seu governo, ganhando milhões, como tem sido mostrado pela mídia, e que não contam com o respaldo da grande parcela das Forças Armadas, muito menos da opinião pública.

Como o senhor analisa o retorno de Lula ao cenário político e as pesquisas que o tem colocado na ponta das intenções de voto?

O retorno de Lula à política e o surgimento de seu nome em destaque em todas as pesquisas eleitorais mostra a grande farsa montada pela República de Curitiba comandada por Sérgio Moro e os procuradores do Ministério Público, que criaram falsos fatos para incriminar Lula sabendo que perderiam as eleições de 2018. Com certeza, Lula é um grande nome, e a principal liderança popular que o Brasil possui, o único nome capaz de recuperar o crescimento econômico e social e a credibilidade internacional do Brasil.

Acredita que Lula terá condições de atrair parte dos votos de centro e centro-direita?

Aprovada a candidatura do presidente Lula, nós do PT vamos em busca do voto de todos. O voto não será ideológico. Queremos o voto de todos aqueles que sejam comprometidos com a retomada do crescimento econômico e social, com a consolidação do processo democrático, e daqueles que pensam o Brasil do ponto de vista de um país soberano, independente e importante no contexto internacional.

O senhor é pré-candidato ao Governo do Estado?

Meu nome surge no debate e nas pesquisas muito bem pontuado, até em função da lembrança que o povo deste estado tem dos oito anos do nosso governo. Os mais pobres, pela primeira vez, foram contemplados com programas sociais de enorme alcance, como o Segurança Alimentar, o Bolsa Escola, o Cursinho Popular, o Bolsa Universitária, o Banco do Povo, entre muitos outros. Estes eram programas que protegiam os mais humildes deste Estado, gente que nunca havia sido protegida de forma generosa pelos governos anteriores. Com certeza, estes sentem saudades e querem a volta do governo do PT. Os empresários do comércio urbano se recordam com muita saudade dos oito anos em que trabalharam sem terror fiscal, com tranquilidade, gerando emprego. Os produtores rurais sabem que no nosso governo nunca tiveram tantas ações em estradas vicinais, para escoar produção. E os servidores públicos sabem que pela primeira vez foram tratados com dignidade e respeito. Quando assumimos o governo deixado pelo MDB, havia quatro Folhas atrasadas. Pagamos 17 Folhas no primeiro ano de governo, colocamos os salários em dia e passamos a recuperar o poder aquisitivo dos funcionários públicos. Se perguntar aos professores, aos agentes de segurança pública, por exemplo, eles reconhecerão que passaram a ter um dos melhores salários do Brasil sob nosso governo.

Há algum empecilho jurídico para a sua candidatura?

Eu ainda sofro consequências da perseguição brutal, vergonhosa, que setores do Ministério Público promoveram no final do meu Governo. Mas, nada que não possa ser resolvido. Estou trabalhando para isso e, em consequência, trabalhando para garantir a perspectiva concreta da minha candidatura ao governo do Estado.

O que o sul-mato-grossense pode esperar de um hipotético Governo Zeca?

Os sul-mato-grossenses podem esperar um Zeca mais experiente, com 70 anos de vida, oito anos como governador, oito anos como deputado estadual, quatro anos como deputado federal, e, consequentemente, um Zeca comprometido em aprofundar tudo aquilo que construímos de positivo. Os mais pobres tendo de volta os programas sociais que lhes garantam o mínimo de padrão de dignidade, o comércio podendo trabalhar em paz, sem terror fiscal, os empresários podendo definir os investimentos e prioridades na infraestrutura e nas estradas vicinais, os servidores públicos tendo de volta o tratamento de respeito, de ponderação e equilíbrio que tiveram em nosso governo, além do compromisso de recuperação salarial, que hoje estão totalmente defasados.

Que peso um palanque com Lula em MS terá na sua candidatura?

Lula, pelo seu carisma popular, desequilibra qualquer eleição estadual. E aqui não será diferente. A presença do Lula em um eventual palanque nosso na campanha pelo Governo do Estado nos dá, além de uma enorme motivação, uma imensa força para fazermos uma grande disputa. Além disso, temos certeza de que a nós cabe a responsabilidade de construir um palanque forte e plural que possa dar a candidatura de Lula o respaldo popular que ele precisa ter aqui em Mato Grosso do Sul.

Mato Grosso do Sul foi um dos Estados que mais votos deu a Bolsonaro. Somos um Estado majoritariamente conservador?

Não, não acho que Mato Grosso do Sul seja um Estado majoritariamente conservador. Há uma parcela conservadora, como ocorre em todo o Brasil. Mas temos também de 30 a 40% da população que vota em candidaturas e partidos do campo popular, democrático e progressista. Não podemos analisar o Mato Grosso do Sul com o foco das eleições de 2018, da eleição de Bolsonaro. Foi uma eleição atípica, de um cidadão que conseguiu enganar a todos. Agora cai a ficha na cabeça do povo mais pobre, que percebe que se enganou e quer voltar a um projeto de grande alcance social e enorme desenvolvimento econômico representado pelos oito anos de governo do presidente Lula.

O senhor crê que este cenário possa ser revertido nas eleições do ano que vem?

Não tenho dúvida alguma de que a eleição do ano que vem poderá ser totalmente diferente da de 2018. As pessoas já percebem que se enganaram com um sujeito absolutamente desequilibrado, falso, cruel, psicopata, que não se compadece com o sofrimento do povo brasileiro e, consequentemente, passam a ter saudades do governo do PT. Acho que podemos construir um grande palanque, mas amplo, em defesa da democracia e da candidatura de Lula e, em consequência, termos um resultado eleitoral que nos coloque na ponta também aqui em Mato Grosso do Sul.

Como o senhor analisa o MS hoje?

Pessoalmente penso que Mato Grosso do Sul vive um bom momento. Não concordo com aqueles que acham que o governo do Reinaldo seja ruim. É um governo que faz enorme investimento e esforço pelo equilíbrio fiscal, para manter as contas em dia. Com o Fundersul, criado no nosso governo, ele tem feito significativos investimentos na área rural e no interior. Portanto, acho que o Mato Grosso do Sul vive, sim, um bom momento.

O que faria de diferente caso fosse governador?

Preservando o controle das contas públicas do Estado e o ajuste fiscal; preservando, com recursos do Fundersul, investimentos no interior e na infraestrutura; retomar (o que acho que é a falha do governo do Reinaldo) significativos investimentos na área social, para dar um mínimo de dignidade e qualidade de vida para aqueles que infelizmente não o tem.

O ex-governador André Puccinelli disse nesta semana que foi procurado por integrantes do PT para uma possível aliança com vistas a 2022. O que o senhor diz sobre isso?

Eu não ouvi a entrevista do ex-governador André Puccinelli. Imagino que alguém possa ter falado com ele. Afinal de contas, neste período pré-eleitoral, todo mundo fala com todo mundo, sem problema nenhum. O caminho que o PT vai tomar lá na frente será decidido pelo diretório, e não individualmente por qualquer figura, muito menos pela minha.


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