25/04/2024 - Edição 540

Entrevista

Bolsonaro nos levou ao fundo do poço, diz ex-vice-presidente do Banco Mundial

Publicado em 26/07/2021 12:00 -

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O jornal britânico Financial Times, porta-voz da City londrina, publicou em editorial, no dia 14 de julho, que “é hora de os investidores enviarem um sinal de US$ 7 trilhões para Brasília de que, a menos que o desmatamento diminua, eles se desfarão dos seus ativos”. A crítica não é nova. O que a diferencia é vir é de um influente porta-voz da comunidade financeira internacional e refletir o que se verifica nos números sobre investimento externo no Brasil: o País deixou de ser atraente para o capital internacional.

E o motivo tem nome, endereço e CPF, como deixa bem claro o economista Otaviano Canuto, que foi professor na Unicamp e na USP, antes de se mudar para Washington, onde percorreu longa carreira como diretor e vice-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial. Hoje, é pesquisador na Brookings Intitution e no Center for the New South e ocasionalmente presta consultoria a investidores, não apenas sobre o Brasil, mas economias emergentes em geral, em particular a China.

 

Como você, que há 17 anos convive com especialistas, autoridades e investidores de todo o mundo, vê a imagem do País hoje?

Bolsonaro conseguiu nos levar ao fundo do poço. Um item óbvio é o descaso e a negligência, para se dizer o mínimo, em relação ao desmatamento da Amazônia. Minha mulher é francesa, então vamos à França pelo menos uma vez por ano, e quando estive lá, antes da Covid, já era questionado sobre a atitude de negligência do governo Bolsonaro em relação à Amazônia, cujo desmatamento pode até já ter chegado a um ponto crítico. Um item muito negativo é a desestruturação da fiscalização do Ministério do Meio Ambiente sob a gestão do ex-ministro Ricardo Salles.

Estou aqui, em Washington, há 17 anos, 15 deles pelas instituições multilaterais, viajei oficialmente pelo mundo inteiro, dando palestras, encontrando pessoas interessadas em saber como o Brasil estava conseguindo, lá na primeira década e meia do milênio, reduzir a pobreza com a macroeconomia ajeitada. Fui convidado a falar no Japão, no Quênia, na França, na Grã-Bretanha, nos países escandinavos, a explicar como é que o Brasil lograra pôr ordem na casa macroeconômica e ao mesmo tempo reduzir a pobreza. Não tínhamos crescimento chinês, mas tínhamos uma boa história para contar.

O presidente e a política não inspiram confiança, pode acontecer qualquer coisa. E isso introduz uma variável de risco grande para aplicação no Brasil

E quando, como foi que essa imagem mudou? 

A imagem muda no período mais recente, quando ao invés dessa boa história, nós temos a Amazônia sendo devastada; um presidente que ao falar e agir no que diz respeito à agenda de direitos humanos e direitos sociais emite sinais contrários, e por último, para completar o quadro, a atitude dele durante a pandemia. Há uma perfeita compreensão mundo afora de que o distanciamento social pode ser feito de maneira estrita, compulsória, como fizeram os asiáticos, ou de forma branda, porém o que importa mesmo é a consciência, a adoção de medidas de distanciamento social de modo voluntário por parte das pessoas.

É claro que o distanciamento é difícil para aquelas pessoas cuja ocupação depende de contato social – e esse é o drama da Covid -, mas para isso existem as transferências de renda, para minorar os efeitos do distanciamento sobre essas pessoas. O fato é que a atitude da população faz enorme diferença. E a atitude da população depende muito da atitude das lideranças políticas. Independentemente do meu gosto, do seu gosto ou do gosto de quem quer que seja, muita gente votou no Bolsonaro, e para essa gente ele é uma referência importante, assim como a primeira ministra da Nova Zelândia assim como o ex-primeiro ministro de Israel Benjamin Netanyahu. No Brasil, a atitude do Bolsonaro influenciou muita gente e por isso mesmo teve responsabilidade na velocidade da contaminação.

Isso para não falar atitude que teve com relação à Pfizer, por razões que agora estamos começando a entender por quê. O fato é que -independentemente de qualquer envolvimento direto ou não do presidente, a atitude do governo brasileiro em relação à Pfizer significou retardar a disponibilidade de vacinas. Portanto, todo mundo vê a responsabilidade que o líder político do Brasil teve nesse caso, e isso faz parte da péssima imagem que o Brasil tem hoje. 

E para o lado do investimento? Tivemos vários sinais de queda do interesse pelo Brasil como país receptor de investimento, principalmente o investimento direto. Tem influência a conduta do governo na queda do interesse do investidor pelo Brasil?

No ano passado, houve uma fuga brutal de capitais em todo o mundo. O ponto marcante foi quando o coronavírus apareceu para valer no Norte da Itália. Aí, o mercado financeiro entendeu que a Covid não era um negócio lá da China e alguns vizinhos; que a epidemia era global, provocando um movimento maciço de busca de refúgio no porto seguro dos títulos do Tesouro americano. Só nas três semanas de março a fuga de capitais para os títulos do Tesouro americano foi o equivalente a 100 bilhões de dólares. Nunca se tinha visto uma fuga tão maciça!

Os investidores tiraram seu dinheiro de ações, títulos de dívida corporativa e aplicações nas economias emergentes. Aí, o Fed [o Federal Reserve System, o banco central dos Estados Unidos], reagiu de forma muito contundente, estendendo o afrouxamento quantitativo para além de emprestar dinheiro para bancos e comprar títulos hipotecários, estendendo linhas de crédito diretas, sem intermediação dos bancos. Essa política, de fato, mudou dramaticamente a percepção de risco, e o dinheiro começou a voltar. Mas retornou de modo diferenciado.

É difícil imaginar que se possa arrastar o país todo, um país com mais de 200 milhões de habitantes apenas com o bom desempenho da agricultura, ou do minério de ferro ou do petróleo

Se você observar, Chile, Colômbia e México, cuja taxa de câmbio sofreu brutal desvalorização, em março, lá pela segunda metade do ano já retornara aos níveis pré-pandemia. O Brasil não. O câmbio, no Brasil, não voltou ao patamar pré-pandemia. Permaneceu acima de 5 reais, 5,50 reais. E não por acaso o retorno de recursos não foi tão rápido quanto nesses emergentes. Se for analisar pelos fundamentos, aquilo que estava determinando o nível de taxa de câmbio pré-pandemia, já era para o dólar estar abaixo de 5 reais. O que deteve em grande parte o retorno dos capitais internacionais não foram os juros domésticos, não foi o fato de que o BC brasileiro baixou os juros e nem a gradual normalização da política monetária – embora o juro real ainda esteja negativo. O motivo é a falta de segurança dos investidores.

No ano passado, muitos receavam que o Brasil fosse entrar numa trajetória fiscal explosiva, depois da pandemia, dada a postura de afrouxamento fiscal e monetário do Brasil. E, neste caso, eu afirmo que foi para o bem. A postura do Brasil foi diferente, por exemplo, do México. O México não teve pacote de ajuda emergencial como no Brasil. O AMLO [o presidente Andrés Manuel López Obrador, comumente tratado pelo acrônimo de seu nome], supostamente de centro-esquerda, resolveu, como se diz por aqui “bite the bullet”, morder a bala. Ele não fez um pacote como nós fizemos no Brasil. Tanto que a queda do PIB do México no ano passado foi o dobro da nossa, 8,5% contra 4,1%. Agora, quando ficou claro no Brasil, na virada deste ano, de que houve uma acomodação das despesas extraordinárias acima do teto de gastos, mas sem colocar em risco toda a estrutura, aí o medo diminuiu um pouco e houve o reingresso do investidor estrangeiro. 

Mas a taxa de câmbio continua em torno de 5 reais. Chegou a ficar abaixo disso por algum tempo em junho, mas já retornou à casa dos 5 reais.

É porque existe essa desconfiança enorme, o ruído é muito grande, o presidente e a política não inspiram confiança, pode acontecer qualquer coisa. E isso introduz uma variável de risco grande para aplicação no Brasil. É bom lembrar, porém, que vinha acontecendo uma reconfiguração no perfil dos ingressos de capital há muito tempo. Não por acaso a presença, hoje, de investidores externos na dívida pública brasileira é bem baixa. De uma maneira ou outra, e por várias razões, a boa notícia é que entramos numa era de juros mais baixos da dívida pública.

A gente viu isso começar em 2015, quando o Brasil perdeu o grau de investimento, e não houve retorno de recursos externos para comprar papel de dívida pública. A expectativa passou a ser o ingresso de capitais para comprar papéis privados na bolsa, títulos de dívida corporativa, ou, eventualmente, investimentos privados em infraestrutura. No entanto, a maior parte disso ainda não se concretizou, ou porque as reformas avançam muito lentamente ou porque esse governo não consegue entregar o que prometeu.

A distância entre o que o Paulo Guedes prometeu na posse e o que entregou é muito grande. Tem uma noticiazinha aqui e ali de que, de fato, voltaram alguns investimentos em saneamento. Todavia, é tudo muito aquém do que seria necessário para que houvesse oportunidade de o capital estrangeiro voltar. Este é um detalhe importante: o que vem, vem com oscilações. Mesmo o dinheiro estrangeiro na B3 é volátil, não representa ainda uma aposta definitiva. 

O investimento direto estrangeiro (IDE) parece que não quer voltar…

No caso do IDE, seu ingresso vai refletir a expectativa de a economia voltar a crescer. Mas ele caiu em todo o mundo. E na região da América Latina caiu em toda parte, refletindo o estado miserável em que entrou a economia dos países latino-americanos. As pessoas adiam decisões de investimentos. As empresas esperam para ver, porque não dá para saber como é que as economias voltarão a crescer, se os mercados crescerão ou não. Assim, enfatizaria a dificuldade que o País está encontrando para apresentar um projeto crível, confiável de crescimento.

É inegável que tivemos o acidente, a sorte do ciclo de preços de commodities, que tem inclusive atraído investimentos externos, só que em áreas correlacionadas, porque a perspectiva de dinamismo melhorou muito, mas não é suficiente para arrastar o resto do País. 

O crescimento puxado pelas commodities não é a nossa história? Estamos fadados a depender de ciclos de commodities

Ser rico em recursos naturais tanto pode ser uma bênção quanto uma maldição. Bênção à medida em que gera renda, traz dinamismo regional e assim por diante. Particularmente, quando a produção de recursos naturais incorpora um conteúdo forte de Ciência e Serviços, como é o caso da agricultura brasileira atual, inclusive suas parcerias público-privadas no desenvolvimento de sementes.

Lembro ter ficado muito impressionado numa visita que fiz acompanhando o presidente do Banco Mundial a uma pequena gleba, no interior de São Paulo, de produção de cana de açúcar. Não era gleba grande, não. O proprietário era um engenheiro, uma pessoa educada, com alta qualificação. Ele contou que naquele pequeno pedaço de terra utilizava 18 tipos diferentes de cana de açúcar – de um total mais de 500 tipos diferentes desenvolvidos pela Embrapa. Tinha a semente apropriada para a área plantada mais próxima do riacho, outra mais adequada para a área mais distante da água, uma terceira para a parte mais inclinada da gleba, uma quarta para uma área com maior irradiação de sol. E o produtor, no laptop dele, planejava o uso de sementes de acordo com a natureza do solo e as propriedades da semente de modo a maximizar a produtividade da fazenda. Ele contou como usava o conhecimento técnico para definir pela meteorologia os melhores momentos de colher, de plantar, e assim por diante.

Quer dizer, o conteúdo de Tecnologia e Ciência, ali embutidos, sem falar dos equipamentos que o fazendeiro dispõe, exerce efeitos à montante e à jusante dessa atividade agrícola. Aquilo é uma bênção; não maldição. Portanto, é bom ter a riqueza natural usada de maneira intensa em conhecimento científico, em conhecimento tecnológico. Assim como a produção de petróleo pela Petrobras em alto mar. Aliás, se fossemos prever a renda per capita brasileira apenas com base nos indicadores de incorporação de Tecnologia e Ciência, a renda média brasileira seria muito mais baixa do que efetivamente é – e isso vale para América Latina como um todo. A América Latina não teria o nível de renda per capita que tem se não fosse a riqueza de recursos naturais.

A Austrália é um país rico, avançado com uma economia baseada em recursos naturais, assim como o Canadá, a Noruega, o Botsuana – que hoje tem um nível de renda per capita mais alto do que o do Brasil. Meu ponto é que esse pré-conceito contra a atividade baseada em recursos naturais é antigo, é atrasado, ultrapassado. É do tempo em que, para nós, o coronel botava o semiescravo para cortar cana na faca. Quem tem essa noção de que a Agricultura é um negócio ruim não percebeu que há mais conteúdo tecnológico da agricultura avançada brasileira de hoje, do que num processo de montagem de rádios lá no Vietnã. 

Agora, é difícil imaginar que se possa arrastar o país todo, um país com mais de 200 milhões de habitantes apenas com o bom desempenho da agricultura, ou do minério de ferro ou do petróleo.

E a indústria?

Seria bom que tivéssemos uma indústria manufatureira melhor do que a que nós temos. O problema é com a indústria manufatureira é que ela também não produz com a mesma qualidade, produtividade e competitividade que outras indústrias manufatureiras. E as críticas que podem ter sido funcionais nos anos 50, até os anos 70, não são mais. O problema é o que fazer com relação à indústria, para não cair no discurso simplório de botar tarifa achando que tarifa vai resolver. Temos uma indústria automobilística densa, integrada, mas por conta de não poder, inclusive, empregar insumos, máquinas e outras tecnologias mais avançadas temos uma indústria automobilística que só consegue ser competitiva na Argentina! Isso se aplica a toda a indústria brasileira protegida. É um erro crasso. Ainda estamos longe de enfrentar esse problema de frente. 

E qual seria o papel do investidor externo no crescimento e no desenvolvimento? Por que é importante atrair o capital externo?

Porque, no fundo, mesmo que a economia brasileira esteja operando em plena capacidade, o volume de recursos financeiramente disponíveis para investimento não será suficiente, será menor do que poderia ser com o complemento do financiamento, do fluxo externo. O problema é que mesmo o investimento gerado pela poupança interna, dada a proporção da renda brasileira que tem que ser consumida, dado o tamanho dos fundos que o capital privado pode aportar, é evidente que tendo o complemento dos recursos poderia ajudar a manter uma taxa de investimento maior do que a temos. Isso vale para o Brasil como vale para o mundo. 

Como você avalia o cenário internacional? A liquidez que inunda os mercados, a trajetória das taxas de juros internacionais, as perspectivas de normalização das políticas monetárias?

Continuamos num mar de liquidez internacional, embora seja uma questão de tempo para os juros aqui, nos EUA, saírem de onde estão. Ninguém tem a expectativa dos juros continuarem negativos na Europa e nos EUA. Mas mesmo com a provável subida dos juros aqui, de 1,2% para 1,8% ano, o patamar continua baixo. A situação de juros reais baixos é uma tendência forte que vem de há três décadas no mundo avançado inteiro.

Há um descompasso entre a disponibilidade de renda financeira e as oportunidades de investimento nos países maduros, de modo que o potencial de fundos disponíveis, particularmente dos investidores institucionais que precisam ter ativos com rendimentos compatíveis com suas obrigações atuariais, o interesse em encontrar outras formas de rendimento bem mais alta do que as taxas dos treasuries, vai continuar por muito. E isso só não se materializa porque os riscos são mais altos. Não é uma coisa simples. Porém, o fato é que juros longos baixos nas economias avançadas permanecerão por bastante tempo. Logo, a busca por rendimentos mais altos, também.

O ciclo de commodities vai perdurar? As perspectivas são de desaceleração da economia na China, o que reduziria seu apetite por commodities. Em compensação, há o New Deal do presidente Joe Biden, com eventual aumento da demanda pelas commodities minerais, por exemplo, o cimento. Como avalia essas expectativas?

No que tange ao pacote de Biden, a questão não é tanto o cimento, e sim como os investimentos verdes, nos EUA e na Europa, afetarão particularmente um subgrupo de commodities, a dos minerais metálicos como lítio, cobre, paládio e terras raras, porque são bons condutores de eletricidade. Se, de fato, vivermos uma evolução em direção a carros elétricos, a demanda pelos metálicos vai crescer brutalmente, enquanto a demanda por derivados de petróleo cairá – felizmente! No caso da agricultura, talvez não um superciclo como foi o do início do milênio, mas uma demanda crescente. 

E a China?

Há uma certa incompreensão a respeito da China. Ela começou um rebalanceamento da sua política econômica no início da década que levaria a um ritmo de crescimento menor. As autoridades chinesas, com receio de uma desaceleração abrupta no início desta década, olharam para o lado enquanto o shadow banking (instituições de crédito semelhantes a bancos, mas fora da estrutura regulatória bancária oficial) financiava projetos de infraestrutura e habitação nas municipalidades, a fim de suavizar a queda do investimento. Mas está voltando ao, por assim dizer, normal, depois da tremenda queda provocada pela pandemia. Só que o crescimento da China já não será de 8% ao ano, e sim de 6% para baixo, provavelmente menos de 6%. 

No que tange a alimentos, os processos de ciclos de commodities não seguem o tempo inteiro na mesma direção. A pesquisa de plantio do Departamento da Agricultura dos EUA mostra que, após três anos de crescimento baixo da produção de milho, soja e outros grãos, devido à guerra do Trump com a China, vai retomar os níveis anteriores. Assim, a partir do próximo ano, é muito provável que os preços agrícolas se estabilizem. Em termos de commodities, qualquer generalização é apressada. Agora, tem essa área dos minerais metálicos em que a tendência é de alta, até porque a oferta tem dificuldade em responder, pois não houve grandes investimentos em novas minas de cobre, por exemplo, desde o começo da década passada. Tem o cinturão do cobre no Congo, mas a produção ali é complicada. Tudo isso feito respeitando a ASG [sigla para Ambiental, Social e Governança, critérios de gestão corporativa].

A aderência a práticas ASG veio mesmo para ficar? Não é um modismo passageiro?

Não, não é um modismo, não! Estou, aliás, escrevendo um artigo sobre o crescimento enorme, fantástico dos fundos ASG, do ano passado para cá. Os fundos que estão crescendo na margem são os fundos ASG. Isso veio para ficar, enquanto a gente queima a Amazônia e o Pantanal. E vamos pagar o preço, porque os europeus com a tributação do carbono, vão sobretaxar produtos agrícolas importados que não respeitem o meio ambiente. O problema da Amazônia, além de tudo, é um tiro no nosso próprio pé. Carlos Nobre assim como o ambientalista Thomas Lovejoy, que eu conheço aqui há uns 20 anos, sempre tiveram medo de que o grau de desmatamento na Amazônia pudesse chegar num ponto em que o regime de chuvas fosse mudar. A peculiaridade da Amazônia, que a diferencia de outras florestas do mundo, é que a chuva que ela libera não vai para o oceano, ela vai para os Andes e desce para o sul do país. Se isso desaparecer, aí acabou a agricultura no resto do Brasil. Acabou o Brasil! A dúvida é que não há um conhecimento modelístico para saber qual é o ponto sem retorno. Mas o risco está aí. O País como um todo, ao deixar ocorrer esse desmatamento, está colocando risco a sua própria existência.


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