20/04/2024 - Edição 540

Ponte Aérea

Liberdade x Big Techs

Publicado em 07/07/2021 12:00 - Raphael Tsavkko Garcia

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"Está claro que as pessoas não se tornaram piores ou mais sensíveis às teorias conspiratórias por culpa das redes sociais. Rumores absurdos surgiram ao longo de toda a história. Houve muitos genocídios antes que a internet existisse, não? Nem no Holocausto judaico, nem no genocídio armênio nem nos massacres de Ruanda existia a internet. Muitos não querem ver, mas já éramos muito maus antes que a internet existisse, pode acreditar."

Excelente – pena que curta – entrevista com o Pierre Levy no El País – https://is.gd/I8qpcl.

"A propaganda e a manipulação sempre existiram. Os serviços secretos das grandes potências já os puseram para funcionar antes e depois da guerra, a única diferença é que hoje são usados novos instrumentos. Mas o princípio é exatamente o mesmo: dividir o adversário, usar imagens de forte ingrediente emocional etc."

Eu debateria a ideia de que a única diferença "é que hoje são usados novos instrumentos." São novos, mas o alcance é algo nunca visto antes. A capacidade de todos serem produtores de desinformação e a possibilidade de penetração e espalhamento é unprecedented.

E vejam só, eu escrevi algo parecido com o destaque (imagem) na Newsweek sobre o poder excessivo das big tech. Lá, pergunto: "Should Facebook be a gatekeeper of democracy and freedom of speech?" Vale para Twitter, Google, etc.

E, como o mestre, compartilho de seu pessimismo em relação à regulação diante do poder das big tech – Estado-plataformas (nome excelente, aliás).

FASCISTA

"Por meio de uma carta, assinada por 230 profissionais e intelectuais judeus, o presidente é apontado no texto com "fortes inclinações nazistas e fascistas’". "É preciso chamar as coisas pelo nome", diz o documento."

AQUI

E bem antes disso, no começo do ano passado, eu já havia escrito sobre o tema pro The Forward.

"Even before his election, Brazilian president Jair Bolsonaro inspired theories and debates about the best way to categorize his extreme-right ideology. There were no shortage of experts who openly calledhim a fascist. Since the Covid-19 pandemic, there are those who think he has gone even further."

AQUI

E um ano antes, em 2019, eu já tinha também tratado do tema em um artigo pro Jewish Currents.

"Bolsonaro’s political trajectory is marked by his proximity to fascist and neo-Nazi groups. In 2011, when he began to gain national fame by appearing in several sensationalist television programs preaching hatred against minorities, Bolsonaro—who made his political career in the state of Rio de Janeiro—was honored by a small group of supporters on the main avenue of São Paulo. The group was mainly composed of members of Carecas do ABC (ABC skinheads) and a series of small and violent neo-Nazi groups, such as the Kombat RAC (Rock Against Communism), Ultra Defesa (Ultra Defense), and União Nacionalista (Nationalist Union). The demonstration had been convened on Stormfront, the internationally influential online white power forum."

CENTRÃO E ESQUERDA

"Centrão não vai se comover só com a esquerda nas ruas"

É o Cláudio Gonçalves Couto dizendo o óbvio – e necessário.

Como eu tenho repetido, a estratégia do Lula é afastar o povo das ruas pra não facilitar o impeachment. PCO é a massa de manobra. Explico:

O PCO é o braço violento do PT. Faz o jogo sujo do Lulismo deixando o PT livre pra ser "diferente", "conciliador". Isso é Lulismo puro. E não existe hoje partido mais lulista que o PCO. Nem a Gleisi é capaz do fanatismo ao melhor estilo seita da família Pimenta.

E como o Lula se opõe ao impeachment, usa o PCO pra tentar deslegitimar os protestos e enfraquecer a pauta enquanto finge que apoia.

Galera de esquerda que conhece o PCO (e o PT) simplesmente fingindo não enxergar o óbvio e histórico é algo vergonhoso. Ou esquecendo do "segundo turno ideal" e de como o PT fez campanhas sujas pra garantir sua hegemonia e colocar Bolsonaro no segundo turno, achando que venceriam facilmente. A história se repete.

Quem fecha os olhos joga o jogo do Lula, aquele em que só importa se ele vencer – e todos nós perdemos. Não tem novidade alguma. Nas palavras da filósofa Dilma Rousseff: "Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder."

É aquilo, você chegar na urna, segundo turno, Bolsonaro contra qualquer coisa, mesmo o Lula, não tem nem o que pensar, é voto contra Bolsonaro.

Mas 2021 e você acreditando na santidade (ou nas boas intenções) do Lula e etc é atestado de indigência mental gravíssima.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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