20/04/2024 - Edição 540

Conexão Brasília

Bolsonaro sem tempo, sem cabeça, atropelado. Lula fazendo tudo direitinho

Publicado em 25/06/2021 12:00 - Rafael Paredes

Clique aqui e contribua para um jornalismo livre e financiado pelos seus próprios leitores.

A estratégia do presidente Jair Bolsonaro de não priorizar alianças com pré-candidatos aos governos estaduais está certa se a lógica for do passado, mas está errada se a lógica for do futuro. Ao retardar a filiação a um partido, não tratar de alianças partidárias e dinamitar pontes com governadores antigos aliados, Bolsonaro se alicerça na memória de que não precisou de nada disso para se eleger em 2018, mas 2022 é bem diferente.

Alianças regionais são importante porque é a estrutura dos candidatos estaduais que leva o santinho com a foto, imagem, número e nome do candidato a presidente até à casa da dona  Maria. A aposentada é moradora de uma cidadezinha de 5 mil habitantes, que está cansada de redes sociais e, em 2020, votou de forma bem tradicional e sem ousadia nas eleições municipais.

Mesmo se quisesse se dedicar estrategicamente a montar palanques estaduais para a sua reeleição, hoje Bolsonaro está sem cabeça para isso. A descoberta de possíveis irregularidades na intenção de compra da vacina indiana Covaxin macula o já claudicante discurso de combate à corrupção do Governo Federal.

O caso está sendo amplamente explorado pela mídia e por setores da oposição, que veem na Covaxim o Fiat Elba ou as pedalas fiscais de Bolsonaro. Oposição e imprensa não escondem que estão ávidos pelo impeachment do presidente. Aqui não se faz juízo de valor das intenções de ninguém.

Colaborando com o objetivo da oposição existe a sempre desastrada gestão de crise do Governo. No dia em que a imprensa publica que um servidor do Ministério da Saúde havia levado as suspeitas de irregularidades ao presidente da República, o ministro da Secretaria de Governo, Onyx Lorenzoni, é escalado para anunciar a investigação do servidor e não da denúncia. Tudo errado. Joga a crise no colo do presidente.

Enquanto isso, o ex-presidente Lula nada de braçada, come por dentro o PSB filiando o deputado Marcelo Freixo (ex-PSOL/RJ) e o governador Flávio Dino (ex-PC do B/MA) no partido. Freixo lidera as pesquisas para o governo do Rio de Janeiro e tenta atrair o PSD de Gilberto Kassab para seu espectro. Flávio Dino é forte candidato ao senado pelo Maranhão e ambos são fiéis escudeiros do projeto do petista.

O PSB, ao tentar amarrar o apoio do PSD ao seu candidato no Rio, oferece em troca apoiar o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, do PSD, ao governo de Minas Gerais. Dessa forma, os Socialistas estruturam palanques para Lula no segundo (MG) e no terceiro (RJ) colégios eleitorais do país. Os dois no Sudeste. No Nordeste, Lula está fortemente consolidado…

A figura de Lula é densa e atrai a mídia naturalmente. Na semana passada, o ex-presidente teve um simples almoço com o bispo da igreja Assembleia de Deus, Manoel Ferreira. Pronto, já rendeu holofotes em todos os jornais. Na definição de seu eterno rival e hoje próximo FHC, “Lula é um animal político”. Bolsonaro hoje é um animal enjaulado em um cercadinho radical.

Leia outros artigos da coluna: Conexão Brasília

Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


Voltar


Comente sobre essa publicação...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *