25/04/2024 - Edição 540

Poder

Presidente do Senado diz ser possível aprovar voto impresso para eleições de 2022

Publicado em 18/06/2021 12:00 -

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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), admitiu aprovar a proposta do voto impresso se houver viabilidade técnica.

Conforme o Estadão revelou, a medida tem maioria para avançar na comissão especial que discute o tema na Câmara. Aliados do presidente Jair Bolsonaro se juntaram a outros partidos para instituir um sistema de voto impresso na urna eletrônica em 2022.

Em entrevista ao site Jota, Pacheco deixou claro que confia no atual sistema eleitoral no Brasil, mas admitiu a possibilidade de aprovar a Proposta de Emenda à Constituição em tramitação na Câmara para eliminar dúvidas sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas.

“Se há senadores e deputados sustentando isso e se houver viabilidade técnica e operacional para uma implantação dessa natureza que dê maior confiabilidade ao sistema de escolha de candidatos, é perfeitamente possível nós admitirmos”, disse.

Comportamento de Bolsonaro

Na entrevista, Rodrigo Pacheco disse não concordar com o desrespeito às normas sanitárias ao falar sobre o comportamento do presidente Jair Bolsonaro na pandemia de Covid-19.

Por outro lado, o senador avaliou como positiva a participação do chefe do Planalto no comitê criado para coordenar as ações de enfrentamento à doença. A declaração foi dada ao site após Bolsonaro promover mais um evento com aglomeração, desta vez em São Paulo, no fim de semana.

“Se cada qual age, sob o ponto de vista pessoal, usando máscara ou não, essa é uma coisa que é pessoal. Obviamente, eu não concordo com quem não usa máscara, com quem aglomera. Evidentemente, eu acho que essas não são posturas adequadas para absolutamente ninguém no Brasil”, disse Pacheco, ponderando que o diálogo entre os Poderes tem sido “bom”.

“A existência desse comitê, eu considero que é fundamental para se ter essa instância de diálogo no Brasil, senão poderíamos ter momentos piores do que tivemos na pandemia.”

Plano antidemocrático

Diante da iminência de Bolsonaro conseguir retroceder ao voto impresso para provocar o caos nas eleições, denunciar fraudes e dar o seu golpe anunciado, eu já resgatei minha velha máquina de escrever, espanei a poeira e vou dar um trato nela.

Pena que não tenho mais minha TV em branco e preto, o rádio de pilha, o tenis ki-chute, uma garrafa de Grapete, as calças "boca de sino" e a japona azul-marinho, as coleções das revistas O Cruzeiro e Realidade e dos velhos discos de Roberto Carlos em 78 rotações, a Vemaguet marrom da minha mãe e minha primeira carteirinha de repórter da Gazeta de Santo Amaro.

Preciso me preparar para os novos velhos tempos que tentam reviver o Brasil de 1964, quando ainda se votava com cédulas de papel, e depois ficamos duas décadas sem ter eleição nenhuma para presidente.

Agora, em lugar dos generais, temos um capitão, que quer se vingar deles, e do resto do mundo, que lhe foi hostil esses anos todos.

Bolsonaro nunca escondeu que é um militar saudoso dos tempos da ditadura – embora tenha sido ejetado do Exército aos 33 anos -, dos tempos da censura e das torturas, comandadas pelo seu grande ídolo Brilhante Ustra.

Depois de passar boa parte do seu mandato de presidente regulamentando o uso de cadeirinhas de bebê nos carros, radares nas estradas, a posse e o porte de armas e munições, receitando cloroquina e procurando comunistas dentro do armário, ele cismou que quer porque quer a volta do voto impresso, porque "não dá para confiar nas urnas eletrônicas", implantadas há 25 anos, sem nunca ter havido uma única denúncia comprovada de fraude.

Será por quê?

Em se tratando de Bolsonaro, nunca dá para saber o que se passa pela sua cabeça baldia, mas desconfio que se trata apenas de mais uma provocação, para ocupar espaço na mídia, todo mundo ficar discutindo as bobagens que ele faz e diz, depois desmentir tudo, gritar "fogo!", e sair correndo.

Nosso presidente da República (!) é acima de tudo e, antes de mais nada, um provocador. Nasceu para ser do contra, nem que seja contra o seu próprio governo.

Nesta sexta-feira, sem ter mais o que fazer, além de pensar na campanha pela reeleição, ele resolveu dar um pulo até Vitória, no Espirito Santo, só para entregar um conjunto habitacional.

Com tempo sobrando, cismou de entrar num avião comercial da Azul estacionado no aeroporto, para testar sua popularidade, e se deu mal.

Passageiros da frente do avião entoaram a tradicional saudação ao "Mito!" e logo sacaram os celulares para tirar selfies, mas a turma do fundão respondeu com gritos de "Genocida!" e "Fora Bolsonaro!".

"Quem fala `Fora Bolsonaro´ deveria estar viajando de jegue, não de avião. Para ser solidário com o candidato deles…", reagiu o capitão, bem ao seu estilo.

Nesta hora, ele se traiu, ao mostrar o motivo da sua ira.

Jegue, como se sabe, é um popular meio de transporte de passageiros e cargas no sertão nordestino, tradicional reduto eleitoral do "candidato deles".

Em queda constante nas pesquisas, está ficando cada vez mais distante o sonho da reeleição, com o ex-presidente Lula aumentando a vantagem sobre ele, tanto no primeiro como no segundo turno.

Esse pode ser outro motivo para a sua insistência em voltar no tempo para implantar o voto impresso em 2022.

Desde que Lula readquiriu seus direitos políticos para poder se candidatar, Bolsonaro voltou a falar em fraudes nas eleições e, para evitá-las, quer uma "auditagem dos votos no papel".

Acontece que os votos já podem ser auditados nas urnas eletrônicas e a operação para imprimir os votos não é tão simples assim, além de custar caro.

Dá para imaginar o quiproquó que vai dar nas áreas dominadas pelas milícias ou pelos coronéis do "voto de cabresto" numa eleição para presidente, governadores e deputados.

Se Bolsonaro vencer, tudo bem, não se fala mais em fraudes. Mas, se o sistema do voto impresso não for implantado, e ele perder, aí vai querer melar as eleições.

É tudo o que o capitão quer. Por várias vezes, já repetiu que Lula só vence se a eleição for fraudada.

Assim, ele vai criando o clima para melar o jogo e atiçar seus seguidores contra a Justiça Eleitoral, ocupar o Congresso, como fez Trump, e chamar um cabo e dois soldados para fechar o STF.

Quem sobreviver até lá, verá.


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