28/03/2024 - Edição 540

Poder

Bolsonaro adverte que a eleição de 2022 será também para o STF

Publicado em 18/06/2021 12:00 -

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Em suas falas ao vivo das quintas-feiras no Facebook, o presidente Jair Bolsonaro costuma esconder a verdade que orienta os seus passos e dedica-se a disseminar o que gostaria de fato ver repetido por seus devotos e adversários. Mas ontem (17) não foi só assim.

A certa altura, depois de ter defendido projeto que tramita no Congresso e que promove o retorno do voto em cédula, e de ter atacado o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, que é contra isso, Bolsonaro ousou ir além.

Escapou-lhe dizer, embora não se descarte que o fez de propósito, que a eleição do ano que vem não se limitará a renovar os mandatos de presidente, governadores, senadores e deputados, mas também a composição da mais alta Corte de Justiça do país.

Não poderia ter sido mais claro e direto:

“A próxima eleição não é só de presidente, governador, senador e deputado, é também para o Supremo Tribunal Federal. Quem ganhar, no segundo semestre de 2023 indica dois ministros. Se eu me eleger, indicarei quatro. Não é maioria. Mas decide muito porque lá também tem negociação. Não é só no Congresso que tem. Se a gente indicar quatro, muda o perfil do Supremo”.

Em setembro do ano passado, Bolsonaro indicou Nunes Marques para substituir Celso de Mello, que se aposentou ao completar 75 anos de idade. Agora, em agosto, indicará o substituto do ministro Marco Aurélio Mello, que também se aposentará.

Em 2023, mais dois dos atuais ministros irão para casa – Rosa Weber e Ricardo Lewandowski. Caberá ao presidente da República indicar seus sucessores. Com quatro ministros para chamar de seus de um total de 11, a influência do presidente, ali, será brutal.

Tanto mais se esse presidente for Bolsonaro, que não se acanha em pressionar juízes e que já controla sem pudor órgãos como a Receita Federal, a Polícia Federal, a Agência Brasileira de Inteligência e a Procuradoria-Geral da República.

Ministro de estimação

O Zero Um do presidente da República, senador Flávio Bolsonaro (PATRIOTA-RJ), ainda não dá por perdido seu empenho para emplacar como ministro do Supremo Tribunal Federal o presidente do Superior Tribunal de Justiça, Humberto Martins.

Flávio esteve por trás da indicação de Nunes Marques para a vaga aberta no Supremo com a aposentadoria do ministro Celso de Mello, em setembro último. Martins é seu candidato à vaga que se abrirá até julho com a aposentadoria de Marco Aurélio Mello.

Seu pai já lhe disse que, salvo algum imprevisto, a vaga será de André Mendonça, terrivelmente evangélico, ex-ministro da Justiça e, no momento, Advogado-Geral da União. Michelle Bolsonaro, a primeira-dama, apoia Mendonça. Silas Malafaia, pastor, também.

Luiz Fux, presidente do Supremo, preferia que fosse um ministro do Superior Tribunal. O ministro Gilmar Mendes abrandou sua resistência ao nome de Mendonça. Os demais ministros do Supremo observam tudo à distância, embora não indiferentes.

O Centrão, sigla que batiza os partidos mais fisiológicos do Congresso, ainda faz restrições a Mendonça, mas nada que o impeça de votar a seu favor em troca de algumas vantagens a mais.


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