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Cultura e Entretenimento

Inhotim lança exposição virtual sobre acervo botânico do instituto

Publicado em 08/06/2021 12:00 -

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Quem visita o Instituto Inhotim pode se aventurar por uma área de 140 hectares de museu a céu aberto, onde, além das obras de arte contemporânea, árvores também são consideradas parte essencial do acervo. Mesmo tendo reaberto suas portas ao público, a instituição ainda organiza esforços para alcançar mais pessoas em meio à pandemia de Covid-19.

Desde o último dia 5, o Inhotim convida pessoas do mundo todo para conhecerem parte do acervo de seu Jardim Botânico na mostra virtual Do tamboril à braúna: conversas com quem gosta de árvores.

Incorporada ao Google Arts & Culture, a exposição traz algumas das mais de 4,3 mil espécies botânicas raras de todos os continentes que estão preservadas na instituição em Brumadinho, em Minas Gerais. Segundo a página da mostra, um dos objetivos é “reunir saberes de algumas das árvores mais preciosas do acervo botânico do Inhotim, para que, conhecendo mais desses seres majestosos, possamos contribuir com a sua conservação”.

Isso se dá de algumas formas. Uma delas é por meio de trechos sobre a diversidade arbórea narrados por profissionais que trabalham nos jardins do museu. “Nos arredores do Inhotim, encontra-se a Reserva Particular do Patrimônio Natural  (RPPN) do Instituto Inhotim com 250 hectares, que foi criada com o objetivo de preservar um remanescente florestal em uma área cercada por mineradoras ativas”, conta Arthur de Castro, gerente de Jardim Botânico, em um dos áudios.

Do tamboril à braúna, a exposição apresenta a etnobotânica de 13 espécies de árvores, campo de estudo em que são valorizadas as interações entre sociedades humanas e plantas. Por isso, na mostra, foram resgatados os usos de cada uma das árvores por diferentes povos — desde tradicionais, como os indígenas, até os contemporâneos.

O fruto do urucum, por exemplo, além de ser utilizado como tinta para pintar corpos em danças, ritos ou festas de diversos povos, também era passado na pele para proteger contra o sol e insetos. Já o coité, cujo nome significa “vasilha” ou “panela”, tem as cascas de seus frutos utilizadas como tigelas ou colheres. A cabaça do berimbau também costuma ser feita de coité.

De acordo com o curador botânico do instituto, Juliano Borin, a abordagem funciona como uma estratégia para atrair os visitantes e fazê-los perceber a importância das plantas. “[A etnobotânica] é algo muito interessante, que fomos perdendo com o tempo. E aqui no Inhotim a gente tem esse desejo e essa missão de recuperar a informação e disponibilizá-la para o público”, comentou o engenheiro agrônomo em tour virtual proporcionado à imprensa.

A história das mangueiras e a representação das jabuticabeiras nos quintais brasileiros também estão expostas no trabalho do Inhotim. As demais espécies apresentadas são jequitibá, embaúba, cedro, ipê-felpudo, pau-brasil, pau-mulato e jacarandá.

O nome da exposição se deve ao tamboril ser uma das primeiras árvores originais da área central do museu. É considerada uma floresta vertical, com seus troncos abrigando centenas de outras espécies como diversas epífitas. A braúna encerra a exposição com fotos de suas pequenas mudas cultivadas, que dão esperança a uma espécie ameaçada de extinção devido à qualidade da sua madeira.

A conservação das árvores no Inhotim passa pelo Laboratório de Botânica, um banco de sementes que armazena mais de 220 mil exemplares pertencentes a 34 espécies. Algumas delas são submetidas a tratamentos ácidos que simulam o processo natural estimulador da germinação. “A gente quer trazer de volta espécies não convencionais. Elas fazem parte da nossa história, da flora e são importantes inclusive para nossa própria segurança alimentar”, explica Borin. “Não sabemos como a flora inteira vai responder à crise climática, então quanto mais espécies e alternativas botânicas a gente tiver, maior será nossa chance de nos adaptar”, completa o curador.

*Com supervisão de Luiza Monteiro


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