20/04/2024 - Edição 540

Conexão Brasília

O que sobrou para Bolsonaro

Publicado em 02/06/2021 12:00 - Rafael Paredes

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O presidente Jair Bolsonaro deve anunciar sua filiação ao partido Patriotas dentro dos próximos dias. Seu filho e senador Flávio Bolsonaro já migrou para a legenda depois de rápida passagem pelo partido Republicanos, da Igreja Universal do Reino de Deus.

Ambos se elegeram pelo PSL, mas saíram, a começar pelo pai, por desentendimentos com o presidente do partido, deputado federal Luciano Bivar (PE). Bolsonaro já havia namorado com o Patriotas em 2018, por onde iria se candidatar, mas, ao saber que o partido era contra prisão em segunda instância, abandonou a noiva exatamente no dia do casamento, ou seja no evento de filiação. Naquele ano, a agremiação lançou cabo Daciolo para a Presidência da República. Lembram?

O presidente do Patriotas, Adilson Barros é um caça talentos. Em 2014, tentou filiar a ex-ministra Marina Silva em seu partido para concorrer à Presidência. Na época, o Patriotas se chamava PEN, Partido Ecológico Nacional. Marina escolheu concorrer pelo PSB, depois que o seu REDE não foi homologado pelo TSE a tempo.

O presidente Jair Bolsonaro tentou criar seu próprio partido, o Aliança pelo Brasil. Esta tentativa teve baixa adesão e não deu certo. Muitos duvidavam se Bolsonaro queria mesmo criar um partido. Ele é antissistêmico, antipolítica, pula de galho em galho para se eleger e dificilmente haveria de querer ficar preso em um instrumento da democracia representativa que é um partido político.

Bolsonaro, antes de escolher o nanico Patriotas, tentou se filiar a partidos do Centrão, como o Progressistas, por exemplo. Este, mesmo amplamente contemplado com cargos e verbas no Governo Federal, mesmo tendo seus líderes em postos importantes apoiados por Bolsonaro, como é o caso o presidente da Câmara Arthur Lira (AL), não se mostrou muito confortável com a ideia.

Caciques do Progressistas aconselharam o presidente a buscar uma legenda menor, onde ele pudesse ter o comando. Na verdade, esses políticos experientes sabem que se Bolsonaro continuar a derreter nas intenções de votos, o partido pode muito bem pular de barco e manter uma bancada numerosa, com um robusto fundo partidário no futuro.

Outros partidos do Centrão também se negaram a receber Bolsonaro. Sobrou o Patriotas, porque diminuir o partido não vai. O que acontecer com a ex-legenda do cabo Daciolo é lucro… porém, há membros do Patriotas recorrendo à Justiça para impedir a filiação do presidente.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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