20/04/2024 - Edição 540

Ágora Digital

CPI começa a revelar a verdadeira face do bolsonarismo

Publicado em 26/05/2021 12:00 - Victor Barone

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Se o governo Bolsonaro tivesse aceitado de pronto a oferta de vacinas feita pelo Instituto Butantan em outubro do ano passado, o país poderia ter até agora 100 milhões de doses da CoronaVac; mas, como o acordo só foi assinado em janeiro deste ano, foram entregues 47,2 milhões. A informação foi dada pelo diretor do Butantan, Dimas Covas, à CPI: “Em janeiro, os parceiros internacionais, a Sinovac, já tinham outros compromissos. O ambiente internacional era outro, de falta de vacinas. Portanto, ainda era possível o fornecimento de 100 milhões de doses, mas num outro cronograma, não mais até maio. Nós já estávamos falando em agosto e setembro deste ano”, disse ele.

As consequências disso foram rapidamente calculadas pela imprensa: com quase 53 milhões de doses a mais, o país poderia ter ao menos dobrado o número de pessoas com o esquema vacinal completo hoje. Em vez de 21 milhões de pessoas totalmente vacinadas, seriam cerca de 50 milhões. Até 89,7 mil idosos poderiam ter deixado de morrer, segundo uma estimativa do Estadão com base no  Sivep-Gripe, sistema federal que traz registros de internações e óbitos por covid-19 e outras doenças respiratórias. O número é próximo ao calculado pelo epidemiologista Pedro Hallal, da UFPel.

O depoimento de Dimas Covas liga explicitamente o nome de Jair Bolsonaro à falta de vacinas no Brasil e às mortes que resultam disso. De acordo com ele, as ações e declarações do presidente contrárias à CoronaVac inviabilizaram as negociações. Outubro foi o mês em que o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello anunciou a intenção de compra, no que foi imediatamente desautorizado pelo chefe. À Comissão, Pazuello declarou que o episódio do “um manda, outro obedece” não teve efeito nenhum no andamento das tratativas. Mas Dimas afirmou o contrário: embora ele não tenha de fato recebido nenhum ofício cancelando a intenção de compra, na prática, a negociação ficou parada por quase três meses.

Ele acrescentou ainda que só houve movimentação do governo federal, em janeiro, porque outras iniciativas não deram certo: “Houve a tentativa de buscar vacinas na Índia, que não foi bem sucedida, e houve a dificuldade da própria AstraZeneca em fornecer as vacinas e, portanto, naquele momento, a única vacina disponível era a vacina do Butantan”. Se o governo federal não retomasse a conversa, São Paulo e outros estados pretendiam se virar por conta própria: 17 estados já haviam feito termos de intenção de compra.  Com os números de  Covas, fica claro que os efeitos da obstinação política de Bolsonaro em negar a CoronaVac anda vão se estender durante meses.

Por conta da omissão do governo federal, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apresentou um requerimento para que o Ministério da Saúde e a Casa Civil prestem informações sobre o depoimento.

A propósito: Bolsonaro entrou com mais uma ação no STF contra medidas restritivas impostas por estados para controlar a pandemia. Quer derrubar decretos de Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Norte.

CRESCE A INSATISFAÇÃO

Pode ser efeito da CPI, dos quase 460 mil mortos por covid-19, da pobreza, da fome, ou o conjunto de tudo isso, mas o fato é que a rejeição ao governo Bolsonaro está em 59%, segundo a última pesquisa PoderData. Subiu para 57% a proporção dos que são a favor do impeachment, uma taxa que cresceu 11 pontos percentuais nos últimos três meses.

Se o auxílio emergencial salvaguardou a popularidade do presidente no ano passado, o mesmo não parece estar acontecendo agora, quando o valor foi reduzido e há menos gente recebendo. Segundo a mesma pesquisa, 64% dos que receberam o benefício desaprovam o governo. O número cresceu seis pontos percentuais em apenas um mês, e mostra uma reprovação neste grupo ainda maior do que a média da população.

Amanhã (29) vai haver manifestações contra Bolsonaro em pelo menos 85 cidades. O último ano teve as ruas esvaziadas de protestos por conta da pandemia e, com internações, óbitos e novos casos em patamares elevados, a situação exige cautela. Porém, com temos dito reiteradas vezes por aqui, o coronavírus se transmite pelo ar, e o risco em locais abertos é bem menor. Com máscaras bem ajustadas (preferencialmente PFF2) e distanciamento, ele é de fato muito pequeno. A Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares fez um guia de segurança sanitária para manifestantes. Vários coletivos estão se organizando para distribuir máscaras PFF2 durante os atos..

NÃO FOI NADA…

Para salvar Eduardo Pazuello de uma punição, sua defesa decidiu alegar que ele não fez o que todos vimos que fez: participar de um ato político. O general afirmou ter sido convidado por Bolsonaro para um passeio de moto, quando foi surpreendido com um pedido para subir no carro de som…

Em transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro também negou a natureza política da manifestação: “É um encontro que não teve nenhum viés político, até porque eu não estou filiado a partido político nenhum ainda. Foi um movimento pela liberdade, pela democracia e apoio ao presidente”.

UMA ALCUNHA MERECIDA

depoimento de Mayra Pinheiro à CPI da Pandemia girou em torno daquilo que já deveria ser um tema vencido: o uso de hidroxicloroquina contra a covid-19. A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde da pasta foi apontada pelo general Eduardo Pazuello como responsável por sugerir e alavancar o desenvolvimento da plataforma TrateCov, que indicava a prescrição do kit covid até para cães. Esse foi, portanto, um dos pontos de maior discussão. Questionada sobre seu papel nisso, a “Capitã Cloroquina” respondeu que “quem criou a plataforma foram os técnicos da minha secretaria”. Não se perguntou quem aprovou o lançamento.

Ela foi mais longe do que Pazuello ao explicar o caso do “hacker”, e acusou nominalmente o jornalista Rodrigo Menegat de ter “extraído indevidamente” dados da plataforma. Segundo Mayra, ele na verdade “não conseguiu hackear porque o sistema é seguro”, mas fez “simulações completamente indevidas, fora de contexto epidemiológico”. A acusação é uma besteira sem tamanho. O aplicativo ficou disponível no site do Ministério entre os dias 11 e 21 de janeiro, como lembra a ótima checagem do Aos Fatos. Várias pessoas, jornalistas ou não, fizeram simulações jogando na plataforma sintomas diversos e recebendo sempre o mesmo resultado. 

No dia 19, Menegat relatou no Twitter que tinha inspecionado os elementos da plataforma e, analisando sua estrutura, explicou por que o kit covid sempre aparecia no final. Mas isso não é extração indevida de dados, uma vez que a inspeção de elementos está disponível a qualquer pessoa, em praticamente qualquer site, em qualquer navegador de internet. O jornalista pegou essa informação, que era pública, e a arquivou em uma outra plataforma, onde está até hoje.  

O fato é que ela reconheceu não ter havido nenhuma alteração no conteúdo do aplicativo, como havia alegado Pazuello. Ou seja: o TrateCov sempre foi, como o nome indica, um aplicativo destinado a sugerir a prescrição de tratamentos para a covid-19. Tratamentos que não têm eficácia comprovada. E dinheiro público foi usado nisso. “É muito claro que a senhora acredita no que fala, mas só acreditar não transforma isso em verdade. Então eu lamento muito que a política pública de saúde brasileira seja conduzida desta forma”, disse o senador Alessandro Vieira  (Cidadania-SE), numa triste constatação.

Em tempo: sobre sua ida a Manaus – onde o TrateCov foi lançado e o tratamento precoce foi amplamente divulgado –, ela desmetiu Pazuello em relação à crise do oxigênio. De acordo com Mayra, a empresa White Martins, que fornece o insumo, comunicou o problema no dia 8 (e não no dia 10, como diz o ex-ministro).

RECOMENDAR, JAMAIS

Na tentativa de eximir o governo federal de sua responsabilidade na indicação irrestrita do kit covid, Mayra recorreu a uma questão semântica: argumentou que o Ministério nunca “recomendou” o uso desses medicamentos, apenas “orientou”. Vale lembrar que Jair Bolsonaro chegou a prometer um protocolo oficial: “Amanhã cedo, o ministro da Saúde vai assinar o novo protocolo da cloroquina. (…) Esse novo protocolo é a partir dos primeiros sintomas”, disse, em maio de 2020. A questão é que foi impossível publicar um protocolo de fato, pois para isso o documento teria que passar por um rito próprio, e um dos pilares seria a comprovação científica da eficácia das drogas. Um documento de “orientação” foi a solução encontrada pelo governo na época. Mas a verdade é que o próprio Ministério fala em “recomendação” em seus canais oficiais.

Segundo Mayra, o objetivo não era recomendar que as drogas fossem usadas, mas sim informar as dosagens seguras, uma vez que a população já estava procurando o falso tratamento por conta própria. É claro que, em locais onde não se faz propaganda massiva desse uso, ele não é feito… Ao mesmo tempo, porém, ela admitiu ter dito que era “inadmissível” não haver “tratamento precoce” durante a crise em Manaus. 

A discussão científica sobre a hidroxicloroquina, durante a sessão, foi uma perda de tempo. Mayra continuou citando pesquisas mal feitas e os senadores em geral não estavam preparados para se opor da melhor maneira, à exceção de algumas intervenções, como a do senador Otto Allencar (PSD-BA). Rogério Carvalho (PT-SE), por exemplo, a confrontou com um estudo publicado no periódico The Lancet que mostrou aumento da mortalidade de pacientes internados que tomaram cloroquina.

Foi uma péssima escolha, pois essa pesquisa teve vários problemas e gerou até retratação pelo Lancet. Mayra achou espaço para argumentar que a OMS desistiu de continuar pesquisando o efeito dessa droga por conta de tal “estudo fraudulento”, o que teria sido um erro da Organização. Não é verdade: na época, a OMS suspendeu os estudos por precaução, mas voltou logo em seguida. A interrupção definitiva se deu, tempos depois, porque a revisão de todas as evidências apontava para a ausência de benefícios. 

A IMUNIDADE DE REBANHO

A discussão foi mais produtiva quando focou outros aspectos. O relator Renan Calheiros apresentou um vídeo em que Mayra Pinheiro claramente defende a imunidade de rebanho por meio da contaminação: “O que nós criamos, mantendo todas as pessoas em casa naquelas cidades, que até por medidas coercitivas agiram como legisladores em estado de exceção, foi causar mais pânico na sociedade, e nós atrapalhamos a evolução natural da doença naquelas pessoas que seriam assintomáticas, como as crianças, e que a gente teria um efeito rebanho”, dizia ela.

Mayra se defendeu afirmando que sua colocação só valia para as crianças, o que não faz muito sentido, já que, mesmo que esse tipo de defesa fosse ética, seria preciso considerar que crianças não são numericamente suficientes para conferir “efeito rebanho” à população. A secretária deu a entender que não mudou de ideia: segundo ela, a tese da imunidade de rebanho “não pode ser aplicada indistintamente”, mas, “em pequenos grupos populacionais, isso pode ser usado”. Seria interessante ouvi-la explicar com mais detalhes em que grupos, afinal, considera seu uso razoável. 

Além disso, ela declarou que “no contexto atual, nós sabemos que a doença confere uma imunidade mais eficaz do que a vacina que nós estamos utilizando”. Bem similar ao que diz Jair Bolsonaro, quando ele afirma que teve “a melhor vacina, o vírus”. Mayra também reconheceu que não se lembra de ter visto o presidente incentivar em algum momento o isolamento social. 

SECRETÁRIA DE QUÊ?

Cloroquina, aplicativo para tratamento precoce, efeito rebanho… Nada disso está relacionado ao papel que, teoricamente, Mayra Pinheiro exerce no Ministério: o de comandar a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde, responsável por pensar a formação e qualificação dos trabalhadores. 

O relator Renan Calheiros (MDB-AL) mencionou que, segundo a Fundação Getúlio Vargas, 72,6% dos profissionais de saúde não receberam treinamento relacionado à covid-19 até março deste ano; e que uma pesquisa da Fiocruz e outras instituições mostrou que apenas 34% dos profissionais da atenção primária havia recebido treinamentos sobre covid-19 e sobre o uso correto dos equipamentos de proteção individual. Mayra disse que foi oferecido treinamento, mas “ninguém pode obrigar um profissional de saúde a fazer a formação”.

O senador Humberto Costa (PT-PE) foi além, e pediu que ela detalhasse quantos treinamentos foram realizados. Segundo Mayra, foram 14 cursos de manejo clínico na atenção especializada, 21 ações de orientação para população,15 cursos para médicos intensivistas e 16 cursos de orientação para cuidado à saúde mental. “Esses cursos que a senhora fez não fazem nem cócegas na necessidade que nós temos dos profissionais da área da saúde. Os países pobres que conseguiram controlar a pandemia utilizaram a atenção básica como uma área fundamental. O agente de saúde, que vai lá, que faz o teste, que isola as pessoas, que dá orientação… No Brasil, atenção básica no Brasil ficou naquela de ‘fica em casa’. Agente comunitário de saúde no Brasil não foi treinado para trabalhar na pandemia. Os agentes comunitários de saúde no Brasil não receberam suporte desse governo para poder ir, de comunidade em comunidade, fazendo o esclarecimento de como se faria a prevenção. Essa é a realidade do que aconteceu no Brasil. E, no Brasil, nós temos médicos, agentes comunitários, enfermeiros nos mais de 5,5 mil municípios. O que era da sua alçada, infelizmente a senhora não fez; o que não era, a senhora estudou, a senhora chefiou um grupo de médicos para ir para Manaus”, retrucou ele.

O senador também foi muito feliz em fazê-la reconhecer que não tem a menor ideia de quantos profissionais de saúde morreram de covid-19 no Brasil. “Na última atualização, foram mais de 300 profissionais. Eu não tenho o número exato de hoje”, afirmou ela, quando perguntada sobre isso. Era um número completamente fora da realidade: “Até março de 2021, morreram 1.292, sendo 622 médicos 200 enfermeiros e 470 auxiliares técnicos de enfermagem. Até a metade de março deste ano, no site do CFM, já estão registrados 810 óbitos médicos, quer dizer, são 150 a mais, e, no Cofen, 783 [profissionais de enfermagem]. A soma dessas categorias dá 1.593. Só de técnicos de radiologia, morreram 76; e agentes comunitários de saúde morreram mais de 200”, enumerou ele, perguntando em seguida: “E aí eu queria saber: a senhora fez alguma análise comparativa desses números com o resto do mundo, as mortes em outros países?”. A resposta foi não. 

O OBJETO INFLÁVEL

O que mais ganhou fama nas redes sociais foi o áudio, resgatado pelo senador Randolfe Rodrigues ((Rede-AP), em que Mayra Pinheiro fala mal da Fiocruz. A história é antiga, e foi revelada pela revista Piauí no ano passado, quando Mayra e outros bolsonaristas tentavam intervir nas eleições para a presidência da instituição. Mayra reconheceu ser sua a voz em um áudio denunciando que, na Fiocruz, “todos os tapetes das portas são a figura do Che Guevara, as salas têm figurinhas do Lula Livre, Marielle vive” e, o principal, há “um pênis na porta da Fiocruz”.

Em seu depoimento, ela disse que a Fiocruz tem contribuído “agora, no momento que nós vivemos”, para a vacina, mas que na época isso (Che, pênis, Lula) “era uma constatação”. Por aqui, ficamos nos perguntando o que poderia ser o “objeto inflável” reafirmado pela secretária na Comissão. Uma estratégia de campanha sobre câncer de pênis, talvez? Uma internauta parece ter matado a charada (a confirmar):  prevenção ao HIV. 

VOLTINHA DE MOTO

Com sua popularidade à míngua, Jair Bolsonaro tem investido na promoção de aglomerações Brasil afora. Estes dias, atravessou diversos bairros da capital do Rio de Janeiro em uma “motociada”, acompanhado por milhares de pessoas. Desnecessário dizer que nenhuma medida de prevenção contra a covid-19 foi seguida.

Ao parar no Aterro do Flamengo, perto do Centro da Cidade, o presidente fez um pequeno discurso a seus apoiadores. E a seu lado, no palco, estava o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que tentou convencer a CPI da Pandemia de sempre ter sido a favor do uso de proteção facial e distanciamento. Sem máscara, Pazuello sorria, acenava ao público e apoiava Bolsonaro enquanto ele repetia seus bordões: que é contra medidas de isolamento, a favor da liberdade, do direito de ir trabalhar, de ir à igreja…

NOVO ELEMENTO

Senadores da CPI da Pandemia querem convocar Arthur Weintraub, ex-assessor da Presidência da República, para falar do “gabinete paralelo” que, tudo indica, aconselha Jair Bolsonaro na pandemia. Vídeos divulgados pelo portal Metrópoles mostram Weintraub, em discurso e lives nas redes sociais, indicando que pode ter coordenado o tal grupo. Entre outras coisas, diz que estudou artigos científicos sobre a hidroxicloroquina e entrou em contato com médicos que defendiam o tratamento.

DUROU POUCO

E a médica infectologista Luana Araújo, anunciada para chefiar a recém-criada Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, decidiu recuar e não aceitar o cargo. Ela havia se manifestado a favor da vacinação em massa e a medidas restritivas, e contra o “kit covid”. Segundo a Veja, Araújo não aceitou determinações impostas pelo Palácio do Planalto. A CPI também quer convocá-la para ouvir o porquê do recuo.

Por Outra Saúde

PORNÔ

O senador governista Luís Carlos Heinze (PP-RS) reproduziu uma notícia relacionando o coronavírus e uma cientista que, supostamente, seria atriz de filmes adultos. Ao fazer uma das interpelações durante depoimento da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, ele disse que uma atriz estava por trás de estudos para desacreditar o uso de cloroquina no tratamento da Covid-19. A comunidade científica em peso rejeita a ideia.

Logo após, acrescentou: "Uma atriz pornô. Nada contra ela. E a diretora científica era uma escritora de ficção científica."

A princípio, internautas ligaram a citação da atriz à libanesa Mia Khalifa, que estrelou filmes adultos. Não ficou comprovado, no entanto, que seria a atriz a pessoa citada por Heinze em sua fala.

O nome da atriz já circula nas redes sociais desde o início da pandemia, e sua foto ilustraria textos apócrifos e falsos sobre a pandemia. A atriz libanesa já foi utilizada em outro meme, mais antigo, ao ser creditada como uma estudante brasileira que teria vencido um concurso de física nuclear na Rússia.

O senador não voltou a comentar o tema em suas redes sociais, mas os internautas não perdoaram e o assunto permaneceu entre os mais comentados do dia.

SÓ PENSA NAQUILO

Em um áudio apresentado na CPI da Covid, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, criticou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). De acordo com a médica, a Fundação estava mais preocupada em "trabalhar contra todas as políticas que são contrárias à pauta deles de minorias", algo que, na avaliação dela, precisava ser corrigido.

Para justificar, Mayra Pinheiro afirmou que “havia um pênis na porta da Fiocruz”. Ela também alegou a presença de tapetes com a imagem do revolucionário marxista Che Guevara e placas de Marielle Vive, em alusão à presença de funcionários de esquerda.

A gravação da secretária viralizou nas redes sociais, gerando piadas, mas também críticas sobre a forma como o governo conduz as políticas públicas em saúde. A Fiocruz é protagonista nas ações de vacinação no Brasil, sendo responsável pela produção da vacina Oxford/AstraZeneca.

Veja o trecho em que o áudio com as falas da médica é expostos aos senadores.

SORRATEIRO E OPORTUNISTA

CPI da Covid: Omar Aziz chama senador Girão de sorrateiro e oportunista.

MUITA CACHAÇA

O papa Francisco não parecia brincar quando disse a dois padres brasileiros, à saída de uma cerimônia no Vaticano, que “o Brasil não tem salvação, muita cachaça e pouca oração”. Alguns trocaram Brasil por brasileiros, e a mídia em geral tratou o caso como uma brincadeira, que teria arrancado gargalhadas. Foi uma leitura benévola da fala de Francisco, mas talvez não muito correta. Ao cumprimentar fiéis, reunidos na Praça de São Pedro, depois de uma audiência geral, o Papa estava sério quando o padre João Paulo Victor, da diocese de Campina Grande (PB), fez-lhe a súplica:

FORA DO LIMITE

O general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz disse que a versão do ex-ministro Eduardo Pazuello, de que "não foi a um ato político" com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em referência à manifestação com motociclistas, no Rio, sai do "limite do razoável".

SANHA GOLPISTA

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) esteve em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, para inauguração da Ponte Rodrigo Cibele. Ele disse que o Brasil está longe da normalidade e afirmou que conta com militares para preservar a liberdade no país. Bolsonaro costuma dizer que a liberdade está ameaçada no Brasil porque os governadores adotaram medidas de restrição para tentar conter a pandemia de covid-19 no Brasil. Mas dessa vez ele não se aprofundou sobre a crise de saúde no país.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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