18/04/2024 - Edição 540

Poder

Exame/Ideia e Vox Populi apontam vitória de Lula em 2022

Publicado em 21/05/2021 12:00 -

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Não era lá um mistério, claro, mas a possibilidade de Lula não disputar a Presidência da República era algo tratado abertamente até outro dia pelos caciques petistas. O desempenho dele nas pesquisas, dizia essa turma, seria algo a ser levado em conta na decisão de Lula de brigar por um novo mandato no Planalto.

Tudo isso parece ter sido deixado para trás na quinta (20). Em entrevista a um site da França, Lula assumiu textualmente que será candidato ao Planalto para derrotar Jair Bolsonaro. “Serei candidato contra Bolsonaro”, disse Lula.

E as pesquisas dão margem a sua pretensão.

Pesquisa Ideia contratada pela revista Exame divulgada nesta sexta-feira (21) confirma que Lula consolidou a liderança nas pesquisas de intenção de voto para 2022 e venceria Jair Bolsonaro (Sem partido) por 45% a 37% em eventual segundo turno se as eleições presidenciais fossem hoje.

Em relação à pesquisa anterior, divulgada em 23 de abril, Lula cresceu cinco pontos porcentuais, enquanto Bolsonaro oscilou um ponto negativo.

Em janeiro, antes de retomar os direitos políticos, Lula somava 28% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro liderava com 45%. A situação se inverteu um mês depois do petista retomar seus direitos políticos.

“O grande destaque é que a gente percebe a irritação da classe média com o governo Bolsonaro. Ele perdeu popularidade nas classes A e B, com reflexo nas intenções de voto. Com isso, fica sempre a lição quando se trata de intenção de voto: quem está em reeleição segue como protagonista, mas a variável principal para uma queda ou uma retomada de preferência é a popularidade do presidente”, avalia Mauricio Moura, , fundador do Ideia, que realizou a pesquisa

Vox Populi: Lula vence Bolsonaro no primeiro turno

Outra pesquisa, esta feita pelo Instituto Vox Populi, confirma Lula como favorito para vencer as eleições presidenciais de 2022 no primeiro turno.O Vox Populi fez levantamento espontâneo e estimulado. A pergunta foi: “Embora as eleições para presidente ainda estejam longe, se a eleição fosse hoje, em quem você votaria?”.

Na pesquisa estimulada, Lula vence com 43%. O presidente Jair Bolsonaro atinge 24%. Mais distante aparecem Luciano Huck (8%) e Ciro Gomes (5%). Nesse caso, a soma de índice dos outros candidatos não chega ao número de Lula.

No caso da escolha espontânea, Lula aparece com 33%; Jair Bolsonaro, com 19%; e Ciro Gomes, com 2%.

No segundo turno, diante de cenários contra Bolsonaro, Ciro Gomes (PDT) e João Doria (PSDB), o petista também leva vantagem.

Contra o atual presidente, Lula tem 55% das intenções enquanto Bolsonaro fica com 28%. Ninguém/branco/nulo são 14% e 3% não sabem. Com Ciro Gomes, a vantagem é de 52% contra 19%. E diante de Doria, a vitória seria mais tranquila: 56% contra 14%. Nesse caso, o governador paulista tem menos intenções do que a categoria ninguém/branco/nulo (27%).

A amostra nacional é de 2 mil entrevistas, aplicadas em 119 municípios, com estratificação por cotas de sexo, idade, escolaridade e renda. A margem de erro é de 2,2%, estimada em um intervalo de confiança de 95%.

A pesquisa da Vox Populi foi feita entre 12 e 16 de maio, de forma quantitativa, com entrevistas pessoais e domiciliares, e com o uso de tablets. A entrevista ocorreu com brasileiros com 16 anos ou mais, residente em áreas urbanas e rurais, de todos os estados e do Distrito Federal, em capitais, regiões metropolitanas e no interior, de todos os estratos socioeconômicos.

Ciro arrisca-se a morrer pela boca como fez em outras eleições

Da primeira vez que foi candidato a presidente da República, em 1998, Ciro Gomes, em resposta à pergunta de um eleitor durante entrevista a uma emissora de rádio de Salvador, chamou-o de burro. O episódio custou-lhe muitos pontos nas pesquisas de intenção de voto. Teve 11% e ficou em 3º lugar no primeiro turno.

Quatro anos depois, candidato outra vez, disse em uma entrevista à imprensa que a sua mulher à época, a atriz Patrícia Pilar, servia para dormir com ele. Foi um desastre de grande repercussão. Em ascensão nas pesquisas de intenção de voto, começou a cair depois disso. Ficou em quarto lugar, com 12% dos votos.

Em 2018, em sua terceira tentativa de se eleger presidente, Ciro chamou o vereador Fernando Holiday (DEM-SP) de “capitãozinho do mato”, e de “filho da puta” o integrante do Ministério Público que quis processá-lo por injúria racial. Teve 12,5%, e novamente ficou fora do segundo turno.

A um ano e 19 semanas da quarta eleição presidencial que disputará, Ciro não se conteve e já partiu para cima daquele que elegeu como seu principal adversário – Lula. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, ele disse:

Vamos derrotar Bolsonaro e vou propor mudança. Lula é parte central da corrupção. Lula é o maior corrupto da história moderna brasileira. E não aprendeu nada. Fica na lambança, prometendo a volta de um passado idílico que é mentira.”

O marqueteiro da campanha de Ciro, João Santana, havia dito a ele que seria bom marcar distância de Lula, mas não nesses termos. Ciro, porém, não resiste à tentação de provocar seus desafetos. O Google está repleto de vídeos onde ele dispara desaforos e se vale de palavrões. É uma boca suja.

Carlos Lupi, presidente do PDT, ex-ministro do governo Lula, assim como Ciro, apressou-se a corrigir o seu candidato: “Continuo achando que o cenário da disputa presidencial será entre Ciro e Lula no segundo turno. Mas, antes, temos que vencer o inimigo da nação, que é o presidente Bolsonaro”.

Para Lupi, as diferenças em relação ao PT devem ser mostradas “de forma pontual”, com foco no projeto econômico para o país. “O PT e Lula aumentaram a concentração de renda e apostaram no rentismo. Eles têm um projeto de poder e nós temos um projeto de nação. Pode até fazer crítica agora, mas deve ser pontual”.

Pesquisa Datafolha aplicada na semana passada mostrou Lula com 41% das intenções de voto, contra Bolsonaro com 23%, e Ciro com 6%. Tirar Lula de um eventual segundo turno será uma tarefa quase impossível para Ciro, que tenta atrair os votos da centro-direita. Seu adversário de fato é Bolsonaro.


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