Saúde
Publicado em 14/05/2021 12:00 -
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Logo no início da pandemia de Covid-19, a neurologista Sherry Chou, da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, notou que muitas das pessoas que estavam doentes a ponto de serem hospitalizadas desenvolviam problemas neurológicos. Agora, Chou tem um número que ilustra o quão frequente é esse cenário: 82%.
De acordo com um estudo publicado no último dia 11 no periódico JAMA Network Open, 82% de 3.744 pacientes hospitalizados em decorrência da infecção pelo Sars-CoV-2 apresentaram algum tipo de manifestação neurológica.
Utilizando dados coletados de março a setembro de 2020, a pesquisa analisou participantes dos Estados Unidos, da Ásia, da África e da Europa. Os sintomas mais comuns são dor de cabeça (37%) e anosmia ou ageusia (26%) — que são, respectivamente, a perda do olfato e do paladar.
No topo da lista de síndromes neurológicas mais frequentes, está a encefalopatia aguda (49%), seguida do coma (17%) e do derrame (6%). “Os pacientes com encefalopatia aguda podem estar em um estado sensorial alterado ou ter problemas de consciência, ou então eles não se sentem como eles próprios e ficam confusos, delirantes ou agitados”, explica Chou em nota.
Apesar das preocupações iniciais quanto ao impacto do coronavírus ao cérebro, menos de 1% dos indivíduos hospitalizados tiveram meningite ou encefalite.
O estudo também descobriu que ter alguma condição neurológica preexistente — como Alzheimer, demência, enxaqueca crônica e doenças ligadas ao cérebro, à medula espinhal e aos nervos — é um fator que pode dobrar o risco do paciente desenvolver complicações neurológicas relacionado ao coronavírus.
Além disso, apresentar qualquer sintoma neurológico — desde perda de paladar até derrames — foi associado a um risco seis vezes maior de óbito na pesquisa, que faz parte do Estudo do Consórcio Global de Disfunção Neurológica em Covid-19 (GCS-NeuroCOVID).
E, mesmo no caso dos pacientes que se recuperaram da doença, a pesquisadora Chou afirma que é necessário cuidar da saúde a longo prazo. “Mesmo que a pandemia seja completamente erradicada, estamos falando de milhões de sobreviventes que precisam da nossa ajuda”, diz. “É importante descobrir quais sintomas e problemas eles estão enfrentando”, finaliza.
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