25/04/2024 - Edição 540

Meia Pala Bas

O medo e os robôs

Publicado em 16/01/2015 12:00 - Rodrigo Amém

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Stephen Hawking, uma das mais expressivas mentes da ciência contemporânea, está preocupado. Em uma recente entrevista, ele afirmou que “o completo desenvolvimento da inteligência artificial pode significar o fim da raça humana”. De acordo com Hawking, "Quando a inteligência artificial for completamente desenvolvida pelos seres humanos, ela pode progredir por si mesma, e se redesenhar a um ritmo cada vez maior." Para o físico, os humanos não poderão competir e serão substituídos.

Atenção para a frase mais pretensiosa da minha carreira: Stephen Hawking está errado.

Os cérebros eletrônicos, uma vez colocados em movimento, serão poderosos e imbatíveis. Mas, por definição, serão lógicos.  

Robô nenhum mataria para defender a reputação de um deus.

Não corremos o risco de extinção em massa porque computadores elaboram suas conclusões a partir de dados, não de preconceitos. E uma conclusão generalista que leve ao extermínio de toda uma espécie é tão logicamente equivocada que só pode ser fruto do simplismo de uma mente humana.  

Computador nenhum negaria serviço a um ser humano por causa da cor da sua pele. Não haveria um só caso de mentes eletrônicas pagando salários diferentes para homens e mulheres pelo mesmo trabalho realizado.

Não acredito em um só caso de inteligência artificial queimando mendigos por diversão nas ruas de Brasília. Aposto na incidência zero de computadores homofóbicos.

Uma vez exposto ao dado o valor de cada vida, computador nenhum faria malabarismos intelectuais para justificar genocídios. Uma máquina jamais atribuiria a causa de um estupro às roupas da vítima.

Robô nenhum mataria para defender a reputação de um deus.

Eu não tenho medo da inteligência artificial. O que me apavora é ignorância natural.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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