Conexão Brasília
Publicado em 13/05/2021 12:00 - Rafael Paredes
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Brasília, Salão Verde da Câmara dos Deputados, 18 horas. Nas redes sociais, já começam a serem publicados prints do resultado da mais recente pesquisa eleitoral realizada pelo instituto Datafolha: O ex-presidente Lula venceria o presidente Jair Bolsonaro com folga no segundo turno: 55% a 32%.
Pesquisas internas de empresas de consultoria e de partidos políticos já apontavam para essa grande diferença percentual entre Lula e Bolsonaro. Esses números são semelhantes a pesquisas realizadas em 2018, antes de Lula ser impedido de concorrer a eleição. As pesquisas do final de semana da revista Veja e do jornal El País trouxeram dados diferentes, com o atual presidente na dianteira, competitivo e com uma popularidade resiliente.
Imediatamente à divulgação da pesquisa pelo Datafolha, o zunzunzum entre os parlamentares no Salão Verde já começara. Diversos pequenos grupos de deputados, divididos em diferentes partidos, ora paravam para conversar, ora seguiam andando. A conversa era a mesma: o resultado da pesquisa. “41% já no primeiro turno é muita coisa”, comentava um deputado do Centrão sobre o desempenho do ex-presidente.
Quando Lula recuperou os direitos políticos no mês passado, houve um grande impacto no cenário político eleitoral para 2022. Aumentou a polarização, pré-candidatos do chamado Centro repensaram suas estratégias e formou-se uma grande expectativa quanto ao desempenho de Lula.
O governador de São Paulo, João Dória, cogita tentar a reeleição; Luciano Huck avalia continuar apresentador de TV, agora aos domingos no lugar do Faustão; Ciro Gomes intensifica as movimentações porque consegue enxergar algumas brechas.
Com a nova pesquisa, dois cenários são previsíveis. Como diria a jornalista do Valor, Maria Cristina Fernandes, o Centrão não é apoiador de Bolsonaro, mas sócio. Esse conglomerado de partidos fisiológicos ocupam o governo para terem seus interesses atendidos, porém, são pragmáticos. Fazem prognósticos de quem vai vencer lá na frente e cobram caro de um governo fragilizado, impopular e rejeitado.
Outro cenário já começou: a radicalização. O governo tem essas informações eleitorais e já começou a alimentar as bases mais radicais. Em uma semana, o presidente especula a possibilidade do coronavírus fazer parte de uma estratégia de guerra biológica chinesa; na outra, seu filho senador chama de vagabundo Renan Calheiros, relator da CPI da Covid. Tudo isso é material de campanha para chegar ao segundo turno. O passaporte de Bolsonaro são os radicais.
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