28/03/2024 - Edição 540

Brasil

1 em cada 4 mulheres já foi agredida no Brasil por parceiro, diz OMS

Publicado em 11/03/2021 12:00 -

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23% das mulheres brasileiras entre 15 e 49 anos foram vítimas de violência cometida por seus próprios parceiros em algum momento de suas vidas e, nos últimos doze meses, 6% delas sofreram uma agressão. Os dados estão sendo publicados nesta terça-feira pela Organização Mundial da Saúde e pelas principais entidades internacional, no que é considerado como o maior mapeamento da violência contra a mulher no mundo.

No total, um total de 736 milhões de mulheres foram vítimas de agressões físicas ou sexuais ao longo de suas vidas, seja por parceiros ou outras pessoas. Isso significa que, de cada três mulheres no mundo, uma já foi agredida.

Os dados também revelam que, entre as meninas de 15 a 24 anos, 25% estiveram em relações que resultaram em agressões pelo parceiro.

O levantamento inclui dados entre 2000 e 2018 e revela que não houve uma melhoria na condição das mulheres desde que o último informe foi apresentado, em 2013.

"A violência contra a mulher é endêmica em todos os países e culturas, causando dano a milhões de pessoas e suas famílias", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. "Mas, ao contrário da covid-19, essa violência não pode ser parada com uma vacina", disse. "A única forma é com um esforço prolongado e profundo por parte de governos, indivíduos e comunidades", insistiu.

De acordo com a OMS, a violência por parte de um parceiro é a mais frequente, afetando no mundo 641 milhões de pessoas. 6% das mulheres ainda foram alvo de estupros por outras pessoas que não o marido ou parceiro.

Nos países mais pobres, 37% das mulheres foram alvo de violência em suas vidas. Em alguns locais, essa taxa chega a 50%. Já na Europa, a taxa é e 23%.

O que mais preocupa a OMS é que os dados não refletem ainda o período da pandemia, quando a taxa de violência contra a mulher subiu em diversos países do mundo e serviços de atendimento foram interrompidos.

Para a agência, a covid-19 gerou uma "pandemia oculta" com a violência contra as mulheres e meninas.

81% das brasileiras ouviram relatos de agressão doméstica na pandemia

De fato, a pandemia de Covid-19 escancarou uma realidade enfrentada por milhares de mulheres mundo afora: a violência doméstica. Só no Brasil, 81% das brasileiras ouviram relatos de pessoas próximas que já foram vítimas do crime durante o período, segundo um levantamento divulgado pela Hibou, empresa especializada em pesquisa e monitoramento de mercado e consumo.

Realizada entre 24 de fevereiro e 2 de março de 2021, a pesquisa contou com a participação online de 2.250 mulheres residentes do território nacional, de todos os níveis de renda e faixa etária. De acordo com a Hibou, os resultados têm 95% de significância estatística e 2% de margem de erro.

Os dados mostram que, para 79% do público feminino, o isolamento social trouxe uma carga adicional ao volume de atividades diárias – o suficiente para desencadear exaustão frequente (73%) e dificuldades para dormir (41%), por exemplo. Apenas 41% das mulheres disseram ter contado com a ajuda de outros membros da família para lidar com a rotina do confinamento. Em alguns casos, a sobrecarga teve consequências dramáticas: levou 9% delas a precisarem pedir demissão do trabalho.

E não foi só isso: desde o início da pandemia, 65% das mulheres tiveram ou ajudaram alguma amiga (ou familiar) com problemas de ansiedade ou depressão. Por outro lado, 41% afirmaram que o período desafiador gerou um sentimento de confiança maior para tomar alguma atitude em casa, no trabalho ou na vida pessoal.

Dia Internacional da Mulher

A cada três anos, o levantamento da Hibou também traz respostas a uma pergunta específica: para o público feminino, qual é a importância do Dia Internacional da Mulher, comemorado no último dia 8? Em 2018, 55% delas disseram não se sentir representadas pela data. Em 2021, o número caiu para 39%.

Para 80% das mulheres, a efeméride pode trazer visibilidade para questões como assédio, violência doméstica e desigualdade de gênero no mercado de trabalho. E este último problema parece estar piorando, segundo o estudo: 8 a cada 10 mulheres ouvidas se sentem diminuídas em algumas situações profissionais, o que representa um aumento de 18% na comparação entre 2018 e 2021. Levantar discussões que tratem do assunto no ambiente profissional – ou em outros lugares –, no entanto, também pode se tornar um inconveniente: nesses casos, 78% delas testemunharam ter ouvido a palavra “feminista” de forma prejorativa.


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