24/04/2024 - Edição 540

Brasil

YouTube tira do ar canal ‘Terça Livre’, de blogueiro bolsonarista

Publicado em 04/02/2021 12:00 -

Clique aqui e contribua para um jornalismo livre e financiado pelos seus próprios leitores.

O YouTube tirou do ar o canal Terça Livre, do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, que é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) e foi alvo de operações da Polícia Federal (PF). Ao tentar acessar a página, a mensagem "Página indisponível. Lamentamos o transtorno. Tente pesquisar algo diferente." é exibida.

O Terça Livre informou em seu site que seus dois canais "foram encerrados" na noite de quarta-feira (3): o "Terça Livre TV" e o "Terça Livre Live". Disse também ter recebido um aviso do YouTube afirmando que a conta foi encerrada "por violação dos Termos de Serviço".

O Google, dono da plataforma de vídeos, afirmou em nota que "todos os conteúdos no YouTube precisam seguir nossas diretrizes" e que conta "com uma combinação de sistemas inteligentes, revisores humanos e denúncias de usuários para identificar conteúdo suspeito e agimos rapidamente sobre aqueles que estão em desacordo com nossas políticas".

O comunicado diz ainda que, "caso uma conta tenha sido restringida na plataforma ou impossibilitada de usar algum dos nossos recursos, o criador não poderá usar outro canal para contornar essas penalidades". "Consideramos a violação dela um descumprimento dos nossos Termos de Serviço, o que pode levar ao encerramento da conta".

Investigado pela PF

Allan dos Santos é alvo de dois inquéritos no STF e já foi alvo de operações da PF. Um dos inquéritos apura ameaças a ministros do tribunal e a disseminação de conteúdo falso na internet, as chamadas fake news. O outro investiga o financiamento de atos antidemocráticos. Nos dois casos, Allan dos Santos nega envolvimento em irregularidades.

Anúncio de estatais

Allan dos Santos é um dos blogueiros investigados no STF que receberam verbas de publicidade estatal.

Em depoimento à CPMI das Fake News, em novembro de 2019, dos Santos disse que não recebia dinheiro do governo.

Dados da Secretaria de Comunicação da Presidência, no entanto, mostram que mais de 28 mil anúncios da Petrobras e da Eletrobras foram veiculados no canal do blogueiro e de outros investigados no inquérito das fake news.

Os anúncios foram feitos entre janeiro de 2017 e julho de 2019, antes e durante o governo Bolsonaro, segundo o jornal "O Globo".

Contrato com a Presidência

A Presidência da República contratou sem licitação uma empresa cujo dono já afirmou em depoimento ser "sócio oculto" do site Terça Livre, que apoia o governo do presidente Jair Bolsonaro.

O contrato foi publicado no "Diário Oficial da União" e prevê o pagamento de R$ 360 mil à empresa AYR – Ayres Serviços de Informação por "serviços técnicos de manutenção da plataforma Pátria Voluntária".

Segundo a Receita Federal, o sócio administrador da empresa é Bruno Ricardo Costa Ayres. No ano passado, em depoimento à Polícia Federal, Ayres afirmou ser "sócio oculto" do Terça Livre (leia detalhes mais abaixo).

A contratação da AYR foi feita sem licitação com base no artigo da Lei de Licitações sobre "inviabilidade de competição".

Essa justificativa é aplicada para compra de produtos exclusivos, contratação de serviços técnicos "de natureza singular" ou contratações no setor artístico.

O extrato publicado no "Diário Oficial" afirma que a contratação da AYR é "imprescindível para a continuidade das atividades integradas entre governo e sociedade civil."

Segundo documentos do programa Pátria Voluntária, a empresa, com nome fantasia V2V.net, já é responsável pela plataforma.

Em outubro do ano passado, Bruno Ayres foi ouvido pela Polícia Federal no inquérito que investiga a organização e o financiamento de atos antidemocráticos.

O depoimento do empresário foi revelado pelo jornal "O Estado de S. Paulo". À PF, Bruno informou ser "sócio oculto" da empresa Terça Livre, responsável pelo canal Terça Livre.

O dono do canal, Allan dos Santos, é alvo de dois inquéritos em andamento no Supremo Tribunal Federal e já foi alvo de operações da Polícia Federal.

Um dos inquéritos apura ameaças a ministros do tribunal e a disseminação de conteúdo falso na internet, as chamadas fake news. O outro apura o financiamento de atos antidemocráticos. Nos dois casos, Allan dos Santos nega envolvimento em irregularidades.

A ligação com Santos foi abordada no depoimento à PF. Ayres, então, disse que atua como consultor do site "em questões estratégicas" e que recebe "relatórios de gestão sobre o andamento do negócio".

No depoimento, o empresário negou que a empresa V2V tenha "relação comercial ou financeira com a empresa Terça Livre" e também negou que "a empresa Terça Livre e/ou seus sócios utilizaram empresas interpostas para firmar contrato com entes públicos".


Voltar


Comente sobre essa publicação...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *