20/04/2024 - Edição 540

Brasil

60% dos brasileiros reprovam gestão de Bolsonaro na pandemia e 53% apoiam o impeachment, aponta pesquisa Atlas

Publicado em 28/01/2021 12:00 -

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A gestão do Governo Bolsonaro em relação à pandemia de covid-19 e seus efeitos na economia do Brasil seguem afetando a popularidade do presidente. Pesquisa da consultoria Atlas Político, realizada entre os dias 20 e 24 de janeiro, aponta um aumento de sete pontos percentuais na desaprovação do mandatário em relação ao verificado em novembro do ano passado. Agora, seis em cada dez pessoas entrevistadas afirmam desaprovar o desempenho do capitão reformado no comando do país —59%, ante os 52% de dois meses atrás. Uma tendência que segue o que já havia sido verificado recentemente por outros institutos de pesquisa, como o Datafolha e a XP/Ipespe. A falta de aprovação é ainda maior entre os que têm ensino superior (64%), moram no Nordeste (63%) e entre as mulheres (67%). A maré negativa para o presidente ocorre em meio ao caos na saúde pública, que chegou ao pico no último 14 de janeiro com a falta de oxigênio nos hospitais de Manaus. Paralelamente, a economia vem registrando piora e o fim do auxílio emergencial deixará de atenuar o impacto entre os mais pobres.

“Há uma grande preocupação com a pandemia por conta da nova onda de contágio, que causou o colapso do sistema de saúde em Manaus e que também tem um grande impacto econômico”, afirma Andrei Roman, diretor do Atlas Político, que ressalta que 73% das pessoas acreditam que o auxílio emergencial deva continuar, na contramão das intenções do presidente em relação à medida. “Crise na saúde, impacto sobre emprego e popularidade do presidente estão fortemente correlacionados”, ressalta ele. Para a pesquisa, feita por meio de questionários randômicos respondidos pela Internet e calibrados por um algoritmo, foram colhidas a opinião de 3.073 homens e mulheres de diferentes regiões, faixas etárias e nível de renda. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O levantamento complementa outro divulgado pela consultoria no último fim de semana, que verifica que 53% dos eleitores apoiam o impeachment de Bolsonaro.

De acordo com o levantamento, 63% dos entrevistados acreditam que a situação de saúde pública criada pelo coronavírus está piorando e 51,2% defendem a ampliação do isolamento social, outra medida refutada por Bolsonaro desde o início da crise. Também na contramão das posturas do presidente, que já afirmou claramente que não pretende se vacinar, 73% das pessoas dizem que pretendem se imunizar contra a doença. A confiança dos entrevistados se mostra maior nas vacinas produzidas pela Inglaterra (72% confiam) e Estados Unidos (69%), mas o imunizante da China, inicialmente desdenhado pelo presidente, encontra a confiança de 54% das pessoas, assim como o da Russia.

A avaliação da área econômica também agudiza a crise de imagem do presidente. Oito em cada dez entrevistados (81%) acreditam que a situação do emprego é ruim e 45% acham que ela deve permanecer ruim em seis meses. Para 75%, a situação econômica do Brasil é ruim e metade dos entrevistados considera a situação de sua família ruim —para 27%, a expectativa é que permaneça ruim em seis meses.

O estudo também avalia a imagem de diferentes políticos. E, nesse quesito, Bolsonaro está entre aqueles que se saem pior: sua imagem negativa subiu de 55% para 60% e já supera a rejeição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) —a imagem negativa do petista caiu de 62% para 59%.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que tem a intenção de se candidatar à Presidência em 2022, também é mal avaliado por seis de cada dez entrevistados. Mas a tendência do mandatário paulista, que conseguiu capitalizar o início da imunização no Brasil a seu favor ao iniciar a campanha de vacinação no Estado antes do Governo Federal, é a inversa da registrada com Bolsonaro: um mês atrás, 70% dos eleitores tinham uma imagem negativa do governador. Nesse período, aqueles que enxergam o tucano de forma positiva passou de 15% para 25%.

Rodrigo Maia (DEM), o presidente da Câmara dos Deputados em final de mandato, que se recusou, até o momento, iniciar um processo de impeachment contra o presidente, é quem tem a pior imagem negativa entre os eleitores atualmente, de 69%. O percentual é o mesmo de um mês atrás.

Favorito

Apesar na queda da popularidade, o presidente ainda é o favorito para 2022. De acordo com pesquisa Atlas divulgada na quarta-feira (27), Jair Bolsonaro lidera a disputa presidencial de 2022, com 34,5% das intenções de voto. Em segundo lugar aparece o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com 22,3%.

Com a presença de Lula na disputa, o ex-ministro Sergio Moro aparece logo atrás, com 11,3% das intenções de voto, seguido pelo ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 8,8%.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), registra 3,6% das intenções de voto, embolado com o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM), que tem 3,4%, seguido pelo apresentador Luciano Huck, com 1,9% e o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que tem 1,4%. Dos entrevistados, 5,5% não souberam responder ou declararam voto em branco ou nulo.

Já em um cenário sem Lula, Bolsonaro permanece na liderança, com 34,4%. A seguir, aparecem tecnicamente empatados o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), com 13,4%; Ciro Gomes, com 11,6%; e Sergio Moro, com os mesmos 11,6%. Mandetta tem 4,8% e Doria, 4,3%. Os entrevistados que não souberam responder, ou que pretendem anular ou votar em branco somam 6,1%.

A pesquisa foi realizada com 3073 pessoas, por recrutamento online, entre os dias 20 e 24 de janeiro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%.

Paraná pesquisas aponta vitória do presidente

Outro levantamento, feito pelo instituto Paraná Pesquisas entre os dias 22 e 26 de janeiro, mostra que Bolsonaro lidera com índices superiores a 30% das intenções de voto os três cenários de primeiro turno para a eleição presidencial de 2022 projetados.

Embora o presidente tenha oscilado negativamente em relação à sondagem feita em dezembro, ele ainda segue líder fora da margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Foi a primeira pesquisa feito pelo instituto após o fim do pagamento do auxílio emergencial e a primeira após o início da vacinação, dois temas que tinham potencial para desgastar Bolsonaro.

No cenário mais provável da disputa, Bolsonaro lidera com 30,5% das intenções de voto, seguido pelo ex-ministro Sergio Moro (12%), Ciro Gomes, do PDT (10,6%), Fernando Haddad, do PT (9,5%) e Luciano Huck (8,1%), todos empatados dentro da margem de erro.

O cenário mais favorável a Bolsonaro é aquele em que Moro não disputa, no qual o presidente aparece com 33,7% contra 12,1% de Ciro na segunda colocação – a diferença entre eles é de mais de 20 pontos.

Já a simulação mais apertada de primeiro turno é quando Bolsonaro enfrenta o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – nesse caso, a vantagem cai para menos de 14 pontos (31% a 17,3%. Vale lembrar que o petista está impedido de concorrer porque foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa após ser condenado em segunda instância em processo da Operação Lava Jato – ele ainda tenta reverter a situação.

Segundo turno

Em um eventual segundo turno, Bolsonaro lidera em quatro dos cenários, mas empata tecnicamente com Moro (39,1% a 37,6%). Os dois se tornaram desafetos depois que o então ministro da Justiça e Segurança Pública deixou o cargo acusando o presidente de tentar interferir politicamente na Polícia Federal. O ex-juiz da Lava Jato, que agora está trabalhando para a iniciativa privada, nunca assumiu ser candidato. Nesse cenário, com dois contendores mais à direita do espectro político, é registrado o maior percentual de pessoas que dizem que irão votar em branco, nenhum ou anular o voto (18,5%).

Como ocorre no primeiro turno, o cenário mais apertado para Bolsonaro é aquele em que ele enfrenta Lula, quando consegue uma diferença de apenas sete pontos percentuais (42,4% a 35,7%). A simulação mais tranquila para o presidente é quando ele enfrenta João Doria – a distância entre eles é de mais de 15 pontos percentuais (44,9% a 29,4%).


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