Mato Grosso do Sul
Publicado em 15/01/2021 12:00 -
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Os primeiros quinze dias de 2021 são marcados por um aumento significativo no número de mortes e casos confirmados de coronavírus em Mato Grosso do Sul. De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES), do Governo do Estado, do dia 1° de janeiro até hoje foram registrados 272 óbitos pela doença.
Em apenas 24 horas, foram 23 vítimas e, com isso, do início da pandemia até agora, o covid-19 resultou no óbito de 2.648 sul-mato-grossenses. “Nossa taxa de letalidade continua em 1,8. Nós precisamos diminuir esse resultado que para um estado do tamanho do nosso, com média móvel em torno 19,6, é muito grande”, ressalta o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende.
Com 1.166 exames positivos em 24 horas, Mato Grosso do Sul passa a ter 148.415 casos confirmados da doença. São 12,6 mil casos ativos, sendo que 12.001 estão em isolamento domiciliar e 599 em tratamento hospitalar.
Dos pacientes hospitalizados, 338 estão em leitos clínicos, sendo 207 pelo SUS e 131 na rede privada. Os casos mais graves, de pacientes de UTI, 176 estão internados pelo SUS e 85 na rede privada.
Pela primeira vez a situação da macrorregião de Corumbá apresenta um comprometimento maior que a macrorregião de Campo Grande. No município conhecido como Cidade Branca, a taxa de ocupação atinge 84% dos leitos UTI SUS, na Capital, de 80%; em seguida vem Dourados, com 69% e Três Lagoas, com 61%.
Número de óbitos entre os mais jovens sobe em MS
A população mais jovem e a economicamente ativa de Mato Grosso do Sul está mais exposta ao coronavírus e, como consequência disso, o número de óbitos entre as pessoas com até os 49 anos tem elevado durante a pandemia.
Um comparativo entre as duas semanas mais críticas da pandemia, a 35, do final de agosto, e a 50, do final do ano, revela que apesar da grande parte de mortes atingir o grupo de risco, ou seja, pessoas acima dos 60 anos, o percentual das vítimas mais jovens (considerando até os 49 anos) que vieram a óbito saltou de 8% para 11%, uma diferença de três pontos percentuais.
Segundo os números da SES, do Painel Mais Saúde, a semana 35, uma das mais críticas vividas no Estado, compreendida entre 23 e 29 de agosto, contabilizou 127 óbitos e 6.194 casos confirmados da doença. Deste total, 101 vítimas tinham acima dos 60 anos, o equivalente a 79,5%. O grupo entre 50 e 59 anos, respondeu por 12,5% das mortes. As demais faixas etárias, de 20 a 49 anos, somaram 10 mortes, ou seja, cerca de 8%.
Já na semana mais letal de toda a pandemia até agora, a de número 50, entre 6 e 12 de dezembro, o Estado registrou 176 óbitos por coronavírus e 8.011 casos confirmados. Além de mais intensa, esse período registrou um incremento no número de jovens que perderam a vida com o vírus.
Do total, 70,5% tinham acima dos 60 anos, porém quase 19% tinha entre 50 e 59 anos e 19 pessoas, ou seja, mais de 11%, eram mais jovens, com um detalhe infeliz: nesse intervalo uma criança de apenas 10 anos compôs a lista.
Ao que tudo indica, 2021 poderá manter esse quadro de mortes “prematuras”. Nos primeiros dias dos anos, entre as diversas mortes de jovens com menos de 50 anos destaca-se o óbito de duas jovens, sem comorbidades, uma de 36 anos, de Caarapó, do dia 04 deste mês, e uma de 35 anos, de Fátima do Sul, que morreu no primeiro dia do ano.
Os números reforçam o alerta diário da secretária-adjunta de Saúde, Christine Maymone, nas transmissões ao vivo, para as medidas de biossegurança. “Se for necessário sair, para trabalhar ou outros motivos importantes, evitem aglomerações, usem máscaras, mantenham o distanciamento e higienizem as mãos”.
Sem perfil único para óbitos por coronavírus: 15% não tinham comorbidades, enquanto 46% possuíam doenças do coração
A letalidade do coronavírus tem feito vítimas com os mais diversos perfis em relação a comorbidades pré-existentes dos pacientes. Dados da SES mostram que do total de óbitos registrados em Mato Grosso do Sul, do início da pandemia até agora, 46% eram de pacientes que tinham doença cardiovascular crônica. Em sentido oposto, mais de 15% mortes ocorreram em pessoas sem nenhuma doença relatada.
De acordo com os dados da SES, até o momento, 379 das vítimas estavam aparentemente saudáveis, sem enfermidades informadas. Para a diretora-presidente do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, Rosana Leite, é justamente o desconhecimento dessa informação que pode levar ao equívoco. “Ninguém está livre. A Covid-19 é uma doença que provoca uma inflamação exacerbada e pode afetar o corpo todo. E mais: hoje vemos uma mudança na faixa etária, com pessoas mais jovens vindo a óbito em relação às mortes registradas no primeiro pico da pandemia, entre julho e agosto”.
Já o percentual de mortes por doenças cardiovasculares representa 1.170 vítimas da Covid-19. Para a médica infectologista e integrante do COE/MS, Mariana Croda, a letalidade desses casos está associada ao perfil da doença. “A teoria científica mostra que há uma necessidade de resposta cardiovascular frente à infecção causada por esse vírus e é justamente esta uma das falhas nesses pacientes”.
A especialista explica que apesar de liderar o ranking do perfil de óbitos, não é possível afirmar que a doença é mais grave em relação a quem tem problemas cardíacos do que respiratórios, que está em quinto lugar nesse comparativo. “A questão é multifatorial e ainda há lacunas que os estudos científicos ainda não esclareceram. As doenças crônicas têm várias repercussões no organismo, desde um processo inflamatório continuado até a diminuição da imunidade. Ainda tem os fatores relacionados aos medicamentos para tratar essas doenças”.
As múltiplas comorbidades em um mesmo paciente é verificada em muitos casos fatais. “O fato é que em geral o paciente possui mais de um fator de risco como obesidade, hipertensão e diabetes em um mesmo paciente. Ou doença pulmonar crônica, tabagismo e uso de imunossupressor, por exemplo”.
Na lista elaborada pela SES, em segundo lugar, no perfil de óbitos, com 923 casos, estão as pessoas que tinham diabetes, em terceiro, com 33,3%, os casos de hipertensão arterial sistêmica, em seguida pela obesidade e, em quinto lugar, os óbitos nos quais as pessoas tinham doenças respiratórias crônicas.
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