18/04/2024 - Edição 540

Mato Grosso do Sul

Abink completa 1 ano trabalhando o desenvolvimento sustentável no TI Kadiwéu

Publicado em 17/12/2020 12:00 -

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Maior reserva indígena do Pantanal, o Território Indígena Kadiwéu (TI Kadiwéu) possui 538 mil hectares e está localizado nos limites do município de Porto Murtinho (MS). Assim como todo o bioma, o território sofreu com o grande número de incêndios em 2020, foram 247,3 mil hectares queimados, 45,9% área total do TI, até o fim de novembro, segundo dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ). 

O cenário deste ano só não foi pior devido à criação da Abink (Associação dos Brigadistas Indígenas da Nação Kadiwéu), em dezembro do ano passado. A Mupan – Mulheres em Ação no Pantanal e Wetlands International Brasil apoiam a Abink e seus esforços para proteger o território.  

No último fim de semana (12 e 13 de dezembro) a Abink comemorou um ano de existência. Sua sede fica na aldeia Alves de Barros, a mais populosa dentre as seis aldeias do TI Kadiwéu. 

Na ocasião, eles apresentaram a associação para lideranças das outras aldeias do território, falaram sobre o trabalho que efetuaram durante este primeiro ano, que não se limita à prevenção e combate ao fogo. "Implantamos uma horta comunitária, estamos fazendo o reflorestamento de área da nascente que abastece a comunidade Alves de Barros e pretendemos implantar um viveiro de espécies nativas da região para ampliar este trabalho para outras áreas degradadas dentro do território", explica Mesaque Rocha, presidente da Abink. 

Ele conta que o objetivo da associação é trabalhar para o desenvolvimento sustentável dentro do TI Kadiwéu. "Apesar da pandemia, que nos atrapalhou bastante, este primeiro ano foi muito bom. Conseguimos trabalhar bem dentro da comunidade, estamos melhorando nossa associação, ainda estamos estruturando a sede para atender melhor a todos. Acredito que o próximo ano será muito melhor", avalia Mesaque. 

Atualmente a brigada é composta por 15 brigadistas, todos indígenas. Eles passam por uma avaliação do PrevFogo/Ibama, de quem também recebem os devidos treinamentos para atuar frente ao fogo. No entanto, a contratação por um período de apenas seis meses pelo Ibama causa impedimentos para que eles promovam trabalhos de desenvolvimento sustentável durante o ano, e mesmo, atuem sobre os incêndios durante períodos atípicos. 

As aspirações da Abink são grandes: querem promover nas aldeias a educação ambiental nas escolas. "Alguns anos atrás fomos às escolas de quatro aldeias para falar sobre o meio ambiente, o fogo e outros assuntos relativos à natureza. Queremos retornar com essas palestras e fazê-las todos os anos, temos que trabalhar com as crianças desde pequenas para que no momento que forem adultos eles pensem na conservação ambiental", pontua o presidente da associação. 

Impulsa Pantanal 

Para que o trabalho da Abink seja ampliado é necessário que a brigada seja permanente. Esse é um dos objetivos da iniciativa Impulsa Pantanal, promovida pela Mupan e Wetlands International.  

A iniciativa está recebendo doações para efetuar a compra de equipamentos de prevenção e combate ao fogo no Pantanal para a Abink, implantação do viveiro e projetos de recuperação de áreas degradadas no TI Kadiwéu. Na região Norte do Pantanal almeja o fortalecimento de brigadas comunitárias no entorno da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sesc Pantanal e diagnósticos para avaliar e monitorar os impactos dos incêndios na fauna e flora, na qualidade da água do rio Cuiabá e nas populações pantaneiras ao redor da reserva. 

"Nós trabalhamos com geração de conhecimento científico aliado ao saber tradicional, todas nossas ações, da Mupan e Wetlands International são baseadas nesses dados. Por isso é importante ter o respaldo científico junto aos territórios e comunidades", afirma Áurea Garcia, diretora geral da Mupan e coordenadora de políticas da Wetlands International Brasil. 

A Impulsa Pantanal conta com apoio Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP), Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas (INAU), Instituto SOS Pantanal e Sesc Pantanal. 


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