28/03/2024 - Edição 540

Brasil

Procurador da República processa agência que combate fake news por combater fake news

Publicado em 12/11/2020 12:00 -

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O procurador da República e ex-secretário de Direitos Humanos e Defesa Coletiva do Ministério Público Federal Aílton Benedito anunciou no Twitter que está processando a agência de checagem de notícias Aos Fatos.

Benedito, notório apoiador de Jair Bolsonaro (sem partido), foi classificado pela agência como um dos principais propagadores de informações incorretas a respeito da cloroquina, remédio apontado, sem evidências científicas, como a cura para a Covid-19.

Além disso Benedito também conclamou seus seguidores a entrar com ações judiciais contra a agência. “É o que devem fazer todas as vítimas que sofrem violações a seus direitos fundamentais praticadas por autodeclaradas ‘agências de checagem de fatos'”, afirmou em seu post.

As postagens ganharam respostas imediatas de jornalistas e de organizações. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) tuitou dizendo que “todo jornalista tem o direito e o dever de checar falsidades vindas de quaisquer autoridades. Chama-se liberdade de imprensa e direito à informação”.

Procurada, a Aos Fatos informou que “segue sua missão de checar declarações e boatos nas redes, amparado nos direitos constitucionais da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão. Conforme os melhores parâmetros éticos, damos espaço à divergência, ouvimos o outro lado, mas não admitimos ameaças contra o exercício do jornalismo. Repudiamos qualquer tentativa de cercear nossas atividades e de quaisquer jornalistas que tenham compromisso com a verdade factual”.

Fato ou Fake lança bot exclusivo para checar conteúdos duvidosos

O Fato ou Fake lançou um bot exclusivo no WhatsApp. O objetivo é permitir que os brasileiros solicitem a checagem de conteúdos duvidosos disseminados na internet e no celular. O serviço também vai informar as últimas verificações feitas pela equipe de checagem do Grupo Globo. O Fato ou Fake reúne jornalistas de G1, O Globo, Extra, Época, Valor, CBN, GloboNews e TV Globo.

Para isso, basta adicionar o novo número do Fato ou Fake – (21) 99474-1741 – ou clicar em glo.bo/whatsappfatooufake.

Assim que fizer uma saudação, a pessoa terá à disposição um menu, onde poderá escolher entre 4 opções.

Ao selecionar a opção 1, a pessoa poderá enviar um link, um texto, uma foto, um áudio ou um vídeo suspeito para análise. Se a checagem já tiver sido feita, ela é enviada quase que imediatamente. Se não, ela será apurada e a verificação é enviada posteriormente – a depender do volume de pedidos solicitados.

Ao escolher a opção 2, a pessoa receberá as últimas checagens feitas pelo Fato ou Fake e, ao digitar a opção 3, as últimas verificações apenas relacionadas ao coronavírus.

A pessoa também poderá selecionar a opção 4 e assistir a um vídeo em que são dadas dicas de como identificar uma mensagem falsa.

O bot foi desenvolvido pela empresa Meedan.

Especialistas afirmam que a disseminação de conteúdos falsos é um dos principais desafios a serem enfrentados hoje, pois ela prejudica a tomada de decisões e coloca em risco a democracia.

O Fato ou Fake existe desde 30 de julho de 2018 (saiba mais) e também pode ser acessado das seguintes formas:

No G1: g1.com.br/fato-ou-fake

No Facebook: https://www.facebook.com/fatooufake

No Twitter: https://twitter.com/fatooufake

No Instagram: https://www.instagram.com/fatooufake/

Metodologia

Os jornalistas monitoram as redes sociais por meio de um amplo leque de ferramentas e trocam dados entre si sobre o resultado do monitoramento e das checagens.

Após a constatação de que uma mensagem tem sido muito compartilhada nas redes sociais, os jornalistas investigam a fonte que deu origem a ela, se está fora de contexto ou é antiga e se as imagens apresentadas correspondem ao que é narrado. Em seguida, são ouvidas as pessoas citadas. A apuração segue com a manifestação de fontes oficiais, testemunhas e especialistas que possam ajudar a esclarecer o que está escrito ou dito na mensagem.

O principal critério de checagem é a transparência de informações, baseada em três pilares:

Transparência de fontes – o objetivo é que o leitor veja com clareza o caminho de apuração percorrido pelo jornalista. Para isso, todas as fontes consultadas durante a checagem estão identificadas no texto, sejam elas pessoas ou instituições.

Transparência de metodologia – o processo de seleção da mensagem a ser checada, a apuração e a classificação da checagem são claras, deixando em destaque o que levou a informação a ser checada, como ocorreu a apuração e o motivo da classificação como #FATO ou como #FAKE.

Transparência de correções – caso haja alguma modificação na checagem que tenha comprometido a sua publicação original, essa alteração fica devidamente identificada na reportagem.

Os títulos das checagens publicadas são sempre claros, já deixando em destaque se a informação é verdadeira ou falsa. Os selos utilizados para classificar as mensagens também são destacados para evitar interpretações dúbias.

Os selos utilizados são:

Fato – quando o conteúdo checado é totalmente verídico e comprovado por meio de dados, datas, locais, pessoas envolvidas, fontes oficiais e especialistas.

Não é bem assim – quando é parcialmente verdadeiro, exagerado ou incompleto, exigindo um esclarecimento ou uma maior contextualização para ser totalmente compreendido.

Fake – quando não se baseia em fatos comprovados por meio de dados, datas, locais, pessoas envolvidas, fontes oficiais e especialistas.


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