Comportamento
Publicado em 03/12/2014 12:00 -
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Por enquanto, o consenso entre pediatras é radical quando o assunto é expor crianças pequenas a qualquer tipo de tela: o certo seria nenhuma exposição a TV, tablets e smartphones antes dos dois anos. Mas brechas importantes estão começando a aparecer nesse consenso.
Um dos autores do guia internacional mais recente sobre o tema, publicado no fim de 2011 pela Academia Americana de Pediatria (AAP), agora defende que telas interativas não devem ser demonizadas, até porque ainda há poucos estudos sobre seus efeitos. E um relatório produzido por uma instituição dos EUA afirma que há maneiras positivas, ainda que limitadas, de usar esse tipo de mídia com crianças de até três anos.
O "mea culpa" sobre o tema saiu em artigo na prestigiada revista especializada "Jama Pediatrics", assinado pelo médico Dimitri Christakis, do Instituto de Pesquisas da Infância de Seattle.
Christakis argumenta, para começar, que o relatório de 2011 passou por um processo de revisão tão lento que, na verdade, foi redigido antes que existissem tablets, e também antes que os smartphones se tornassem comuns.
TV e Tablets
Com isso, a restrição estaria baseada apenas nos dados a respeito do uso da TV, e há diferenças importantes entre as diferentes mídias, diz. A mais crucial é que um aplicativo interativo pode ter propriedades de um brinquedo real, como o estímulo à resolução de problemas e de raciocínio de um conjunto de peças de montar. Não é o mero estímulo passivo de assistir a um desenho animado.
Com base em estudos recentes, a ONG Zero to Three, que pesquisa o desenvolvimento infantil, fez o relatório "Screen Sense" ("Telas com Bom Senso"), coordenado pela psicóloga Rachel Barr, da Universidade de Georgetown, e aponta na mesma direção.
A exposição, porém, teria de ser limitada a uma hora por dia. E o relatório veta o uso da TV como "música de fundo": se a criança está brincando "no mundo real", deixe tudo desligado, para não atrapalhar o desenvolvimento da atenção. Telas no quarto também devem ser evitadas.
Além disso, um estudo de 2013 mostrou que crianças cujos pais liam histórias em e-books tiveram compreensão de leitura menor do que as que usaram livros, talvez por ficarem mais focadas no aparelho do que na história.
O uso de tablets que leve em consideração tais cuidados poderia, segundo o relatório, evitar os malefícios normalmente associados ao uso excessivo da TV, como desenvolvimento mais lento das capacidades linguísticas e sociais.
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