19/04/2024 - Edição 540

Viver Bem

Substituto sem sódio do sal chega ao país

Publicado em 27/11/2014 12:00 -

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Os grãos têm cor e textura de sal e servem para salgar os alimentos, mas a grande diferença está na composição: no lugar do sódio, potássio. O produto atende pelo nome de salgante. Vendido há pelo menos uma década nos EUA e na Europa, acaba de ser aprovado no país pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Como substitui completamente o sódio, vilão da pressão arterial, pelo potássio, nutriente presente em frutas e verduras que ajuda a combater doenças cardiovasculares, poderia ser uma espécie de salvação para hipertensos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a maioria da população ingere muito sódio e pouco potássio, presente em alimentos como banana, castanha, feijão, ervilha e verduras em geral.

A entidade não estabelece limite máximo para o consumo do nutriente, que pode reduzir a pressão arterial e o risco de doenças cardiovasculares e tem efeitos benéficos sobre a saúde dos ossos.

Contraindicações

O salgante, porém, chega ao país com uma lista de ressalvas e contraindicações. Pessoas com insuficiência renal, que tendem a acumular potássio no organismo, correm risco de morte se consumirem o salgante. O excesso do nutriente pode causar parada cardíaca.

Hipertensos e diabéticos –público-alvo do produto, já que costumam receber orientações para reduzir o consumo de sal– também devem ter cautela. Um terço desses pacientes pode ter algum grau de insuficiência renal.

Quem tem hipertensão e toma remédios que retenham potássio (como os diuréticos poupadores de potássio e os inibidores da enzima de conversão da angiotensina) também não deve consumir o produto, diz Celso Amodeo, médico da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.

As informações sobre os riscos e contraindicações não constam no site ou na embalagem do produto. "A verdade é que estamos preocupados com esse lançamento", diz Daniel Rinaldi, presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia. "É preciso se certificar de que seus rins estão funcionando plenamente antes de usar o produto." Em pessoas com função renal normal, o excesso de potássio é excretado pela urina.

"A suplementação é uma opção para aumentar o consumo de potássio, mas não acredito que trocar o pote de sal pelo de salgante seja o melhor caminho. O ideal é reduzir o consumo de sódio, em vez de cortá-lo", afirma o médico nutrólogo Celso Cukier.

Aceitação

O salgante começou a ser disponibilizado no mercado brasileiro pelo preço de R$ 16,90 por cada pote de 100 g (www.biosalgante.com.br).

O produto, que tem cor e textura de sal, deixa um sabor residual amargo e metálico na boca. Caso seja aquecido a mais de 180 graus, esse gosto se acentua.

"O sal light, que é metade sódio e metade potássio, também tem esse problema. Imagino que a aceitação de um produto que é puro potássio será ainda mais difícil", diz Marcia Gowdak, diretora do departamento de nutrição da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.

Nilson Capozzi, diretor da Matrix Health, que faz o Bio Salgante, compara o produto aos adoçantes: "Adoçante in natura é horrível, mas, quando é misturado aos alimentos, esse efeito é minimizado".

"O primeiro teste causa estranheza, mas peço sempre que repitam o teste uma, duas, três vezes. O paladar humano se adapta rapidamente. Acho que a maioria das pessoas vai gostar."

Sobre a segurança do produto, ele lembra que o salgante está disponível há anos em outros países e foi testado durante cinco anos em parceria com cientistas da USP e da Unifesp. "Só há problema para quem tem insuficiência renal crônica", diz.


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