20/04/2024 - Edição 540

Eles em Nós

Ilusões ‘moristas’

Publicado em 12/08/2020 12:00 - Idelber Avelar

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É do Felipe Moura Brasil, publicado no Antagonista. Portanto, está cheio de ilusões moristas, já que os moristas, coitados, só descobriram em 2020 quem era Jair Bolsonaro.

Mas os fatos e datas estão certinhos.

"2019

– Jair Bolsonaro assume a presidência da República, com Sergio Moro como ministro.

– Flávio Bolsonaro assume o cargo de senador.

– Coaf aponta que, além da quantia movimentada por Fabrício Queiroz entre 2016 e 2017, haveria mais R$ 5,8 milhões movimentados em 2014 e 2015. Os valores somam R$ 7 milhões.

– Durante recesso do Poder Judiciário, o presidente do STF, Dias Toffoli, suspende investigações baseadas em dados do Coaf, como a que atinge Flávio Bolsonaro.

– Enquanto Toffoli segura a investigação de Flávio, família Bolsonaro faz campanha contra a CPI da Lava Toga, que investigaria Toffoli, inclusive pela abertura do inquérito contra supostas fake news, ameaças e ofensas. CPI é enterrada.

– Jair Bolsonaro tenta trocar o Superintendente da PF do Rio de Janeiro, após inquérito eleitoral sobre Flávio avançar na PF do Rio. Primeiro atrito com Sergio Moro sobre o tema.

– Plenário do STF autoriza compartilhamento de dados do Coaf com o MP e investigações envolvendo Flávio e Queiroz são retomadas.

– Questionado sobre o cargo em que constava seu nome em Brasília, quando fazia faculdade no Rio, Eduardo Bolsonaro responde como se não lembrasse: “Olha, eu teria que puxar forte pela memória aqui então…"

LIVES

Queria deixar uma pergunta angustiada e o espaço para vocês elucubrarem. A pergunta é: vocês estão conseguindo assistir a lives? Eu não estou, e é melhor eu abrir o jogo. Tentei quatro nos últimos dias, com temas/ protagonistas que me interessavam. Não rolou.

Não me refiro, obviamente, a lives épicas como a do Caetano ou às maravilhas que Monica Salmaso compartilha. Refiro-me ao gigantesco mercado de lives de todo mundo, canais da imprensa, canais alternativos, escritores/as, acadêmicos/as, jornalistas e o interminável etecétera que acaba amalgamando tudo em uma maçaroca só que, combinada com os problemas normais de produção amadora (fundos ruins, som abafado, quedas da conexão, pouca experiência oral de gente que sempre trabalhou no escrito etc.), acabam tornando a coisa insuportável e bastante difícil de consumir.

Some-se a isso o fato de que, hoje, já não é tão caro ter um telão de TV inteligente interligado com Netflix, Amazon Prime e Hulu (pra mim nos EUA custa, por mês, o salário mínimo de três HORAS, imaginem), e você vai entender que só por muito amor à causa a gente acompanha lives hoje em dia.

Não sei qual é a solução, mas é melhor eu me adiantar e dizer o que está na cabeça de muita gente: nosso tédio absurdo com as lives e o fato de que pessoas que amamos estão dependendo delas são mais dois dos milhares de componentes da desgraça que nos aconteceu.

É realmente terrível, por onde olhamos é devastação.

LUTO

Sobre o cacique Aritana Yalawapiti, das maiores lideranças do Alto Xingu, que também nos deixou esta semana.

"O luto nas tribos do Alto Xingu é elaborado a partir de extenso intercâmbio simbólico, que culmina no Kuarup, ritual fúnebre organizado um ano após a morte de uma pessoa importante da aldeia. Centrado na figura de Mawutzinin, o primeiro homem do mundo segundo a mitologia indígena, o rito é marcado por uma grande festividade: prevalece a crença de que os mortos não querem testemunhar a tristeza dos vivos. Na parte final do Kuarup, é realizada a luta tradicional huka-huka, um teste de força e virilidade para os jovens. Maureen Bisilliat documentou a participação do cacique Aritana, um dos ilustres campeões da modalidade.

A última luta do cacique – justamente contra a doença que o matou – prossegue na campanha por donativos para construir um hospital de campanha que interrompa o avanço da covid-19 na região do Alto Xingu."

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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