08/05/2024 - Edição 540

Viver Bem

Fazer exercícios físicos ao ar livre em meio à pandemia é seguro? Os riscos e cuidados necessários

Publicado em 14/04/2020 12:00 -

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Apesar das recomendações das autoridades de manter o isolamento social para frear a escalada da epidemia do coronavírus, cenas de brasileiros caminhando, correndo ou pedalando por ruas movimentadas, ciclovias ou praças gerando aglomerações têm sido cada vez mais comuns em várias capitais brasileiras. Em São Paulo não tem sido diferente. Muitas pessoas aproveitaram o feriado prolongado com sol para se exercitar fora de casa. Ainda que pareça uma saída da quarentena permitida, para o bem da própria saúde, a prática de atividades físicas ao ar livre em meio a pandemia só é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) caso seja realizada respeitado o distanciamento físico de até dois metros para evitar a propagação do vírus. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, também recomendou por ora a saída para a prática de exercícios, respeitando as regras. Na avaliação de especialistas, o que tem faltado é bom senso.

“Imagina se todo mundo pensar vou sair rapidinho sozinho ali na ciclovia? Obviamente vai gerar uma concentração grande de pessoas. Outra coisa é você optar por um lugar com poucas pessoas, onde exista realmente distanciamento. Mas fica muito difícil dar conselhos de como sair para caminhar, correr ou andar de bicicleta. Eu acho perigoso, há muitos riscos envolvidos”, afirma Marcos Vinícius da Silva, médico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e professor PUC-SP. Nem mesmo o uso de máscara pode garantir a proteção das pessoas no momento do exercício físico ao ar livre já que ao transpirar, ela umedece e precisa ser trocada. “Além de ficar úmida, fazer exercício com uma máscara é difícil. Você tem um anteparo no seu rosto e a maioria das pessoas não está acostumada a isso. Se o cidadão pode fazer um exercício dentro de casa é mais seguro”, explica.

Em sua lista de recomendações sobre as atividades físicas durante a pandemia da Covid-19, a OMS ressalta a importância de lavar as mãos com água e sabão ou utilizar álcool em gel antes de sair, no local externo e assim que chegar em casa. A organização não recomenda, no entanto, a prática de exercícios ao ar livre em caso de febre, tosse e dificuldade em respirar.

Na avaliação de Silva, um dos maiores riscos de se criar exceções de escapadas de casa durante esse momento de isolamento social é o fato de que em torno de 80% das pessoas infectadas pelo coronavírus serem assintomáticas. “O indivíduo que adoece e mostra sintomas você tira de circulação e consegue interromper a transmissão. Mas pessoas infectadas que se sentem saudáveis e saem de casa podem estar durante um certo tempo transmitindo o vírus. Estamos em um momento crucial para achatar a curva”, explica.

Distanciamento durante corridas e pedaladas precisa ser maior

O distanciamento recomendado de um a dois metros anunciado por autoridades é muito efetivo para as pessoas que ficam paradas em um ambiente fechado ou em um aberto em um clima calmo, mas pode ser insuficiente quando você se exercita logo atrás de outras pessoas, segundo um estudo publicado pela Universidade Tecnológica de Eindhoven, da Holanda, e a Universidade Católica de Leuven (KU Leuven) da Bélgica. “Se alguém exala, tosse ou espirra ao caminhar, correr ou andar de bicicleta, a maioria das microgotas são arrastadas na esteira ou no vaco atrás do corredor ou ciclista. A outra pessoa que corre ou anda de bicicleta logo atrás dessa pessoa se move através dessa nuvem de gotas”, diz Bert Blocken, professor de engenharia civil das duas universidades.

O artigo intitulado Social Distancing v2.0: During Walking, Running and Cycling (distância social v2.0: durante caminhadas, corrida e pedalada) recomenda que os praticantes de caminhada devam manter pelo menos 4 metros de distância ao seguir outras pessoas, os corredores devem ficar a 10 metros de distância uns dos outros e os ciclistas rápidos devem andar com um distanciamento ainda maior, de 20 metros, de outro ciclistas para evitar passar através das “nuvens de gotículas” de outros pessoas que estão se exercitando. O artigo sofreu algumas críticas por não ter passado ainda por uma revisão. Os autores afirmaram, no entanto, que publicaram às pressas porque consideravam “antiético” segurar os resultados para o público por vários meses diante da escalada da pandemia.

Como se exercitar em casa

Não há dúvidas de que o exercício físico é essencial para o corpo e para a saúde mental. Com academias e parques fechadas, e com a recomendação de ficar o máximo em casa, o momento convida a se reinventar e procurar se exercitar no próprio lar. A própria OMS sugere alguma dicas para manter-se ativo dentro de casa.

– Suba as escadas o maior número de vezes possível, considere como uma oportunidade de manter ativo

– Utilize as tarefas domésticas para se manter mais ativo fisicamente.

– Faça atividades divertidas, como dançar

– Siga aulas de exercícios na internet ou invente uma rotina com música em que se utilizem os principais grupos musculares e aumente o ritmo cardíaco

– Faça atividades de fortalecimento muscular, levantando pesos ou garrafas cheias de água ou utilizando o próprio peso corporal (flexões, abdominais e agachamento).


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