28/03/2024 - Edição 540

Ágora Digital

Na latrina da história

Publicado em 25/03/2020 12:00 - Victor Barone

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O presidente Jair Bolsonaro declarou uma nova guerra, desta vez contra os números que diariamente são apresentados sobre a expansão da pandemia de coronavírus no Brasil e no mundo. Em uma entrevista para a TV Bandeirantes, o atual ocupante do Palácio do Planalto focou especialmente em atacar o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), por insistir nas medidas de isolamento social. “Pode haver uso político dos números. Em São Paulo eu não estou acreditando (nos dados sobre os infectados e mortos por coronavírus)”, disse Bolsonaro.

O próprio Ministério da Saúde admite que os números brasileiros estão subnotificados devido a falta de exames. Ou seja, a tendência é que a situação seja pior da revelada diariamente tanto em número de contaminados quanto em número de mortos. Mesmo assim, Bolsonaro afirmou que é “chute” as previsões de um grande número de mortos no Brasil.

Até mesmo os números da Itália, da Espanha e dos Estados Unidos não serviriam, segundo Bolsonaro, para moldar as ações brasileiros de enfrentamento à pandemia. “Não tem que procurar números de fora do Brasil para justificar medidas aqui dentro”, afirmou o presidente. Disse ainda que na Itália “muitas mortes não são por covid-19”.

Por Gustavo Zucchi

"Infelizmente, algumas mortes terão, paciência, acontece, e vamos tocar o barco." A declaração do presidente ao jornalista José Luiz Datena, da TV Bandeirantes. Mas repetição mostra esforço em passar uma mensagem cínica e sociopata. "Vão morrer alguns [idosos e pessoas mais vulneráveis] pelo vírus? Sim, vão morrer. Se tiver um com deficiência, pegou no contrapé, eu lamento", disse ao apresentador Ratinho, no último dia 20, outro exemplo.

Bolsonaro afirma que quer separar idosos do resto da sociedade para protege-los – alucinação que ele chama de "isolamento vertical". Como isso é impossível, se a população atender a seu chamado e voltar à vida normal apesar da Covid-19, vai endossar a mentira que idosos morrem de qualquer jeito e pelos mais diferentes motivos. Ignora também milhões de jovens e adultos com doenças cardíacas, hipertensão, diabetes, baixa imunidade ou em tratamento de câncer, que estão no mesmo balaio de risco.

Não se pode forçar alguém a sentir empatia pelo seu semelhante. Principalmente quando ela não reconhece outro ser humano como seu semelhante. Se Bolsonaro não aprendeu isso nos últimos 65 anos, não aprenderá agora. Após ter menosprezado o impacto do coronavírus no pronunciamento que fez à nação, na última terça (24), a ideia de que a economia não pode parar por causa da morte de algumas milhares de pessoas tem sido compartilhada à exaustão por bolsonaristas.

Há uma camada da população que só acredita em algo se essa coisa bater à sua porta e for palpável. Isso explica, em parte, porque políticos que prometem asfalto são heróis e os que garantem educação, não raro, são chamados de inúteis neste país. Para essa camada, um vírus que seu grupo de WhatsApp jurou que era uma conspiração sino-comunista contra o Ocidente não é forte o suficiente para lhe atingir. E o que são alguns milhares de idosos diante de uma recessão econômica? E vão para a rua fazer carreatas irresponsáveis. Ou realizam patéticos protesto na porta de um provisório hospital montado no Estádio do Pacaembu, em São Paulo. Ou ameaçam seus porteiros e empregadas domésticas a voltarem ao trabalho a todo o custo.

Vale lembrar que o primeiro óbito por coronavírus em São Paulo foi de um porteiro aposentado. E, no Rio, de uma empregada doméstica que, provavelmente, contraiu de seus patrões que haviam viajado ao exterior. Essa camada da população talvez se dê conta do significado de suas ações quando for tarde demais, ao verem pais e avós agonizando no hospital em decorrência de Covid-19, sem poderem se despedir deles devido à proibição de visitas e sem poder velá-los decentemente, uma vez que o enterro das vítimas têm sido rápido por segurança.

Não desejamos mal aos negacionistas e suas famílias, longe disso. Mas quando o distante se torna próximo e a tragédia ganha rosto, história e dor é que parte deles perceberá o tamanho de sua ignorância. Parte, claro, porque o restante vai continuar achando que era hora do ente querido mesmo, que Deus quis assim, que a culpa é da China ou do PT.

Trabalhando com o maniqueísmo raso que fascina parte de seus seguidores, Bolsonaro antagoniza, de um lado, a tomada de medidas de isolamento social para retardar a infecção pelo coronavírus e, do outro, a manutenção de empregos e negócios. Isso não existe, é possível proteger pessoas e a economia. Bolsonaro omite que foi a sua má fé e a inépcia de seu governo que fizeram com que medidas para proteção de empregos, garantia de renda mínima aos informais e desempregados e repasse de recursos a pequenos e microempresários começassem a ser pensados tardiamente e de forma insuficiente.

O problema é que o vírus não faz teste de sanidade mental antes de invadir organismos e mata a todos indiscriminadamente, dos negacionistas aos que querem cuidar de si e dos outros. Ou seja, a irresponsabilidade de alguns vai cobrar a vida de muitos tantos.

Por Leonardo Sakamoto

Uma carta assinada por entidades como a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Academia Brasileira de Ciências, dentre outras, mostra preocupação com a “campanha” de Jair Bolsonaro de acabar com a quarentena contra o coronavírus. “A campanha de desinformação desenvolvida pelo presidente da República, conclamando a população a ir para a rua, é uma grave ameaça à saúde de todos os brasileiros. A hora é de enfrentamento desta pandemia com lucidez, responsabilidade e solidariedade”, afirmam.

Gustavo Zucchi

CAMISA DE FORÇA

A Justiça Federal determinou na noite de sexta-feira, 27, que o presidente Jair Bolsonaro não pode editar decretos que trabalhem contra as medidas de isolamento social adotadas por Estados e municípios contra o coronavírus. A decisão veio do juiz Márcio Santoro da Rocha, da 1ª Vara Federal de Duque de Caxias. Assim, fica invalidade, por exemplo, decreto de Bolsonaro que colocava casas lotéricas e igrejas como “serviços essenciais”. “Considerar como essenciais atividades religiosas, lotéricas é ferir de morte a coerência que se espera do sistema jurídico, abrindo as portas da República à exceção casuística e arbitrária, incompatível com a ideia de democracia e Estado submetido ao império do Direito”, dos o magistrado em sua decisão. “

ENCOLHIDO

Bolsonaro encolheu Mandetta. Há uma semana, de acordo com estatísticas do Datafolha, o ministro da Saúde era 20 pontos percentuais mais alto do que o presidente.  O desempenho de Mandetta na guerra contra o coronavírus rendeu-lhe índice de aprovação de 55%. O chefe amealhou 35%. Não podendo elevar a própria estatura, Bolsonaro se ocupa de encolher o ministro.

Mandetta vive drama parecido com o de uma personagem criada pelo escritor gaúcho Josué Guimarães —uma mulher que diminuía diariamente de tamanho. Para evitar que a senhora percebesse o próprio encolhimento, os familiares rebaixavam os móveis da casa. Serravam os pés da cama, de mesas e cadeiras. Dá-se algo parecido com Mandetta. A diferença é que Bolsonaro leva o ministro a se retrair sem a gentileza da adaptação da mobília. O encolhimento do titular da Saúde é mais visível na retórica. O linguajar técnico que rendia prestígio ao ministro acocora-se diante das conveniências políticas do chefe. Se o doutor Mandetta não se cuidar, sua reputação profissional como médico logo caberá numa caixa de fósforos.

O deputado federal Fábio Trad (PSD-MS), primo de Mandetta, deu um conselho ao titular da Saúde neste atual momento de instabilidade entre a pasta e o presidente Jair Bolsonaro quanto às recomendações para a população se comportar diante da pandemia do coronavírus. “Não fuja do juramento que fez na sua formatura. Fique com a ciência. Se isto lhe custar o ministério, paciência. Sangue não vira água”, escreveu o parlamentar nesta tarde de quarta, 25, no Twitter.

A UM PASSO DO HOSPÍCIO

O clima azedou entre João Doria Jr. e Jair Bolsonaro na teleconferência entre o presidente e os governadores do Sudeste, no último dia 25. Doria começou sua fala “lamentando” os termos do pronunciamento de Bolsonaro na véspera em rede nacional de rádio e TV. Disse que “o senhor, como presidente da República, tem de dar o exemplo, e tem de ser o mandatário para comandar, para dirigir, para liderar o País, e não para dividir”. “Somos todos aqui republicanos, presidente. Somos quatro governadores de quatro partidos distintos. Não temos as mesmas opiniões e os mesmos pensamentos ideológicos. Mas nós trabalhamos simultaneamente. Aliás, os 27 governadores do País fazem isso para defender os brasileiros”, disse o governador de São Paulo. Doria afirmou que a prioridade é “salvar vidas, presidente, nós estamos preocupados com as vidas, salvar vidas de brasileiros”. Disse que os Estados estão conscientes de manter a economia funcionando naquilo que é essencial, de acordo com as orientações da Organização Mundial da Saúde. Bolsonaro surtou (veja o vídeo).

“Decepcionante a postura do presidente Jair Bolsonaro”, escreveu Doria mais tarde. Segundo ele, a resposta de Bolsonaro foi um “ataque descontrolado” do presidente. “Ao invés de discutir medidas para salvar vidas, preferiu falar sobre política e eleições. Lamentável e preocupante”, acrescentou o governador.

João Doria, recebeu ameaças de morte na quinta-feira (26). Ele também recebeu mensagens dizendo que a sua casa seria invadida, nas redes sociais e em seu celular. Doria fez um boletim de ocorrência e a Polícia Civil vai abrir uma investigação. A Casa Militar do Palácio dos Bandeirantes decidiu cercar a casa do governador durante a noite. As informações foram divulgadas pela jornalista Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo. Segundo a coluna, a equipe do governador informou ter indícios de que as ameaças partem de um movimento bolsonarista e suspeita de uma articulação do chamado gabinete do ódio, liderado pelo filho do presidente, Carlos Bolsonaro. Os ataques teriam sido iniciados devido a liderança que Doria estaria mostrando no combate ao coronavírus.

Com o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, avisando que começa a encerrar a quarentena na próxima semana, o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, disse que na capital o isolamento social continua. “Perdão aos que eu possa vir a decepcionar. Mas nesse momento, com os dados que temos, fico ao lado da vida dos mais de 500 mil moradores da nossa cidade”, disse. Ele determinou mais sete dias de quarentena, começando no dia 1º de abril, no que chamou de “a decisão mais difícil” de sua vida. “Como prefeito não posso fugir da minha responsabilidade com a vida das pessoas.”

O consórcio de governadores do Nordeste publicou uma nota de repúdio ao pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro feito na noite de terça, 24, com críticas ao que chama de “desencontros” das diretrizes de combate à pandemia do coronavírus entre a Presidência e o Ministério da Saúde. “Percebemos, com espanto, os graves desencontros entre o pronunciamento do presidente e as diretrizes cotidianas do Ministério da Saúde. Esta fala atrapalha não só o ministro, mas todos nós”, afirma. O coletivo reconhece a gravidade do contexto econômico, mas diz que “o que nos cabe lidar diretamente é a grave crise sanitária”. Por último, declara que os governadores vão seguir orientações baseadas em “evidências científicas”. “Vamos seguir tocando nossas vidas com decisões baseadas em evidencias cientificas, seguindo exemplos bem sucedidos ao redor do mundo. A grande maioria dos países do mundo, ocidentais e orientais, já firmaram seu curso no combate ao vírus e é este curso que o Nordeste brasileiro seguirá”, concluem.

Do jeito que vão as coisas, cuide-se o presidente Jair Bolsonaro para que não apareça outro louco como o Adélio Bispo, que o esfaqueou em Juiz de Fora e selou a sorte da eleição de 2028. O caminho da violência não levará a lugar algum – salvo a mais violência. Há meios na Constituição para que se barrem atos ilegais de governadores ou de um presidente insano. No limite, é possível tirá-los de onde estão.

Por Vera Magalhães

ATENTO ÀS REDES

Em sinal de que tem monitorado a imprensa do País, o presidente Jair Bolsonaro foi às redes sociais na madrugada de quinta-feira (26) para responder o editorial da Folha de S.Paulo que pede a sua saída da Presidência. “Presidente, retire-se”, diz o título do texto. “Não. Bom dia”, respondeu o ex-capitão.

VÍDEO ANTIGO E FAKE

Várias figurinhas proeminentes do bolsonarismo estão ressuscitando um antigo vídeo do Dr. Drauzio Varella para minimizar o coronavírus. A peça foi feita no final de janeiro, antes do Brasil ter casos confirmados da doença, e mostra o médico pedindo calma e falando para as pessoas continuarem a vida normalmente, tomando apenas cuidados assépticos. E avisando que a maioria das pessoas pegará apenas um “resfriadinho”. Foi o suficiente para nomes como do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) e do deputado federal Marco Feliciano (Podemos-SP), começarem a divulgar a peça como se fosse recente. E o médico estivesse alinhado com o pensamento do presidente Jair Bolsonaro.

Com a repercussão, Varella divulgou um novo vídeo, explicando que a epidemia é dinâmica. Ele reforça a recomendação de ficar em casa, em especial para os mais velhos e como o sistema de saúde pode ser afetado caso não ocorra o controle do contato social. Salles e Feliciano, por sua vez, avisaram em suas redes sociais que cometeram um engano, mas já era tarde: o vídeo está sendo replicado pela militância como forma de validar um menor nível de isolamento, contrariando as recomendações de infectologistas e do próprio Ministério da Saúde.

Por Gustavo Zucchi

DESVIO MORAL

O presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, fez suas mais fortes críticas a Jair Bolsonaro em um café da manhã com jornalistas, na sede da Ordem, em Brasília. Santa Cruz afirmou que quem apoia o governo “tem desvio de caráter”, e disse “não duvidar” da participação da família Bolsonaro no caso Marielle. “Ele (Bolsonaro) preside para a minoria. Namora os 12% que apoiam a ditadura, de 12 a 20%, namora os 10% que são racistas, homofóbicos e machistas, ele namora os 10%… ele faz um conjunto de 30% dos piores sentimentos do povo brasileiro. Eu sinceramente acho que quem segue apoiando o governo… Estou convencido, e vou falar uma coisa dura. Quem segue apoiando o governo é porque tem algum desvio de caráter”, disse Santa Cruz.

E continuou: "Digamos que 10% estão pela agenda econômica, 5%, o Paulo (Guedes) vem de um liberalismo radical que tem apoio na sociedade brasileira, mas o conjunto é dos piores sentimentos do povo brasileiro. Eu diria que, de interesses legítimos, que defendem armamento, eu posso concordar ou não, a discussão existe em vários lugares do mundo. E 5 a 10% são liberais extremados e veem no governo do Paulo uma privatização geral, o Posto Ipiranga. Agora, o resto tem desvios do que eu entendo como elementos essenciais de vida democrática. Não é possível uma sociedade baseada no racismo, machismo, perseguição às minorias, ódio aos índios. É esse sentimento que está amalgamado em torno da plataforma do presidente. É duro o que eu vou falar, mas é do jogo democrático. Cabe aos outros campos combater essas agendas".

Mais tarde, Felipe Santa Cruz afirmou que não quis personalizar os apoiadores de Bolsonaro. “Bolsonaro vem sim criando uma base em que boa parte das pessoas não possui bons sentimentos. A principal base dele tem esses sentimentos de racismo, machismo e homofobia. Não posso confundir o apoiador dele indiscriminadamente. Essa não é a realidade do conjunto de apoiadores dele, que é composto de vários setores, que têm interesses legítimos. Gostaria de esclarecer que uma frase tirada do contexto dá uma ideia errônea do que falei e do que que penso.”, declarou.

GENDE DE BEM

O empresário Roberto Justus, 64, foi parar entre os assuntos mais comentados nas redes ao afirmar que o coronavírus não passa de uma “gripezinha leve” que só “mata velhinhos”.  No áudio, ele ainda garante que o coronavírus não vai matar ninguém na periferia e demonstrou descontentamento com as medidas restritivas e de isolamento anunciadas pelos governos estaduais. Justus está preocupado com os “prejuízos econômicos”.

O empresário Junior Durski, dono dos restaurantes da rede Madero, afirmou em um vídeo publicado na sua conta do Instagram que o país não pode parar "por cinco ou sete mil mortes". Para ele, "pior é o que já acontece no país". Durski afirmou que os danos econômicos serão maiores do que as mortes que o vírus pode causar. “O país não aguenta, não pode parar dessa maneira. As pessoas têm que produzir e trabalhar. Não podemos [parar] por conta de cinco ou sete mil pessoas que vão morrer. Isso é grave, mas as consequências que vamos ter economicamente no futuro vão ser muito maiores do que as pessoas que vão morrer agora com o coronavírus”, disse o empresário.

A lógica dos empresários acima é a mesma do Presidente da República. "Vão morrer alguns? Sim, mas não devemos deixar esse clima prejudicar a economia."  "Não é tudo o que dizem (a pandemia), quem é idoso ou deficiente pode ter problema."  Além de mostrar uma falta de empatia absurda com o povo (repito, não são números, são pessoas) e ignorância (existem várias "deficiências". Um deficiente visual, por exemplo, não é parte do grupo de risco) o presidente cometeu o etarismo (preconceito contra velhos) e o capacitismo (preconceito contra deficientes). Mais um efeito colateral dessa pandemia: estamos vendo muito gente mostrar a verdadeira face. E, sim, estamos todos preocupados com a economia também. Inclusive porque sabemos que quem vai pagar não vai ser Roberto Justus, nem Jair Bolsonaro, mas a gente da classe média e os mais pobres.

GAROTO PROPAGANDA

O ministro da Justiça, Sergio Moro, foi às redes sociais na noite dE quarta-feira (25) para elogiar a rede de drogarias Drogasil por manter os preços de produtos de emergência utilizados no combate ao coronavírus.  A Drogasil enviou um ofício à Secretaria Nacional do Consumidor, do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, dizendo que repudia “veemente” o aumento de preços dos produtos durante a pandemia e diz que está disposta a fornecer informações ao Procon “que os órgãos solicitem em prazos adequados”.

FILHOCRACIA

Jair Bolsonaro colocou Carlos Bolsonaro no comando da comunicação do Planalto e isolou os militares, que não foram ouvidos sobre a nova estratégia presidencial de ataque ao método global de combate ao coronavírus. Os militares sentiram. “Para um general de quatro estrelas, perder uma discussão para o Carluxo dói na alma”, diz um interlocutor da caserna. Na gravação do polêmico pronunciamento de terça-feira, nenhum militar foi chamado a opinar.

Por Radar

FRASES DA SEMANA

“A hora é crítica, afeta a vida das pessoas e todos os campos da vida nacional. A liderança exige percepção, calma e sensibilidade. Tem que ter bom senso, autoconfiança e humildade para tentar recuperar o tempo perdido.” (Carlos Alberto dos Santos Cruz, general e ex-ministro) 

“Sem a vida humana nada se compra nem se vende. É impossível entender que o presidente ignore a gravidade da situação. É hora de harmonizar a Nação, evitar conflitos e buscar a paz social. A discórdia e a dissensão em nada ajudam o País”. (José Sarney, ex-presidente da República)

“O presidente Jair Bolsonaro parece preferir contar os mortos a contar os desempregados”. (Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda)

“Neste momento, os integrantes do sistema de saúde são os nossos combatentes da linha de frente. Diuturnamente, [eles] estão dando exemplos de coragem e comprometimento na luta contra os efeitos indesejáveis dessa doença”. (General Edson Leal Pujol, Comandante do Exército) 

“O Brasil não pode parar. As pessoas têm que produzir. As consequências que teremos economicamente no futuro vão ser muito maiores do que as pessoas que vão morrer com o coronavírus”. (Junior Durski, dono da rede de restaurantes Madero, bolsonarista e sócio de Luciano Huck) 

“Brevemente o povo saberá que foi enganado por esses governadores e por grande parte da mídia nessa questão do coronavírus. […] Espero que não venham me culpar lá na frente pela quantidade de milhões e milhões de desempregados”. (Jair Bolsonaro, presidente do Brasil) 

“A chuva tá vindo aí, você vai se molhar. Agora, se você botar uma capinha aqui, tudo bem. Passa.” (Jair Bolsonaro, presidente da República do Brasil) 

“Claramente, em final de abril nosso sistema de saúde entra em colapso. O que é um colapso? Você pode ter o dinheiro, o plano de saúde, mas simplesmente não há sistema para você entrar”. (Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde)

Com informações de Leonardo Sakamoto, Josias de Souza, Ricardo Noblat, Reinaldo Azavedo, Carta Capital, Outra Saúde, Sul 21, o Globo, BR-18, Folha de SP, Fórum, Veja, Dora Kramer, BRPolítico, Vera Magalhães, Marcelo de Moraes e Radar

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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