25/04/2024 - Edição 540

Meia Pala Bas

Jogo Pesado

Publicado em 03/10/2014 12:00 - Rodrigo Amém

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"Tenho 62 anos e, pelo que eu vi na vida, dois iguais não fazem filho. E digo mais. Desculpe, mas aparelho excretor não reproduz”.

Acredito que eu aparente ser mais jovem. Ainda mais depois que passei a pintar o bigode. Enfim. Ao longo da minha existência, todos os casamentos que testemunhei – inclusive o meu – tinham como única função a geração de prole. Não faz sentido fazer sexo que não seja para reprodução. Seja oral, anal, com mulheres inférteis ou homens impotentes. O casamento de idosos só passou a ser legítimo depois do advento do Viagra.

É feio dizer isso, mas não podemos jamais, gente, eu que sou um pai de família, um avô, deixar que tenhamos esses que aí estão achacando a gente do dia a dia, querendo escorar essa minoria, à maioria do povo brasileiro. Como é que pode um pai de família, um avô, ficar aqui escorado porque tem medo de perder voto? Prefiro não ter esses votos, mas ser um pai, um avô, que tem vergonha na cara, que instrua seu filho, que instrua seu neto”.

Os outros candidatos aqui também concordam comigo. Só não falam porque tem medo de perder votos. Eu não tenho nada a perder. Minha prioridade é garantir que meus descendentes sejam adequadamente doutrinados e aprendam que seres humanos devem ser julgados e valorizados de acordo com suas orientações sexuais.

“Vamos acabar com essa historinha. Eu vi agora o santo padre, o papa, expurgar, fez muito bem, do Vaticano, um pedófilo. Está certo".

Pra mim, homossexualidade e pedofilia é a mesma coisa: uma abominação expressamente condenada por Deus na Bíblia. Mesmo que, desses dois, apenas o homossexualismo seja uma abominação expressamente condenada por Deus na Bíblia.

“Nós tratamos a vida toda com a religiosidade pra que nossos filhos possam encontrar, realmente, um bom caminho familiar”.

Sou contra tudo que possa ameaçar a unidade familiar. Homossexualismo, pornografia, maconha. Tudo. Menos divórcio.

“Então, Luciana, eu lamento muito. Que façam bom proveito se querem fazer e continuar como estão, mas eu, presidente da República, não vou estimular. Se está na lei, que fique como está, mas estimular jamais a união homoafetiva".

Quem combate a violência contra gays, estimula o homossexualismo. Um pai tem que ter o direito de esbofetear um filho afeminado até ele parar de desmunhecar ou, uma solução mais pacífica, expulsá-lo de casa. É para manter a família unida.

"O Brasil tem 200 milhões de habitantes, daqui a pouquinho vai reduzir para 100 [milhões]. Vai para a Avenida Paulista, anda lá e vê. É feio o negócio”.

Homossexualismo é contagioso e nojentinho. Se a gente não fizer alguma coisa, qualquer um pode acabar dando pinta na Paulista. Até eu!

“Gente, vamos ter coragem, nós somos maioria, vamos enfrentar essa minoria. Vamos enfrentá-los”.

Já que somos a maioria, temos o poder de julgar e recriminar o estilo de vida dos outros. Pau neles! Quer dizer, melhor não.

“Não tenha medo de dizer que sou pai, avô, e o mais importante, é que esses que têm esses problemas realmente sejam atendidos no plano psicológico e afetivo, mas bem longe da gente, bem longe mesmo porque aqui não dá".

Nós, que procriamos, temos o direito de segregar quem é diferente da gente. Isso quer dizer que vamos matar todos os homossexuais? Claro que não! Só queremos que eles sumam da NOSSA sociedade.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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