25/04/2024 - Edição 540

Viver Bem

O que acontece com seu corpo quando você dá à luz muitas vezes?

Publicado em 03/03/2020 12:00 -

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Sue Radford, a mãe britânica que tem o maior número de filhos, se prepara para dar à luz a seu 22º bebê. Mesmo que os Radford sejam um pouco fora do comum por terem tantos filhos assim, um número surpreendente de mulheres britânicas tem mais que a média nacional de 1,75 filho ao longo da vida. Na verdade, segundo o ONS (o Instituto Nacional de Estatísticas Britânico), 70 mil famílias britânicas em 2017 tinham mais de cinco filhos.

Quando uma mulher dá à luz mais de cinco vezes, que efeitos isso tem sobre seu corpo? É algo prejudicial ou que até mesmo a coloca em risco?

De acordo com a obstetra Daghni Rajasingam, não é o caso de simplesmente pressupor que quanto mais filhos você tiver, maiores serão os efeitos. Ela disse ao HuffPost UK que o corpo de cada mulher reage diferentemente à gravidez e ao parto. As reações podem depender de fatores que incluem a genética, idade, peso e complicações desconhecidas.

“A recuperação pode variar, dependendo de a mulher ter tido parto normal ou cesárea, se foi um parto múltiplo (de gêmeos, por exemplo) e se ela sofreu alguma laceração”, disse a obstetra.

Mas alguns médicos avisam que o aumento do número de partos eleva os riscos potenciais para a mãe – e para o bebê também. Um médico disse que quanto mais gestações uma mulher tem ao longo da vida, maior é o risco de complicações. O receio é que essas mulheres possam sofrer hemorragia após o parto, aponta Lois Brustman, professora adjunta de ginecologia e obstetrícia na Universidade Columbia.

Isso porque o útero, que é um músculo, fica mais esticado depois de cada gravidez. “Em consequência disso”, disse Brustman à LiveScience, “depois de passar por várias gestações, o músculo tem dificuldade em se contrair depois de a placenta se separar. Isso gera o risco de hemorragia.” Ela disse também que um tecido cicatrizado resultante de gestações passadas pode causar problemas com a placenta, incluindo o risco de um parto prematuro.

Dorothy Shaw, professora clínica de ginecologia e obstetrícia na Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, disse à CNN que existe uma ligação clara entre os países com alto índice de fertilidade, onde as mulheres têm seis a sete filhos, e os índices de mortalidade materna.

Shaw acredita que isso possa estar ligado à chamada “maternal depletion syndrome” (síndrome do esgotamento nutricional materno), em que a mãe não se recupera da doação de nutrientes cruciais entre uma gravidez e outra, e há ruptura uterina (rompimento das paredes do útero). “Quando você passa dos dois a três filhos, aumentam os riscos de complicações”, explica.

Um estudo conduzido pelo University of Texas Southwestern Medical Center em 2014 concluiu que o risco de doenças cardíacas dobra entre as mulheres que têm quatro filhos ou mais. A autora principal do estudo, Dra. Monika Sanghavi, disse na época que, embora as conclusões se somassem ao conjunto de evidências de que mudanças associadas à gravidez podem trazer indícios sobre o risco cardiovascular futuro de uma mulher, elas não constituíam “uma recomendação de que as mulheres não tenham mais de dois ou três filhos” e que precisavam ser estudadas mais a fundo. A sugestão dos autores do estudo é que eram necessárias mais pesquisas.

Quantos filhos uma mulher pode ter ao longo da vida sem que isso coloque sua saúde em risco? A resposta não é clara. “Não sei se o útero tem um limite”, diz Brustman.

No entanto, se você pretende ter muitos filhos, há algumas medidas que pode tomar para proteger seu corpo, diz Rajasingam, que é também a porta-voz da Real Escola de Obstetrícia e Ginecologia.

“Recomendamos que a mulher se mantenha com boa saúde, siga uma dieta balanceada, evite alimentos gordurosos e doces e se exercite regularmente antes, durante e após a gravidez”, ela disse.

Quaisquer dúvidas que você tenha devem ser apresentadas a uma parteira ou obstetra para que você receba o atendimento necessário. E não falte ao check-up médico previsto para seis semanas após o parto.

 Este texto foi originalmente publicado no HuffPost UK e traduzido do inglês


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