28/03/2024 - Edição 540

Comportamento

Fingir emoções no trabalho faz mal, diz estudo

Publicado em 28/01/2020 12:00 -

Clique aqui e contribua para um jornalismo livre e financiado pelos seus próprios leitores.

A maioria das pessoas acredita que emoções negativas não têm espaço no trabalho, e, portanto, devem ser escondidas a todo custo com falsas emoções positivas (por mais difícil que seja fazer isso). Porém, um estudo da Universidade do Arizona (EUA) recém-publicado no Journal of Applied Psychology indica que esse tipo de comportamento mais atrapalha do que ajuda.

De acordo com Allison Gabriel, professora associada de administração e organizações na Eller College of Management da Universidade do Arizona, nós temos duas formas de regular as emoções no trabalho: atuação de superfície e atuação profunda. "Atuação de superfície é fingir aquilo que você está demonstrando aos outros. Por dentro, você pode estar chateado ou frustrado; mas por fora, você está se esforçando para ser agradável ou positivo", ela explicou em um comunicado. "Atuação profunda é tentar mudar o que você sente por dentro. Quando você está atuando profundamente, na verdade, você está tentando alinhar como você se sente com como você interage com os outros."

No estudo conduzido por Gabriel e seus colegas, foram analisados funcionários de diferentes setores, incluindo educação, indústria, engenharia e finanças. No fim, os pesquisadores puderam identificar quatro perfis diferentes entre os voluntários: não-atores, que pouco investem na atuação profunda e na de superfície; atores baixos, que demonstram baixos níveis de atuação profunda e de superfície; atores profundos, que têm níveis mais altos  atuação profunda, mas baixos de atuação de superfície; e, por fim, reguladores, que têm altos níveis dos dois tipos de atuação.

Gabriel e sua equipe também encontraram diferentes propósitos para o regulamento de emoções, e os separaram nas categorias "prossocial" (que envolve a intenção de ser um bom colega de trabalho e cultivar relacionamentos positivos) e "administração de impressões" (que é mais estratégica e inclui ganhar acesso a recursos e compor uma boa aparência a colegas e gestores). O estudo demonstrou que enquanto aqueles com o perfil regulador se encaixavam mais no grupo de administração de impressões, os atores profundos tinham mais tendência a entrar para a categoria prossocial.

Por causa de seu comportamento, atores profundos têm mais benefícios no trabalho: ganham mais apoio de colegas, recebem mais conselhos e têm mais ajuda em suas tarefas. Os relatos dos voluntários da pesquisa com esse perfil também apontaram mais sucesso em metas de carreira e maior confiança por parte dos outros funcionários.

Por outro lado, ao se esforçarem em apenas fingir emoções, reguladores têm seu bem-estar afetado. "[Eles tiveram] índices mais altos de exaustão emocional, e se sentem menos autênticos no trabalho", apontou Gabriel.

A partir dessas descobertas, a pesquisadora defende que não adianta mascarar seus verdadeiros sentimentos sem realmente lidar com suas emoções. "Talvez colocar um sorriso no rosto só para fugir de uma interação seja uma saída mais rápida, mas, a longo prazo, isso abala os esforços para melhorar a sua saúde e seus relacionamentos de trabalho", reflete. "De muitas maneiras, tudo se resume a 'vamos ser legais uns com os outros'. Não só as pessoas se sentirão melhor como também a performance delas e seus relacionamentos melhorarão."


Voltar


Comente sobre essa publicação...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *