Meia Pala Bas
Publicado em 26/09/2014 12:00 - Rodrigo Amém
Clique aqui e contribua para um jornalismo livre e financiado pelos seus próprios leitores.
Eu acredito que o Brasil será um grande país. Mas vai demorar um pouco. Primeiro, vamos precisar aprender a ser um país. Desenvolver uma identidade. Isso que a gente faz em ano de Copa não vale. O buraco é um pouco mais embaixo.
Nações nascem de destroços. Da necessidade de união pela sobrevivência. Infelizmente, a história nos mostra que essa relação de interdependência só floresce na mais profunda adversidade. Então, ainda falta piorar muito antes de melhorar. Agora, a boa notícia: estamos quase lá.
Nações nascem de destroços. Da necessidade de união pela sobrevivência. Infelizmente, a história nos mostra que essa relação de interdependência só floresce na mais profunda adversidade.
Descontadas guerras e catástrofes naturais, o maior catalisador de adversidades da história é a classe média. A elite sabe se defender e até mesmo lucrar com o fosso social. Os pobres resignam-se à luta da vida diária. Mas a classe média está ali, na beira do precipício. É a camada que sente na pele a dilapidação de direitos e privilégios. É quem perde o carro. É quem se ressente da insegurança. Da gasolina. Do preço da faculdade dos filhos. A classe média é quem sente vergonha. É a classe média que sente medo.
É na frustração da classe média que nascem as revoluções. A guilhotina da revolução francesa, o fascismo europeu, a ditadura brasileira: movimentos com origens e objetivos diferentes, movidos por um elemento comum: a angústia da classe média.
O poeta William Congrave escreveu: “Não há, no inferno, fúria como a de uma mulher desprezada.” Congrave morreu em 1729. Ele não conheceu a fúria de uma classe média acuada.
Leia outros artigos da coluna: Meia Pala Bas
Deixe um comentário