23/04/2024 - Edição 540

Brasil

Evangélicos se aproximam dos católicos e são 30% da população

Publicado em 16/01/2020 12:00 -

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O número de evangélicos no Brasil tem se aproximado do total de católicos. De acordo com pesquisa Datafolha publicada no último dia 13, 30% dos brasileiros professam a primeira religião, enquanto 50% optam pela segunda.

Em seguida, aparecem os sem religião (10%), espíritas (3%), adeptos da umbanda, candomblé e outras religiões afro-brasileiras (2%), outras religiões (2%), ateus (1%) e judaica (0,3%).

Quando se compara com os católicos, entre os evangélicos, há uma prevalência de mulheres e de negros.

Elas são 58% dos evangélicos. Entre as congregações neopentecostais, que incluem igrejas como a Universal do Reino de Deus e a Renascer em Cristo, a participação feminina alcança 69%. Nas igrejas católicas, o percentual é de 51%, próximo aos 52% de mulheres na população do País.

Quanto à etnia, os que se declaram pretos ou pardos são 59% entre evangélicos e 55% entre católicos. Já os brancos, no catolicismo, são 36%, contra 30% na outra religião.

Apesar de serem maioria, Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, afirma que “boa parte das mulheres e dos negros mantém opiniões divergentes das que predominam nas igrejas”. “São os segmentos mais críticos ao governo Bolsonaro, que tem apoio explícito dos bispos. Para muitos evangélicos, especialmente os mais pobres, a realidade violenta e carente das periferias se sobrepõe às possíveis orientações políticas dos cultos”, disse, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo.

A pesquisa Datafolha foi feita entre 5 e 6 de dezembro de 2019, com 2.948 entrevistados em 176 municípios de todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Partidos buscam candidatos evangélicos e policiais

Surfando na onda que se fortaleceu em 2018, quando temas ligados à moral religiosa e à segurança pública foram muito explorados durante a campanha eleitoral, partidos políticos pretendem recrutar líderes evangélicos e policiais para disputar prefeituras em todo o Brasil.

“Com cerca de 20% do Congresso evangélico, será natural o crescimento dessas candidaturas majoritárias na eleição municipal”, afirma em entrevista ao jornal Valor Econômico o deputado Silas Câmara (Republicanos), presidente da Frente Parlamentar Evangélica e pré-candidato à prefeitura de Manaus.

A reportagem cita levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) apontando o crescimento das duas bancadas nas últimas eleições. A Frente Parlamentar Evangélica ganhou nove deputados em 2018, chegando a 84 representantes. Já a chamada bancada da bala teve um crescimento ainda maior, com 26 novos integrantes, chegando a 61 parlamentares.

Entre os nomes cogitados para as principais cidades figuram o deputado federal Marco Feliciano (sem partido), em São Paulo, e o também deputado Otoni de Paula (PSC), no Rio de Janeiro, que disputaria o eleitorado evangélico com o atual prefeito e bispo da Igreja Universal Marcelo Crivella. Os dois nomes teriam o apoio de Jair Bolsonaro, que ainda tenta viabilizar o seu Aliança pelo Brasil a tempo de disputar as eleições.

Em relação à nova legenda, o presidente conta com o apoio da bancada evangélica, que em dezembro prometeu se mobilizar para obter os 491.967 nomes necessários para a fundação do partido. De seu lado, Bolsonaro tem procurado manter mais estreitas as relações já próximas com os parlamentares.

O PSL é um dos partidos que deve apostar em nomes ligados à área de segurança pública. Em Curitiba, o deputado estadual Delegado Francischini está em segundo lugar nas pesquisas. Já em Manaus, o deputado federal Delegado Pablo (PSL-AM) é o postulante à prefeitura local, enquanto em Florianópolis a legenda deve lançar o comandante-geral da Polícia Militar de Santa Catarina Araújo Gomes.

Lula diz que PT precisa conversar com evangélicos nas próximas eleições

O ex-presidente Lula defendeu que o PT retome um diálogo com os evangélicos nas próximas eleições. Apesar de já ter feito parte da base de sustentação de governos petistas no passado, o segmento atualmente é um dos mais fiéis ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"Eu acho que tem um espaço pra discutir religião nesse país muito grande. Eu quero entrar nessa. Eu tenho até um jeitão de ser pastor, tenho um jeitão, tô de cabelo branco… Eu posso ser pastor ou pode ser padre, é só a igreja acabar com o celibato que eu topo", brincou.

Em entrevista à TV do Trabalhador, vinculada ao PT, Lula afirmou que nenhum governo tratou os evangélicos tão bem quanto o dele. "Eu quero que você vá perguntar pro seu Edir Macedo, pro seu Crivella quem é que tratou eles melhor, quem é que tratou eles com mais respeito e mais decência", afirmou.

Citados por Lula, o líder da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e o seu sobrinho, que atualmente é prefeito do Rio de Janeiro, apoiaram Bolsonaro nas eleições de 2018. Além deles, outras importantes lideranças do segmento, como Silas Malafia, R.R Soares e Valdemiro Santiago, também fizeram campanha a favor do militar e contra Fernando Haddad, candidato do PT.

De acordo com Lula, da mesma forma como os evangélicos apoiaram Bolsonaro nas eleições passada, eles também já o endossaram em pleitos anteriores. "A cada eleição as pessoas mudam com a quantidade de informações que ela recebe", explicou.

Lula citou o episódio da mamadeira em formato de pênis, fake news que circulou durante as eleições de 2018 contra Haddad, e afirmou que a história não "pegaria" com ele, mas que é necessário dar respostas a essas mentiras.


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