25/04/2024 - Edição 540

Comportamento

Mais polêmica sobre os “genes gays”

Publicado em 12/11/2019 12:00 -

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Há cerca de dois meses, a divulgação de uma pesquisa sobre genética e homossexualidade na Science provocou várias discussões e preocupações relevantes (leia aqui). Em poucas palavras, o trabalho concluía que o comportamento sexual poderia ser em (pequena) parte explicado pelo DNA, embora não houvesse um gene único responsável por isso.

Os primeiros resultados – negativos – já começaram a aparecer. Um aplicativo chamado “How gay are you?”, criado pelo empresário Joel Bellenson, foi lançado no início do mês afirmando se basear no estudo para medir o nível de atração de uma pessoa por outras do mesmo sexo, de acordo com seus genes. O app foi posto à venda na GenePlaza, um mercado online de ferramentas de interpretação de DNA. Por US$ 5,50, a pessoa poderia subir seus dados genéticos (previamente fornecidos por empresas de sequenciamento de DNA, cada vez mais populares nos EUA e na Europa) e ver seus ‘resultados’.

Os cientistas responsáveis ​​pelo estudo da Science dizem que o aplicativo deturpa seu trabalho. Benjamin Neale, geneticista do Broad Institute e autor da análise científica, enviou uma carta para a GenePlaza pedindo que o aplicativo fosse desativado ou que ao menos as referências à sua pesquisa fossem retiradas. Bellenson mudou o nome do app para “122 Shades of Grey” e adicionou uma nota explicando que os autores do estudo não eram afiliados ao projeto. E depois, no último dia 24, o app foi removido da GenePlaza.

Mas a questão continua preocupando. Cientistas e conselheiros genéticos dizem que essas ferramentas não regulamentadas podem prejudicar indivíduos, causando problemas como ansiedade, despesas médicas desnecessárias e estigmatização. “É o faroeste da genética”, diz Erin Demo, conselheira genética do Sibley Heart Center Cardiology em Atlanta. Para completar, Bellenson vive em Uganda, onde a homossexualidade é punível com prisão. Joseph Vitti, geneticista computacional do Broad Institute em Cambridge, não descarta que autoridades possam se apossar dos resultados de uma pessoa e usá-los como evidência de preferências sexuais.


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