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Maduro: ‘Estúpido Bolsonaro apoiar Pinochet e dizer que sou ditador’

Publicado em 17/09/2019 12:00 -

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Nicolás Maduro classifica como “estúpido” quem considera seu governo na Venezuela uma “ditadura”. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, publicada nesta terça-feira 17, o líder bolivariano declarou que mesmo Pepe Mujica, ex-presidente uruguaio de esquerda, comete uma “estupidez histórica” ao dizer que o regime venezuelano é ditatorial. No caso de Jair Bolsonaro, Maduro diz que o presidente brasileiro é um “extremista ideológico” e exalta o chileno Augusto Pinochet, a quem o venezuelano chama de “Hitler sul-americano”.

‘É uma estupidez que ele [Bolsonaro] se declare admirador de Pinochet e diga que a revolução bolivariana é uma ditadura”, afirma Maduro. Segundo ele, Bolsonaro “não conhece a história da América Latina nem da Venezuela”. Ainda assim, ele classifica a oposição venezuelana, liderada por Juan Guaidó, como uma “pior do que o Bolsonaro, à direita do Bolsonaro”.

“Em 20 anos, fizemos 25 eleições, de presidente, governadores, prefeitos, parlamentares. As forças bolivarianas, chavistas, ganhamos 23 eleições.  De 23 governadores na Venezuela, 19 são bolivarianos. De 335 prefeitos e prefeitas, 307 são nossos, vencedores com votos. Tudo o que temos sempre foi pelo voto popular”, diz Maduro para negar que viole a democracia.

“A Venezuela é uma democracia sólida. Ameaçada. Assediada. Há regras, há leis, em um país, que são cumpridas. Mas isso não impede, nem impedirá, que a oposição esteja, como está, livremente nos meios, nas ruas. E que se apresente aos processos eleitorais e tenha vitórias e tenha derrotas”, completa o governante.

Maduro questiona relatório da ONU divulgado recentemente pela alta comissária para Direitos Humanos da entidade, Michelle Bachelet, que aponta perseguição e assassinato de opositores cometidos por seu regime. “Eu tive uma longa conversa com Bachelet em sua visita aqui. E temos uma polêmica dura com ela. Bachelet repetiu o mesmo informe do antigo Alto Comissário [Zeid Al Hussein]. Ela repetiu as mesmas mentiras [Bachelet afirma, entre outras coisas, que há prisões arbitrárias, torturas e degradação econômica no país]. Sem sustentação, sem nenhuma prova”, alega o venezuelano.

Na entrevista, Maduro comentou a invocação do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (Tiar) pela Organização dos Estados Americanos (OEA) que pode resultar em intervenção militar na Venezuela. “É um tratado morto, e o único que resta é sepultá-lo abaixo da terra, bem sepultado. E defender o direito à paz, à não intervenção militar do povo da Venezuela. Eu estou seguro de que isso vai prevalecer por cima de tudo”, avaliou.

O presidente venezuelano justificou, ainda, exercícios militares que seu regime tem promovido na fronteira com a Colômbia alegando que o país vizinho tem interesse em promover uma guerra.

“Eu tive que fazer uma mobilização militar porque tínhamos informações de inteligência de que essas ameaças e acusações falsas iam provocar um ataque ao território venezuelano. [A Colômbia quer fazer uma guerra] porque têm 70 anos de guerra, e a guerra é um negócio para eles. Porque a oligarquia que governa Bogotá está subordinada, de joelhos, à estratégia militar e geopolítica do império estadunidense. É a ponta de lança da agressão contra a Venezuela”, disse.

Embora afirme que a Venezuela tem um exército pronto para lutar, Maduro afirma querer o diálogo e não uma guerra contra países que não reconhecem sua eleição como presidente da Venezuela e reconhecem Juan Guaidó como chefe de Estado do país, como o Brasil e os Estados Unidos.

“Eu não quero falar de guerra. Quero falar de paz. Eu sou cristão, convencido, praticante, de oração e de ação. Estou convencido de que aqui vai triunfar a paz frente às ameaças e às loucuras da ultradireita, de Bolsonaro, de Trump e de toda essa gente”, afirma Maduro. “Fui chanceler do comandante Hugo Chávez [morto em 2013] durante quase sete anos. Conheço a vida diplomática. E desde que sou presidente tenho dito aos EUA que o único caminho que temos no século 21 é o diálogo”, acrescenta.


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