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Viver Bem

Cigarros eletrônicos devem ser banidos em NY por riscos à saúde; entenda

Publicado em 17/09/2019 12:00 -

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Após duas pessoas terem mortes relacionadas ao uso de cigarros eletrônicos, autoridades norte-americanas estão considerando banir o produto do mercado. Além dos falecimentos, mais de 200 pacientes foram hospitalizados nos últimos dois meses com doenças respiratórias relacionadas aos chamados vapers.

O governador de Nova York, Andrew Cuomo, disse que vai pressionar pela proibição de alguns tipos de cigarros eletrônicos. A medida segue uma proibição semelhante promulgada pelo estado de Michigan, tal como um pedido do presidente Donald Trump, que recentemente sinalizou para as autoridades considerarem uma proibição federal de certas substâncias usadas juntamente com os vapers.

"O governo Trump está deixando claro que pretende tirar do mercado os cigarros eletrônicos com sabor para reverter a epidemia profundamente preocupante do uso de vapers por jovens, o que está afetando crianças, famílias, escolas e comunidades", disse o secretário de Saúde e Serviços Humanos, Alex Azar, em comunicado. "Não vamos ficar à toa, pois esses produtos se tornam uma porta de entrada para cigarros e dependência de nicotina pela geração de jovens."

Para os especialistas em saúde, a atitude do governo Trump faz sentido. Existem muitos mitos que circundam os cigarros eletrônicos, como a ideia de que a fumaça não é danosa para quem está ao redor do usuário, ou a percepção de que são menos perigosos.

Além da potencial toxicidade de subprodutos químicos, que podem prejudicar os usuários a longo prazo, os vapers demonstram outro risco à saúde: a nicotina líquida é extremamente tóxica quando ingerida. "O cigarro eletrônico tem a reputação de ser seguro por ser comprado sem dificuldades, mas pode ser fatal facilmente se usado em altas doses", afirmou Robert A. Bassett, toxicologista médico, ao Live Science.

Reino Unido

As mortes nos EUA tiveram reflexo no Reino Unido, principalmente após uma parte do departamento de saúde do governo, o Public Health England, se pronunciar a favor do uso de cigarros eletrônicos. Para eles, os aparelhos ajudam fumantes adultos a migrarem dos cigarros comuns para os vapers, considerados menos perigosos.

Charlotta Pisinger, presidente do Comitê de Controle do Tabaco da Sociedade Respiratória Europeia, uma coalizão internacional de médicos e cientistas, criticou aqueles que defenderam os cigarros eletrônicos. "Na Europa, proibimos os cigarros com sabores porque sabemos que isso atrai os jovens ao fumo", disse ela ao The Guardian.

“Os cigarros devem ter gosto de cigarro e não de doce. Os vapers têm gosto de doces e, frequentemente, vemos em pequenas lojas onde são vendidos os cigarros eletrônicos de um lado e os doces do outro. Claro que atrai crianças", alegou a especialista. 

Pisinger também declarou que compreende a importância dos vapers na vida de fumantes adultos, mas, para ela, os problemas são maiores que os benefícios — e podem ser mais prejudiciais a longo prazo. "É muito mais importante que não experimentemos uma nova epidemia de cigarros eletrônicos. Sabemos que existem evidências substanciais de que o uso de cigarros eletrônicos aumenta o risco de fumar cigarros convencionais. Por isso, seu uso também dará início a uma nova epidemia de tabagismo”, ponderou.

Além disso, como reportou a California Healthline, diversas pessoas que começaram a usar vapers para pararem de fumar relataram que os aparelhos tiveram o efeito inverso: agora elas estão mais viciadas em nicotina. "Comprei um Juul [marca famosa de vaper] para parar de fumar… Agora estou fumando cigarros para parar de fumar cigarros eletrônicos", disse um usuário do produto no Twitter.

Nos últimos cinco anos, apenas 74 casos de problemas de saúde ocorridos no Reino Unido foram associados a cigarros eletrônicos, dos quais 49 foram considerados graves. Para alguns especialistas, isso indica que, nos Estados Unidos, o grande número de doenças relacionadas aos vapers talvez esteja ligado às pessoas que inalam acetato de vitamina E, um agente químico presente no óleo de cannabis, frequentemente utilizado nos vapers.

Para Charlotta Pisinger, a questão faz sentido, mas os riscos ligados ao uso de cigarros eletrônicos não devem ser descartados, principalmente considerando as últimas pesquisas científicas: "Estamos obtendo cada vez mais informações sobre o que está acontecendo no corpo quando as pessoas fumam, como isso pode afetar o sistema cardiovascular, os pulmões, etc., e há evidências de que esses produtos são prejudiciais", destacou.


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