19/04/2024 - Edição 540

Brasil

Número de desempregados sobe e volta a romper patamar de 13 milhões

Publicado em 29/03/2019 12:00 -

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No momento em que as projeções para a expansão da economia brasileira em 2019 são reduzidas e as sondagens mostram que empresários estão menos dispostos a investir e contratar, o número de desempregados voltou a romper o patamar dos 13 milhões em fevereiro – desde o trimestre encerrado em agosto do ano passado o desemprego não atingia tantas pessoas. As informações são da Pnad Contínua, divulgada pelo IBGE nesta sexta-feira.

A taxa de desemprego ficou em 12,4% no trimestre encerrado em fevereiro. Nos três meses de setembro a novembro, que servem como base de comparação, a taxa havia ficado em 11,6% e o desemprego atingido 12,2 milhões de pessoas. Há um ano, a taxa estava mais alta: era de 12,6%.

A população ocupada, estimada em 92,1 milhões de pessoas, caiu 1,1% ou menos um milhão em relação ao trimestre encerrado em novembro. Mas cresceu no mesmo ritmo na comparação com o trimestre encerrado em fevereiro do ano passado. Dos trabalhadores ocupados, 39,676 milhões estavam na informalidade. Isso representa 43% do total da força do trabalho no país.

Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, explica que a alta da taxa já era esperada porque janeiro e fevereiro são dois meses de dispensa dos trabalhadores temporários contratados no fim do ano anterior.

Essas dispensas, este ano, ocorreram igualmente no setor público e no privado. No caso do público, a maioria das demissões foi de professores que não eram concursados. No setor privado, houve muitos desligamentos na indústria (-198 mil pessoas empregadas) em relação ao trimestre encerrado em novembro.

— Tal como a carteira de trabalho assinada, a indústria é um indicativo da atividade e econômica. E houve dispensa significativa nesse setor, de trabalhadores homens e de baixa instrução — disse Cimar. 

Por outro lado, o único grupo que cresceu foi o de transportes, alta de 133 mil pessoas em relação a novembro, puxada pelo setor de transporte de aplicativo, como Uber e Cabify.

— Basta você ter um carro para poder trabalhar, não disputa vaga com ninguém — explica o coordenador do IBGE.

Segundo o IBGE, no trimestre encerrado em fevereiro, um total de 65,7 milhões de pessoas não estavam trabalhando nem buscando uma vaga. Esse número representa uma alta de 1,2% de brasileiros nessas condições em relação ao mesmo trimestre de 2018. É um número recorde de pessoas fora da força de trabalho.

A taxa de subutilização da força foi de 24,6%, outra alta em relação ao trimestre anterior, quando havia ficado em 23,9%. A população subutilizada, estimada em 27,9 milhões de pessoas, é recorde para a série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.

Trabalhadores subocupados

A alta foi de 900 mil pessoas em relação aos três meses encerrados em novembro do ano passado e mais 795 mil pessoas em relação ao mesmo período de 2018.

Os subutilizados são aqueles trabalhadores subocupados por insuficiência de horas trabalhadas (têm jornada inferior a 40 horas semanais e estavam disponíveis e gostariam de trabalhar mais), os desempregados, as pessoas que procuraram trabalho mas não estavam disponíveis para trabalhar por alguma razão e aqueles que estavam disponíveis para uma vaga mas não estavam procurando emprego porque haviam desistido da busca, os chamados desalentados.

O grupo dos que desistiram de procurar trabalho também bateu recorde. Essa condição era a de 4,9 milhões de pessoas no trimestre encerrado em fevereiro — estabilidade em relação ao trimestre anterior, mas alta de 6% ou mais 275 mil pessoas em relação a um ano antes.

Trabalhadores com carteira

O número de trabalhadores com carteira ficou estável em 33 milhões de pessoas nas duas comparações. Já os sem carteira — 11 milhões— caíram em relação ao trimestre anterior, 4,8% ou menos 561 mil pessoas trabalhando sem direitos. Mas esse grupo cresceu 3,4% ou mais 367 mil pessoas em relação ao mesmo período de 2018. Os trabalhadores por conta própria foram estimados em 23,8 milhões — alta de 2,8% em relação a fevereiro de 2018 e estabilidade na comparação com o trimestre anterior.

Na semana passada, o Ministério da Economia divulgou os dados referentes ao mercado formal. Em fevereiro, foram geradas 173,14 mil vagas com carteira de trabalho, o melhor resultado para o mês em cinco anos, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).  

Rendimento médio

O rendimento médio real habitual do trabalhador foi estimado em R$ 2.285: cresceu 1,6% frente ao trimestre anterior e ficou estável em relação a um ano antes. A massa de rendimentos foi de R$ 205,4 bilhões e ficou estável em ambas as comparações.

Segundo Cimar, a alta da renda média registrada nesse trimestre, em relação ao anterior, é reflexo do reajuste do salário mínimo, em vigor desde primeiro de janeiro, quando passou de R$ 954 para R$ 998 ou mais 4,6%.

ENTENDA OS NÚMEROS

13,1 milhões de desempregados

São os brasileiros que buscaram uma vaga na semana da pesquisa do IBGE mas não encontraram.

4,9 milhões de desalentados

São os trabalhadores que estão desempregados mas nem procuraram vaga na semana. Inclui quem se acha muito jovem, muito idoso, pouco experiente, sem qualificação ou acredita que não encontrará oportunidade no local onde reside. O número de desalentados é influenciado por vários fatores, até por notícias relacionadas à crise. Parte das pessoas que tem contato com informações sobre aumento de número de desempregados simplesmente desiste de procurar. O número se manteve recorde em fevereiro.

6,7 milhões de subocupados

São brasileiros que fizeram algum tipo de trabalho, mas que dedicaram menos de 40 horas semanais a isso e gostariam de trabalhar por um período maior. Um profissional freelancer ou alguém que faça bicos e não está conseguindo muitos trabalhos se encaixa nessa situação.

27,9 milhões de trabalhadores subutilizados

Este grupo inclui, além dos desempregados, os desalentados, os subocupados por insuficiência de horas trabalhadas e ainda a força de trabalho potencial. Com 8,1 milhões de brasileiros nessas condições em fevereiro, a força de terabalho potencial considera duas situações: 1) quem procurou uma vaga mas, por algum motivo qualquer (como, por exemplo, cuidar de um parente doente), não estava disponível para trabalhar na semana da pesquisa do IBGE; 2) quem não procurou uma vaga, mas estava disponível para trabalhar na semana de referência.

65,7 milhões fora da força de trabalho

São pessoas em idade ativa, ou seja, com mais de 14 anos, mas que não estavam trabalhando nem buscando emprego. Em momentos de crise prolongada de emprego, além de aumentar o desalento, costuma crescer também o número de pessoas fora da força de trabalho.


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