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Publicado em 08/02/2019 12:00 -
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O papa Francisco celebrou uma missa histórica para cerca de 180 mil pessoas no último dia 5 em Abu Dhabi, a capital dos Emirados Árabes Unidos.
O público foi composto, em sua ampla maioria, por católicos asiáticos que foram ao país árabe em busca de trabalho e hoje vivem como imigrantes, sem cidadania. Segundo os organizadores, havia também cerca de 4 mil muçulmanos presentes.
Na missa, o papa abordou os problemas enfrentados por quem vive como imigrante, como a dificuldade de se viver longe de casa, de sentir a ausência das pessoas mais queridas e a incerteza perante o futuro.
"Mas o Senhor é fiel e não abandona os seus", ressalvou o líder católico, no palco no centro do estádio Zayed, cuja capacidade estava praticamente completa.
Ele também se referiu à vida como cristão no país muçulmano, onde os imigrantes são a maior parte da população e onde vivem cerca de 1 milhão de católicos.
"Desejo-vos que estejais assim, enraizados em Jesus e dispostos a fazer o bem a todos os que estão perto de vós. Que as vossas comunidades sejam oásis de paz", afirmou.
O diálogo interreligioso e a convivência entre pessoas de fés diferentes também foram abordados por Francisco. "Não entrem em discussões ou disputas: enquanto muitos marcharam vestidos com armaduras pesadas, São Francisco lembrou que o cristão está armado apenas com a sua fé humilde e o amor concreto", disse.
"[São] Francisco estabeleceu não só a paz e a harmonia com os seguidores de outras religiões, mas também dentro da própria Igreja, porque o cristão promove a paz, começando pela comunidade em que vive", declarou o papa.
"Eu peço a vós a graça de preservar a paz, a unidade, para que se encarreguem uns dos outros, com aquela bela fraternidade que faz que não haja cristãos de primeira e segunda classe", declarou aos fiéis de várias nacionalidades e classes sociais.
Na véspera, Francisco participou de um encontro interreligioso em Abu Dhabi, no qual condenou enfaticamente toda a violência cometida em nome de Deus. "Usar o nome de Deus para justificar o ódio e a violência contra o irmão é uma grave profanação, não há violência que encontre justificação na religião", disse.
Francisco acrescentou que não se deve cair na "tentação recorrente de julgar os outros como inimigos e adversários". "Não há alternativa: ou construímos o futuro juntos ou não há futuro", disse o papa junto ao memorial do fundador dos Emirados Árabes Unidos.
"As religiões de uma maneira especial não podem renunciar à urgente tarefa de construir povos e culturas", assinalou o pontífice depois de anunciar a assinatura de um protocolo de fraternidade humana com o grande imã de Al Azhar, a principal instituição do islamismo sunita.
Ele apelou ainda em favor da liberdade de religião, enfatizando que ela não se limita à liberdade de culto, mas que uma pessoa não pode ser forçada a professar uma fé.
Papa pede fim das guerras no Oriente Médio
Francisco também pediu o fim das guerras no Oriente Médio, cujas "nefastas consequências" são visíveis atualmente "no Iêmen, Síria, Iraque e Líbia".
Os Emirados Árabes Unidos fazem parte da coalizão militar liderada pela Arábia Saudita contra o Iêmen.
"A fraternidade humana exige de nós, representantes das religiões, o dever de banir qualquer nuance de aprovação da palavra guerra, sinônimo de miséria e crueldade. Suas consequências nefastas são visíveis atualmente no Iêmen, na Síria, no Iraque e na Líbia", disse.
Dos quatro países citados, três passam atualmente por uma guerra civil (Síria, Líbia e Iêmen), enquanto o governo iraquiano segue enfrentando a ameaça de grupos radicais islâmicos.
"Juntos, irmãos da única família humana desejada por Deus, devemos nos comprometer contra a lógica do poder armado, contra a monetização das relações, armamento das fronteiras, construção de muros, o engasgo dos pobres".
Justificar "o ódio e a violência" em nome de Deus é "uma grave profanação", declarou ainda.
"Em nome de Deus Criador, é preciso condenar sem vacilação toda forma de violência, porque é uma grave profanação do nome de Deus usá-lo para justificar o ódio e a violência contra o irmão", disse Francisco, acrescentando: "Não há violência que possa ser religiosamente justificada".
Em seu discurso, o papa também fez um apelo à "liberdade religiosa", ressaltando que ela "não se limita apenas à liberdade de culto" e que nenhuma prática religiosa deve ser "forçada" a outra pessoa.
"A liberdade religiosa (…) vê no outro um verdadeiro irmão, um filho da mesma Humanidade que Deus deixa livre e que por consequência nenhuma instituição humana pode forçar", declarou diante de centenas de líderes de várias religiões.
A viagem de três dias teve como principal objetivo melhorar a relação entre a Igreja Católica e os líderes muçulmanos.
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