19/04/2024 - Edição 540

True Colors

Sou Trans e Quero Dignidade e Respeito

Publicado em 03/04/2015 12:00 - Guilherme Cavalcante

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A comunidade T de São Paulo, como sempre, não dá descanso para a transfobia. Numa reivindicação pelo fortalecimento das legislações em prol da comunidade TT (lembrando que diferentemente das reivindicações LGB, as lutas TT beneficiam a comunidade como um todo), um grupo independente de ativistas trans iniciou a campanha, que é nacional, “Sou Trans e Quero Dignidade e Respeito”.

Esta é uma ação para empoderar as lutas desse segmento, promovendo visibilidade e também para levar o debate à sociedade. A ideia original era que no dia 29 de março todos os vídeos fossem postados, mas a iniciativa rompeu as barreiras e tem gente postando vídeo até hoje. E o mais bacana é que qualquer pessoa pode participar, basta publicar no seu Facebook um vídeo caseiro, que pode ser gravado do próprio celular ou webcam, e dizer o texto-padrão da campanha.

Se você for uma mulher trans o texto é: “Olá, meu nome é (nome social), sou (identidade de gênero). Como disse Simone de Beauvoir: Não se nasce mulher, torna-se. Portanto, e exatamente assim que quero ser tratada, Sou (profissão ou ocupação), resido na cidade de (cidade e estado). Meu nome é (nome social). Sou trans e quero dignidade e respeito!”. Simples assim!

Os homens trans poderão adaptar o texto e a fala do vídeo de acordo com sua identidade, Exemplo: Parafraseando Simone de Beauvoir. NÃO SE NASCE HOMEM, TORNA-SE. Pessoas transgênero não-binárias ou agênero também podem fazer suas adaptações, assim como pessoas cisgênero podem manifestar seu apoio.

Lembrando que pessoas TTs reivindicam o fortalecimento das legislações (ou a criação das mesmas) para garantir o direito à identidade de gênero. Atualmente, conta-se com a Resolução Nº 11 de 18/12/2014, que estabelece os parâmetros para a inclusão dos itens “orientação sexual”, “identidade de gênero” e “nome social” nos boletins de ocorrência emitidos pelas autoridades policias nas delegacias em todo o Brasil e com a Resolução Nº 12 de 16/01/2015, que estabelece parâmetros para a garantia das condições de acesso e permanência de Travestis, Mulheres Transexuais e Homens Trans nos sistemas e instituições de ensino (que foi tema de uma das colunas passadas). Outro dispositivo legal, este ainda mais importante, é a aprovação do PL 5003/2013, Lei de Identidade de Gênero (Lei João Nery).

E aí, vamos fazer um vídeo?

 

RPDR feat. Herbert Richards

Agora, uma pequena pausa para falar de Rupaul’s Drag Race, a série mais babadeira da televisão mundial que vocês sabem que eu adoro. A série está na sétima temporada e até o o que rolou na última segunda-feira contou com momentos para lá de emocionantes, de deixar a gente boquiaberto do mesmo jeito que a double sashay away da quinta temporada, só que pior.

Quem assistiu ao episódio passado pode presenciar o momento mais tenso de todas as temporadas até hoje, uma conversa tete a tete de Rupaul e Pearl, com direito a shade, faíscas e sangue nos olhos, ou seja: pura emoção! Não vou me delongar sobre a cena porque sei que tem gente que ainda não assistiu, mas acho que dá para abrir as aspas e mostrar um pouco da criatividade brasileira.

Daí que o pessoal da UmNoveNove fez uma redublagem, digamos assim, hilária do momento. E eu disse para mim que se isso não corresse os quatro cantos do país eu não teria razão para viver. Sim, estou tentando dizer que é muito engraçada e que você precisa subir um pouco a página e assistir a isso para ontem. Mas cuidado, contém spoilers!

 

Tomou?

A repórter Gabi Moreira, do programa Bate-Bola da ESPN, mostrou que jornalista podem, sim, combater os preconceitos, mesmo ao vivo em rede nacional. Durante uma entrevista com um torcedor do Palmeiras, a jornalista não mediu as palavras para repreender um comentário homofóbico e absolutamente desnecessário. Gabi foi elogiada pelos âncoras do telejornal.

E como é de se esperar com o inusitado, o vídeo (que você vê acima) circulou a rede e se tornou viral. Claro, dividiu opiniões, mas o que importa é que mais uma pessoa mostrou que é fácil não ceder à omissão pela “etiqueta televisiva”. Vale lembrar que a repercussão foi mundial e que jornais do mundo inteiro destacaram a ação da repórter como positiva e emponderada.

Leia outros artigos da coluna: True Colors

Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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