24/04/2024 - Edição 540

Ogroteca

Metal Gear

Publicado em 13/07/2022 12:00 - Fernando Fenero

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Em 1987 a Konami já tinha alguns acertos na indústria dos videogames, a ponto de apostar no jovem Hideo Kojima e seu ambicioso projeto.

Os fliperamas faziam muito sucesso, os videogames caseiros estavam de volta ao mercado graças ao enorme sucesso do Nintendo Entertaiment System, conhecido no Brasil como Nintendinho mas que por aqui se multiplicou em diversos clones como Top Game, Dynavision e Phantom System, a derrocada da Atari havia ficado no passado e a Nintendo oferecia a melhor experiência em games.

Os computadores domésticos começaram a se popularizar, e eram muito diferentes do que conhecemos hoje em dia, tendo no MSX um ótimo exemplo, um aparelho ligado a televisão, com teclado e mídias em fita K7 e disquetes.

E havia a guerra fria. Estados Unidos e União Soviética mantinham uma relação conturbada que mexia em todo xadrez político mundial, a desconfiança era mútua e havia um medo real de um hecatombe nuclear.

Tudo isso influencia demais Kojima e sua obra, que aproveita o bom momento dos computadores domésticos, o sucesso do Nintendinho e usando o tema de espionagem para criar um dos melhores jogos dos 8 bits e de toda terceira geração, aproveitando bem da base criada com os dois anos de vida do console e seu enorme sucesso.

E Metal Gear era diferente do que havia no mercado, em 1987 os gêneros de tiro e briga de rua reinavam ao lado da ação em plataforma, dificuldades altíssimas herdadas dos fliperamas que ganhavam dinheiro com sua falência em fichas somadas com a necessidade de tornar tudo difícil para tornar o jogo mais longo já que os recursos da época eram poucos. Enquanto Contra era um exemplo disso, unindo dificuldade e exigência de destreza com as mãos, Metal Gear tinha uma proposta diferente.

Na pele do agente Solid Snake, o jogador tinha uma visão em terceira pessoa que via por cima do cenário, e tinha que progredir silenciosamente sem ser notado pelos soldados do inimigo. Em Metal Gear não era importante atirar primeiro, mas sim evitar conflitos sem ser visto. Na história o agente Solid Snake é enviado por Big Boss a base sul africana de Outer Heaven, que parte para a ação após Gray Fox (outro soldado da organização FOXHOUND) desaparecer em ação na mesma localidade.

E é preciso encerrar aqui a explicação sobre o roteiro, Kojima é brilhante e esse é um de seus melhores momentos da carreira, mesmo sendo a estreia e praticamente criação do gênero stealth, com uma história digna dos melhores filmes de ação de Hollywood, saindo dos clichês da guerra fria.

Hoje sabemos que o lançamento oficial do game para o MSX faz dele limitado, e exatamente por isso que a ideia de andar pelo mapa sem ser notado foi usada, mas a realização e o roteiro tão bem feito fazem do game uma obra obrigatória para quem ama os videogames, e um ótimo ponto de partida para quem quer hoje conhecer toda a franquia Metal Gear.

A versão de Nintendinho chegou nos Estados Unidos bem modificada, e sem envolvimento de Kojima foi considerada pelo autor “um lixo total” em sua biografia, e quem joga pode notar o grau de exigência de um dos maiores gênios da história dos videogames em dizer algo assim de uma adaptação tão competente.

Infelizmente uma história tão boa assim deveria ultrapassar a barreira dos videogames, sendo adaptado para outras mídias, ou como um filme, ou série para streaming, e porque não uma animação?

Infelizmente a Konami e Kojima romperam as relações, e a chance da empresa autorizar algo do tipo é minúscula, sendo assim, eu dá pra curtir uma gameplay completa do jogo no Youtube e curtir como se fosse um filme, o jogo completo pode ser zerado em duas horas.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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