Ogroteca
Publicado em 10/06/2022 12:00 - Fernando Fenero
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Star Trek Discovery estreou em 2017, e assim como a série original trouxe para a ficção a representatividade que ainda encontra resistência na cultura pop em geral. Se a série da década de 60 foi audaciosa ao colocar uma mulher negra e um asiático dividindo o protagonismo da ponte de comando do Capitão Kirk, Discovery oferece o protagonismo de Michael Burnham, uma mulher humana adotada por pais vulcanos e meia irmã de Spock.
Isso já irritou a fanbase que apesar de consumir um produto com uma linha ideológica clara e muito progressista, parece que boa parte dos fãs agora está resistente a “novidades”. Discovery não para por aí, temos um alienígena em posição importante na nave, um casal de mulheres, e uma personagem não binária que prefere ser tratada com pronomes neutros, fato respeitado por toda tripulação sem maiores dilemas.
O maior chilique envolvendo Star Trek Discovery não vem de nada disso, mas de uma cadeira de rodas, e a reclamação encontrou voz inclusive em gente renomada da mídia que concordou com essa repulsa.
Para entender a reclamação é preciso entender que Stark Trek fala de um momento onde a humanidade superou todos os problemas domésticos planetários, não existe fome, não existe miséria, todo humano tem acesso a saúde, educação, alimentação, e pode se dedicar a carreira artística ou a um hobby sem dores sociais já que as inteligências artificiais cuidam de quase tudo. A expansão para o universo se baseia nisso, a humanidade está em um patamar evolutivo onde passa a oferecer solução para outros povos, e serve de exemplo de civilidade.
As doenças não existem mais nesse futuro utópico e completamente antagônico de obras como Blade Runner, um mundo ideal onde a medicina resolve todo problema. Então voltamos a cadeira de rodas que aparece em poucos frames da segunda temporada em um corredor da nave Discovery, e a revolta que ela causou.
Fãs radicais acusam Discovery de estragar o “lore oficial” da série quando na verdade é só mais do mesmo desde dos anos 60, o incomodo na verdade é com o protagonismo negro, asiático e da representação da pessoa em cadeira de rodas.
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