25/04/2024 - Edição 540

Conexão Brasília

A paz ainda não chegou para as mulheres da Caixa

Publicado em 01/07/2022 12:00 - Rafael Paredes

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Apesar de toda repercussão na imprensa e o apoio de grande parte da sociedade, as bravas e heroicas mulheres da Caixa ainda se encontram longe da paz. Na última terça-feira (28), o portal de notícias Metrópoles divulgou uma robusta matéria com vídeos de depoimentos de funcionárias da Caixa Econômica Federal (CEF) denunciando casos de assédio sexual cometidos pelo presidente do banco, Pedro Guimarães.

A notícia caiu como uma bomba em Brasília e formou a mais nova crise do Governo Bolsonaro. Na quarta-feira (29), Pedro Guimarães renunciou entregando uma lamuriosa carta negando as acusações. Na quinta-feira (30), áudios gravados com evidentes assédios morais praticados por Guimarães também foram divulgados pelo Metrópoles e novas denúncias apareceram.

E vem mais denúncias, dados e registros por aí. Fontes informam que Pedro Guimarães agia de forma sádica, descontrolada e demonstrava ter problemas com a sua sexualidade. Apesar de todas as denúncias, do Ministério Público, da imprensa e de lideranças políticas atentas ao caso, na Caixa há um clima de investigação e perseguição. Ao invés de tentarem apurar os casos de assédio moral e sexual, remanescentes da gestão Guimarães tentam descobrir e punir as denunciantes vítimas de assédio.

A futura presidente da Caixa, a economista Daniella Marques, ainda não assumiu. Enquanto isso, um vice-presidente, melhor amigo e parceiro de assédio de Guimarães, uma vice-presidente que ascendeu de forma vertiginosa no Banco depois que passou a viajar com Pedro Guimarães e um policial militar da reserva estão na surdina, tentando identificar quem são as mulheres que denunciaram Pedro Guimarães por assédio sexual. Nomes estão sendo listados. Retaliações são temidas.

Outra fonte de intranquilidade para as denunciantes é o silêncio do presidente da República sobre o caso. Bolsonaro aguardou por 20 horas para que Pedro Guimarães renunciasse, não condenou casos de assédio, não deu nenhuma diretriz e, pelo que tudo indica, já sabia dos casos e apenas aceitou a demissão de Pedro Guimarães porque as denúncias vieram a público e não pelas denúncias em si.

Por enquanto, as heroínas da Caixa estão sozinhas, na chuva, com esperança de que algo aconteça.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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