25/04/2024 - Edição 540

Conexão Brasília

O desespero de Bolsonaro está na cara

Publicado em 09/06/2022 12:00 - Rafael Paredes

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A pesquisa DataFolha do final do mês de maio, dando 21% de dianteira ao ex-presidente Lula na corrida presidencial foi rebatida externamente com gracinhas, memes de internet e descrença. Porém, dentro da campanha de Bolsonaro ascendeu a luz amarela. A classe política respeita a pesquisa DataFolha pelo método, pesquisas presenciais e com mais de 2.500 entrevistados.

O problema para a campanha do presidente candidato a reeleição foi que dias depois, o instituto Genial/Quest divulgou números semelhantes apontando a possível vitória do petista no primeiro turno. Essa empresa de pesquisa é vista com mais ceticismo, mas chamou a atenção pela paridade com os dados do DataFolha. O instituto DataPoder traz um levantamento diferente, onde Lula está 8% a frente de Bolsonaro. Porém, essa pesquisa é feita por telefone e muitos eleitores não atendem, não respondem, ocasionando variáveis aos resultados.

Com a repetição e confirmação da dianteira de Lula nas pesquisas e com a possibilidade de vitória no primeiro turno, o humor azedou no Palácio do Planalto. O presidente pode ter diversos defeitos, mas ele é inegavelmente transparente. Nesta semana, Bolsonaro voltou a chocar até a aliados com seu aparente descontrole. Em evento na Presidência em defesa da família, concentrou-se em exclusivamente atacar o STF e seus ministros. Chamou Fachin de marxista-leninista, afirmou que não vai mais respeitar decisão do Supremo e voltou a afirmar que houve fraude nas eleições de 2018.

Enquanto isso, no mundo real, o Inquérito Alimentar no Brasil apontou que mais de 30 milhões de brasileiros passam fome e que este número dobrou em dois anos. Outro fato do mundo real, os desaparecimentos do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo no Vali do Javari, no Amazonas, foi definido por Jair Bolsonaro de forma despreocupada como uma “aventura não recomendável”.

No último dia 8, a consultoria XP informou que não vai publicar o resultado de sua pesquisa eleitoral semanal. A pesquisa foi até registrada no TSE, mas os resultados desapareceram. Fontes afirmam que a empresa foi pressionada por bolsonaristas e correntistas do agronegócio a esconder mais um levantamento com ampla vantagem a Lula.

Internamente, o PT sabe que ganhar no primeiro turno é difícil e que o antipetismo come uns 3% dos votos na véspera da eleição. Em contrapartida, a campanha de Bolsonaro trabalhava para que a diferença entre Lula e o presidente não ultrapassasse 20%. Isso significaria vitória do petista no primeiro turno. O DataFolha deu uma diferença de 21%, a Genial/Quest de 18% e o desespero bateu fundo.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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