19/04/2024 - Edição 540

Conexão Brasília

Num disse que o Moro era o Pinscher brasileiro?

Publicado em 30/03/2022 12:00 - Rafael Paredes

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Acabo de receber uma mensagem de um amigo e assíduo leitor de meus textos me parabenizando. No dia 11 de novembro do ano passado escrevi a coluna “Moro, o pinscher brasileiro” onde já previa a pequeneza da candidatura do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Sérgio Moro. Na quinta-feira (31), Moro anunciou que mudou de partido, do Podemos para o União Brasil (UB), e a desistência, por ora, de sua candidatura à Presidência.

Sérgio Moro tem uma vaidade perigosa. Seu ego foi artificialmente inflado no auge da operação “Laja Jato”, entre 2015 e 2016 por parte da mídia e das elites brasileiras. De lá para cá, ele vem colecionando erros políticos, como assumir o Ministério, e derrotas jurídicas, como ter sido declarado parcial e incompetentemente. Porém, Moro continuava a dialogar exclusivamente com esse ego inflado do passado. Deu no que deu. Uma candidatura à presidência da República não se constrói assim.

Sérgio Moro tem um discurso de 2018, o monotemático combate a corrupção. No Brasil, se vive uma década em um ano. Nem pandemia se debate mais. Por isso, o presidente Jair Bolsonaro ensaia uma melhora nos índices de aprovação e o pré-candidato responsável pelas primeiras doses de vacina contra covid no Brasil, João Dória, aventou a possibilidade de desistir da candidatura.

Gostando ou não do agora ex-governador de São Paulo, se o debate político e público no Brasil estivesse mais racional, João Dória certamente seria um candidato mais competitivo do que é hoje. Nessa semana de autofagia e implosão da chamada terceira via, Dória ameaçou desistir da corrida presidencial por falta de apoio dentro do próprio partido, o PSDB.

Até agora, confirmada mesmo, só a desistência de Moro, que nem confirma tanto assim, mas quem conhece da vida partidária brasileira sabe que ele já arregou. O ex-Juiz foi para o União Brasil, sem avisar o Podemos em uma articulação onde será candidato a deputado federal em outro domicílio eleitoral: São Paulo. A cúpula do UB já deixou claro que lá os sonhos mais delirantes de Moro não tem vez.

Sérgio Moro planeja conversar com o mau perdedor e ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Derrotado nas prévias tucanas, Leite quer dar um golpe na decisão partidária de fora para dentro, com o apoio de outros partidos e lideranças e contando com a inoperância da direção do PSDB.

Neste momento, analistas correm para tentar acertar para onde vai o espólio eleitoral do ex-juiz Sérgio Moro. Muitos estão apostando em uma migração automática de intenção de votos para Bolsonaro. Não sei não. O presidente já vinha roubando percentuais de Moro nos últimos meses. Um perdeu 3% e outro cresceu 3%. Talvez essa migração já tenha chegado ao fim. E, outra coisa: o eleitor brasileiro é surpreendente. Ele migra de candidatos sem respeitar proximidades ideológicas. Agora é aguardar as próximas pesquisas.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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