18/04/2024 - Edição 540

Conexão Brasília

Classe política começa a se organizar depois do resultado da pesquisa IPEC

Publicado em 16/12/2021 12:00 - Rafael Paredes

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A classe política respeita muito o resultado das pesquisas eleitorais realizadas pelo Instituto IPEC por dois motivos. O primeiro é que ele é formado por ex-executivos do antigo instituto IBOPE. O segundo é que a pesquisa é realizada presencialmente, à domicílio, com mais de duas mil pessoas. Os agentes políticos acreditam que, com esses números e com essa metodologia, o levantamento é mais fidedigno. As outras pesquisas, por telefone e com mil eleitores, apresentam mais fragilidade.

A última pesquisa IPEC colocou mais tijolos no caminho que dá rumo a uma direção: a possibilidade do ex-presidente Lula ser eleito ainda no primeiro turno. Nos cenários testados, o petista varia de 48% a 49% das intenções de voto e com mais de 10% de dianteira do somatório de todos os outros adversários. O presidente Jair Bolsonaro continua derretendo em popularidade e fortalecendo a sua rejeição.

A grande aposta eleitoral dos grupos de comunicação como Globo, Estadão, Folha de S. Paulo não demonstrou musculatura depois de um mês de lançamento de sua pré-candidatura. O ex-ministro Sérgio Moro patina em 6%, com rejeição (61%) apenas menor que a de Bolsonaro (63%). Porto seguro dos bolsonaristas arrependidos, Moro não consegue se firmar e vê os arrependidos de terem votado em Bolsonaro no segundo turno de 2018 migrarem para Lula (22%), por incrível que pareça. Lula também faz muitos que escolheram votar nulo e branco em 2018 afirmarem que teclarão “13” em 2022.

Ainda tem muita coisa para acontecer, tem quase um ano para a eleição e o ex-presidente Lula não está sofrendo os ataques que só um clima de campanha proporciona. Porém, ele não está nas ruas, mantém agendas fora do país e mesmo assim vem se consolidando como favorito. Tudo isso faz com que a classe política passe a gradativamente se mexer para aproveitar a melhor onda em 2022.

Um exemplo disso são as trocas de partido. O senador do Espírito Santo Fabiano Contarato não se fez de rogado e trocou logo o REDE pelo PT sem constrangimentos. Contarato, que está em seu primeiro mandato e teve grande destaque na CPI da Covid, quer ser uma alternativa ao governo do seu Estado no ano que vem. Mas a troca de partido que mais chamou a atenção nesta semana foi a do ex-governador de São Paulo e agora ex-tucano Geraldo Alckmin. Os aliados do paulista dão como certo que ele formará uma chapa nacional com Lula.

O partido envolvido nessa chapa de espectro político tão amplo é o PSB, que pode filiar Alckmin nas próximas semanas, mas não é o único. O partido Solidariedade, do deputado federal Paulinho da Força, também está de portas abertas para o ex-governador formar chapa com o PT. E tem mais. O ex-prefeito Gilberto Kassab não é bobo. Ao mesmo tempo em que trabalha a pré-candidatura à Presidência da República do presidente do Senado, o mineiro Rodrigo Pacheco, pelo seu PSD, também mantém conversas com o Geraldo Alckmin.

A princípio, o PSD quer que Geraldo Alckmin seja candidato ao Governo de São Paulo pelo partido, mas Alckmin está mais propenso a ser vice na chapa de Lula. Kassab mantém as negociações com Alckmin mesmo assim. Kassab não dorme no ponto. Você pode até não saber quem será o presidente no próximo ano. A única certeza é que o Kassab será ministro.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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