20/04/2024 - Edição 540

Conexão Brasília

Chapa Lula/Alckmin será o maior fenômeno político depois de 2018

Publicado em 19/11/2021 12:00 - Rafael Paredes

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Na mesma semana em que o candidato dos grandes grupos de comunicação, o ex-ministro/juiz Sérgio Moro, finalmente assume que é político, que é candidato e se filia a um partido, o presidente Jair Bolsonaro anuncia sua filiação ao PL. O ex-presidente Lula não poderia ficar para trás e deixou escapar que dialoga com o ex-governador Geraldo Alckmin sobre uma possibilidade de aliança.

Moro é a grande esperança de conglomerados de comunicação e de parte da elite brasileira para derrotar Lula nas eleições presidenciais do ano que vem. Era o não candidato mais falado pela imprensa e, semana passada, finalmente se filiou ao partido PODEMOS.  Agora, Moro pode ter sua agenda política com cobertura da mídia sem constrangimento ou sem ‘forçação’ de barra.

Na mesma semana, o ex-chefe de Moro, o presidente Jair Bolsonaro, anunciou que tem 99% de chances de se filiar ao PL, partido presidido pelo ex-deputado federal Valdemar da Costa Neto. Depois de dois anos sem partido, o presidente resolve se filiar em um dos maiores partidos do Centrão em um acordo com o PROGRESSISTAS, outro partido do Centrão, para indicar o vice na chapa.

Bolsonaro solta suas pautas na mídia e testa nas redes sociais a reação. Como teve uma repercussão muito ruim a filiação a um partido presidido por alguém condenado no processo do mensalão, o casamento marcado para o próximo dia 22 já foi desmarcado e subiu no telhado. As exigências do presidente de comandar o partido em São Paulo e a resistência de alguns filiados do PL de deixar o barco de Lula no Nordeste também azedaram o clima entre os noivos.

Já Lula teve uma sacada de mestre. Para dividir as manchetes com o presidente e com o ex-ministro, deixou vazar que vem dialogando com o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a possibilidade de formarem uma chapa presidencial para o ano que vem. Lula soltou essa e viajou para a Europa onde já se encontrou com Josep Borrell, vice-presidente da Comissão Europeia; Olaf Scholz, futuro primeiro ministro alemão; com deputadas alemãs; com Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de economia e discursou no Parlamento Europeu; e pelo presidente francês Emmanuel Macron.

Lula tinha o sonho dele ser o candidato da democracia contra a candidatura do autoritarismo representada por Bolsonaro. Esse sonho caiu por terra quando sugiram diversas candidaturas de terceira via, segregando o ex-presidente como candidato exclusivamente das esquerdas e com alianças apenas neste espectro político.

Como diria o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Lula é um animal político. Quando inicia tratativas para ter como vice um ex-adversário, além de virar notícia, retoma a estratégia de ser o tal candidato da democracia. Geraldo Alckmin está de saída do PSDB, lidera as pesquisas para governar pela quarta vez o estado de São Paulo e é disputado pelo PSD, pelo PSB e pelo União Brasil, partido que surgirá da fusão do PSL com o DEMOCRATAS.

Nem Lula, nem Alckmin desmentem as conversas e a possibilidade e isso é um indicativo. Lula afirmou publicamente que não tem nada que não possa ser reconciliado com Alckmin e que tem profundo respeito pelo ex-governador. Já Alckmin afirma que em breve anunciará seu futuro político e que Lula é alguém que respeita a democracia. Cenas dos próximos capítulos.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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