28/03/2024 - Edição 540

Conexão Brasília

O pum do palhaço

Publicado em 08/09/2021 12:00 - Rafael Paredes

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Foi assim, “O verdadeiro pum do palhaço”, que o senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) definiu os atos em favor do presidente da República, no Dia da Independência. O parlamentar fez alusão ao teatral discurso da atriz Regina Duarte, quando tomou posse na Secretaria de Cultura em sua curtíssima estada em Brasília. Randolfe quis dizer que as manifestações foram um traque. Não foram, mas ficaram muito aquém do previsto.

No que se pode encontrar de racional dentro da loucura, a estratégia dos bolsonaristas era tirar fotos das manifestações e ameaçar um golpe contra as instituições. Deu para tirar a foto e colocar no Instagram, ficaria uma bela foto, mas daí a emparedar os outros poderes são outros quinhentos. Internamente, os apoiadores de Bolsonaro reconhecem que esperavam mais e acusam o golpe ao reclamar da mobilização evangélica em Brasília.

Em São Paulo, a expectativa era de 2 milhões de manifestantes na Avenida Paulista, como acontece na Parada LGBTQI+ ou na Marcha para Jesus. Deu 125 mil, isso segundo a Polícia Militar, veja bem a Polícia Militar. Por sinal, esses foram alguns que faltaram ao bolsonaristas. Os PM’s não realizaram nenhum tipo de insurreição. Que continuem assim.  Os jovens também não se mostraram tão atraídos pelas manifestações em São Paulo.

Mas os atos foram grandes, por que então esse baixo astral? Quem joga truco sabe a resposta. Os bolsonaristas trucaram, apostaram tudo, mobilizaram a todos, pagaram ônibus, pensão completa, pagaram até uma graninha, passaram semanas articulando e construindo manifestações que pudessem botar a República de joelhos. O máximo que conseguiram foi evidenciar o próprio tamanho. Até agora, apenas um quinto do eleitorado com viés de queda, como mostram as pesquisas.

O Brasil não é para amadores e a política menos ainda. Os poderes perceberam o tamanho do apoio ao presidente e hoje se sentem muito mais à vontade para discutirem impeachment a céu aberto. Os discursos beligerantes do presidente, além de não tratarem do mundo real, ainda dão mais matéria prima para seu próprio impedimento.

Neste momento os atores da política estão calculando: provocamos o impeachment agora ou esperamos para vencer Bolsonaro em 2022? O que atiçará menos esse pessoal? Agora se sabe a exata dimensão do seu tamanho?

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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