28/03/2024 - Edição 540

Eles em Nós

A curva é clara

Publicado em 23/06/2021 12:00 - Idelber Avelar

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Levantamento Ipec, 2.002 pessoas, 141 municípios, publicação de hoje, pesquisa feita de 17 a 21 de junho, margem de erro 2 pontos.

A curva é clara.

É certo que não há precedente de impeachment de presidente que ainda tivesse 23% de ótimo/bom, ou 30% de aprovação (dependendo de qual das duas perguntas você escolha tomar). Mas também é certo que não havia precedente de presidente ativamente tomando, em sequência, atitudes que tivessem o objetivo de matar, de multiplicar mortes.

Faltam agora líderes políticos com coragem para fazer o que deve ser feito: impeachment, tirar Bolsonaro, garantir eleições tranquilas em 22.

#ForaBolsonaro.

CAIU

Caiu um dos maiores pilantras que já ocupou cargo de poder nesse país. Que seja investigado por tudo o que fez, que ajudou a destruir, que roubou e ajudou a roubar, toda a destruição que ajudou a causar.

Vade retro.

BATENDO BUMBO

Não bati bumbo pela prisão do Salles, mas pela prisão do passaporte do Salles eu bati. E comemoro a vitória parcial.

Agora falta ele entregar e não fugir!

IMPERDÍVEL DEFINE

O MEIO É A MENSAGEM

O texto que segue não é meu. Ele é repassado com a autorização de seu autor, que prefere permanecer anônimo. Repasso-o porque me parece uma leitura muito sagaz do que aconteceu.

****

O CASO COVAXIN: O MEIO É A MENSAGEM.

A chave da gravidade do caso Covaxin está em quem o revelou, onde, quem foi poupado e quem foi atacado.

Arthur Lira tem mais de centena de pedidos de impeachment em suas mãos. As ruas pediram a queda de Bolsonaro em dois fins-de-semana diferentes, com público crescente. Para Lira, impeachment só anda se for vitória sua. A Covaxin cria o ambiente político para que Lira e seu grupo sejam vencedores.

Luís Miranda foi o primeiro parlamentar do DEM a apoiar a candidatura de Lira contra o candidato de Maia, do mesmo partido. Miranda continua no DEM, do qual Maia foi expulso.

Miranda fez essa revelação na CNN, rede que deu claras evidências de alinhamento com um conservadorismo que tolera a extrema-direita. Mas que critica o governo.

Miranda poupou Pazzuelo, general da ativa, chefe da pasta responsável pela compra da Covaxin, e atacou diretamente o Presidente da República.

Lira agora tem um caso para impeachment vindo do Centrão.

Isto explica a rara coletiva do governo, que correu a se defender, mostrar documentos e usar a bíblia: O sinal da denúncia é de que o Governo teria perdido o apoio do presidente da Câmara. Entregaram Salles em edição extra do DOU, totalmente desnecessária do ponto-de-vista administrativo.

Resumo da ópera: a porta está aberta para um pedido de impeachment vindo do Centrão.

FOLHA CORRIDA

Muita gente que não é do Sul, ou que não acompanha política ou que não tem contato com o debate sobre drogas não sabia quem era Osmar Terra, e passou a conhecê-lo na pandemia.

Mesmo para os padrões do bolsonarismo, a mentirada que conta Osmar Terra é de arrepiar. Esse pilantra, que previu que o coronavírus mataria menos de duas MIL pessoas no Brasil (sim, ele disse que mataria menos de duas MIL, e hoje nossa preocupação é ficar abaixo de dois MILHÕES em números reais) é o mesmo pilantra que há décadas vomita disparates sobre os efeitos das drogas, os comportamentos dos usuários de drogas, e o caráter de quem consome as substâncias que ele, do alto de sua ignorância monoglota, decidiu que são "portas de entrada" para outras substâncias ou para o crime.

Osmar Terra é a caricatura total, mas as demências que ele diz são as que orientam a política racista de drogas do Brasil há tempos — tudo fake news furada, pseudociência, lorota a serviço da indústria do encarceramento.

Não precisa acreditar em mim, perguntem a quem trabalha o tema em tempo integral, o Mauricio Fiore, o Luís Fernando Tófoli, a Ana Carolina de Paula, o Daniel Lomonaco, e toda a turma de pesquisadoras/es e ativistas que conhece esse pilantra de outros carnavais.

Que se sublinhe que a coleção de lorotas contada por esse sacripanta destrói vidas em grande quantidade, já desde antes da pandemia. São vidas fodidas pela criminalização, pelo encarceramento, pela violência policial e pelo estigma da prisão. São vidas que, como sabemos, no Brasil, têm cor. É uma guerra permanente, com foco nas pessoas negras.

Se a CPI não vai ajudar a derrubar Jair, que sirva pelo menos para desmoralizar de vez o safado do Osmar Terra, que é talvez a pior e mais daninha contribuição do Rio Grande do Sul ao mundo. E olha que, como sabe qualquer gaúcho, a lista é longa.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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