28/03/2024 - Edição 540

Ágora Digital

O melhor governo de todos os tempos diz o velhinho maluquinho

Publicado em 16/03/2018 12:00 - Victor Barone

Clique aqui e contribua para um jornalismo livre e financiado pelos seus próprios leitores.

Com menos de 5% de aprovação popular – segundo a última pesquisa – o presidente Michel Temer (MDB-SP) afirmou nesta semana que, com “toda a modéstia de lado”, em suas palavras, o seu governo pode ter sido o melhor que o Brasil conheceu nos últimos anos. “Em todos os setores em que coloquei os ministros, tudo deu certo”, disse ele. Neste embalo, o governo já discute o tom de uma campanha publicitária para celebrar os dois anos de Temer na Presidência. O slogan “Ordem e Progresso” deve inspirar a campanha.  A “ordem”, pelo desenho inicial da campanha, deverá ser retratada pela intervenção do Rio de Janeiro. O “progresso”, pelos nos números da economia. Em que mundo ele vive…?

Temer e Barroso

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) quebrou o sigilo bancário do presidente Michel Temer (MDB-SP), que ficou bravo e colocou seu cão de guarda, o ministro Carlos Marun (MDB-MS) para ameaçar o ministro com um pedido estapafúrdio de impeachment. Temer se esquece que foi ele próprio quem avisou que entregaria os extratos aos jornalistas: “O presidente não tem nenhuma preocupação com as informações constantes suas contas bancárias”, escreveu a assessoria da Presidência em nota oficial datada de 5 de março de 2018. Desde então, a força tarefa jurídica do presidente se esforça para enrolar o STF e a opinião pública. Ora, se não há nada a esconder, estão escondendo o que?

Passe livre pra corrupção

Em despacho sobre o indulto de Natal decretado por Michel Temer (MDB-SP) no final de 2017, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez considerações ácidas sobre as intenções do presidente da República. Anotou, por exemplo, que o decreto de Temer “dá um passe livre para corruptos em geral.” A íntegra da decisão do ministro pode ser lida aqui.

Na barbárie, os bárbaros

Vicejaram pelas redes sociais comentários de uma turba de obtusos atribuindo a vítima a culpa pela barbárie a que foi submetida. No caso, a vítima da vez foi a vereadora carioca Marielle Franco (Psol), assassinada covardemente por bandidos (fardados ou não, não se sabe ainda). Para os bárbaros, quem defende direitos humanos defende bandido. Não compreendem, os que vivem sob a barbárie, que direitos humanos são os direitos básicos de todos os seres humanos. Ou seja, o direito à vida, à liberdade, à liberdade de opinião, ao trabalho, à educação, à crença religiosa e muitos outros.

Na luta

Em seu último ato antes de ser assassinada, a vereadora Marielle Franco (Psol), do Rio, participou de um evento na Casa das Pretas, espaço de militância feminina negra, na região central da capital fluminense. Mediadora do debate, Marielle pregou a necessidade de resistência, articulação dos movimentos sociais e luta permanente pela conquista e reconhecimento de direitos das mulheres negras, faveladas e periféricas. Disse que não é à toa que os índices de feminicídio são tão altos no Brasil. “O mandato de uma mulher negra, favelada e periférica precisa estar pautado junto aos movimentos sociais, à sociedade civil organizada, a quem está fazendo para nos fortalecer naquilo que a gente objetivamente não se reconhece, não se encontra, não se vê. A negação é o que eles apresentam como nosso perfil”, disse.

Na falta de educação, pau nos educadores

A Guarda Pretoriana do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), mostrou a que veio na última quarta-feira (14). Na falta de políticas públicas de valorização profissional e de uma educação de qualidade, o prefeito mandou descer a borracha nos educadores que protestavam na Câmara Municipal contra o projeto de lei de reforma da Previdência da gestão. A Câmara informou, por sua assessoria, que “eventuais excessos” das forças de segurança serão apurados. Tá…

Aecinho Riquinho

Documentos da Receita Federal revelam que o patrimônio declarado do senador Aécio Neves (PSDB-MG) triplicou após a eleição de 2014, quando foi derrotado por Dilma Rousseff (PT). O salto foi de R$ 2,5 milhões em 2015 para R$ 8 milhões em 2016. O crescimento é resultado de uma operação financeira entre Aécio e sua irmã Andrea Neves envolvendo cotas que o senador detinha em uma rádio, a Arco Íris, da qual foi sócio durante seis anos. A quebra do sigilo fiscal do tucano foi ordenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em uma ação cautelar que corre paralelamente ao inquérito que investiga o parlamentar por ter pedido R$ 2 milhões ao dono da empresa de carnes JBS, Joesley Batista.

Diz que não é riquinho…

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou, por meio de nota, que não houve aumento de seu patrimônio após a eleição de 2014 (leia a nota acima). "A informação é falsa e absurda. Não se sabe por que o jornal escolheu essa data, uma vez que não houve, a partir de 2014, a aquisição de qualquer bem pelo senador. Portanto, ao contrário do que sugere a matéria, não houve qualquer aumento no seu patrimônio", disse.

É riquinho sim

O crescimento patrimonial do senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi informado pelo próprio parlamentar em sua declaração de Imposto de Renda do ano-calendário 2017, contrariando afirmação do tucano de que não houve qualquer aumento de seu patrimônio (leia as duas notas acima).

Barbosa vem aí?

O PSB faz diferentes planos para Joaquim Barbosa caso ele entre no partido. Alguns de seus principais dirigentes querem convencer o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) a ser candidato ao governo do Rio de Janeiro — ou então tentar o Senado. A possibilidade de Barbosa sair candidato no Rio, porém, é considerada nula por alguns de seus interlocutores. Ele só se animaria a entrar no PSB para disputar a Presidência. As conversas entre o ex-ministro e a legenda, que andavam mornas, devem ser retomadas nos próximos dias.

Fanfarrões de toga

Com o país à beira de uma conflagração moral, os magistrados federais conseguiram, com sua paralização ocorrida nesta semana, mostrar que são apenas mais do mesmo. Com o objetivo – negado até a última instância – de garantir penduricalhos como o famigerado “auxílio-moradia” de R$ 4.377, a paralização causou certa vergonha alheia. Há no Brasil 1.796 magistrados federais. Estima-se que algo como 800 cruzaram os braços. Os juízes da Lava Jato se abstiveram de participar. Marcado para 22 de março, o julgamento da legalidade do auxílio-moradia continua na pauta do Supremo Tribunal Federal (STF)

Pronto e faceiro

Às vésperas do julgamento dos recursos contra sua condenação em segunda instância na Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) afirma, em livro, que está preparado para sua possível prisão, mas que pretende “brigar” nos tribunais superiores para provar sua inocência. “Eu estou pronto para ser preso”, declara Lula no livro “A Verdade Vencerá: O Povo Sabe Por Que Me Condenam” (ed. Boitempo), lançado nesta sexta (16), em São Paulo. “Eu não vou sair do Brasil, eu não vou me esconder em embaixada, eu não vou fugir. Vou estar na minha casa, chegando em casa entre oito e nove horas da noite, indo dormir às dez horas, acordando às cinco da manhã para fazer ginástica”, diz. 

Plano Z

O PT já começa a discutir, ainda de forma discreta, providências que deverão ser tomadas caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) seja preso. Uma delas é a escolha de um porta-voz que possa visitá-lo com frequência, transmitindo as opiniões do petista para o mundo exterior. As prisões restringem as visitas a familiares e amigos, que só podem ver os detentos uma vez por semana. Assim, apenas advogados poderão falar com Lula com frequência. Parlamentares também podem entrar nas prisões com maior facilidade. Dirigentes do PT acreditam que Lula não permanecerá muito tempo preso. O temor maior é outro: o de que ele seja impedido de se manifestar na TV na campanha presidencial por alguma decisão da Justiça Eleitoral.

Panela de pressão

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Carmen Lúcia, disse que não vai aceitar pressão para colocar em votação na corte a questão da prisão em segunda instância, que interessa à defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao ser questionada sobre como lidava com o lobby para revisar a previsão de prisão a partir de decisão da segunda instância, Carmen Lúcia respondeu: “Eu não lido. Eu não me submeto a pressão”.

Renanzin

Chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) nos últimos dias o inquérito aberto para apurar suspeitas de que o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), recebeu propina da Odebrecht na construção do Canal do Sertão Alagoano. O governador foi atingido pela delação da empreiteira junto com o pai, o senador Renan Calheiros (MDB-AL). O caso estava no STF e foi desmembrado em agosto, porque governadores têm foro especial no STJ. O ministro Francisco Falcão será relator do inquérito sobre Renan Filho.

Lambe botas

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB-SP), confirmou que vai se licenciar do cargo para voltar à Câmara e pedir a abertura de processo de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso. Barroso tomou recentemente decisões que contrariam o presidente Michel Temer (MDB-SP), como a quebra de seu sigilo bancário e a reversão de um decreto presidencial sobre indulto natalino. Na terça-feira, Marun já havia levantado a hipótese de se licenciar do mandato para pedir a cassação do ministro. Por causa de suas declarações, o articulador político de Temer virou alvo de uma representação do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) por constrangimento ilegal e abuso de autoridade na Procuradoria Geral da República (PGR) e de críticas de entidades jurídicas. A Associação dos Juízes Federais (Ajufe) acusou Marun de constranger o STF.

Aleivosias… oi?

O governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) disse que são “um conjunto de aleivosias” as ligações apontadas em reportagem da Folha entre ele e seu cunhado Adhemar Ribeiro, acusado por delatores da Odebrecht de ter recebido R$ 2 milhões em caixa dois para a candidatura do tucano em 2010. A reportagem mostrou que três empresas da família do governador têm ou tiveram como sede um edifício comercial de propriedade de Ribeiro na avenida Nove de Julho, no bairro do Itaim Bibi, na capital paulista. Desde o fim de 2006, Alckmin mantém vínculo com o escritório do cunhado.

Juquinha

Os ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) receberam uma denúncia contra o senador Romero Jucá (MDB-RR), acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em agosto do ano passado de corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia, ele pediu e recebeu propina de R$ 150 mil para beneficiar a Odebrecht na tramitação de duas medidas provisórias em 2014. O relator do caso, ministro Marco Aurélio, disse entender que a denúncia cumpriu os requisitos formais para a abertura de ação penal. Jucá tornou-se o primeiro réu no STF em investigação decorrente da delação da Odebrecht. Também é a primeira denúncia contra o senador recebida pelo Supremo.

Correndo por dentro

O publicitário Nizan Guanaes, um dos mais badalados do país, aposta que o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) vai ganhar a eleição presidencial deste ano. “Eu não sou Bolsonaro. Eu acho que vai ganhar. Do jeito que as coisas estão caminhando, ele é um fortíssimo candidato. Porque ele tem uma conexão, está trazendo, ao meu ver, respostas operísticas para demandas da população”, disse. Para ele, enquanto candidatos mais moderados se digladiam por apoio de partidos em busca de maior tempo de televisão, Bolsonaro corre por fora.

Todos para Auschwitz

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) defendeu a construção de campos de refugiados para venezuelanos que chegam ao Brasil e a revogação da Lei de Imigração, considerada por especialistas uma das mais avançadas no mundo. “Já temos problemas demais aqui”, disse o pré-candidato à Presidência.

Judiciário blindado

A ex-corregedora nacional de Justiça, ministra aposentada Eliana Calmon, diz que a Lava Jato não chegará no Judiciário, pois os advogados dos colaboradores impedem que os delatores falem de magistrados. Veja o trecho da entrevista que ela concedeu na semana passada à TV Migalhas, durante a 16a. Conferência da Advocacia Mineira, em Juiz de Fora (MG)

Santinhos

A maioria da população brasileira prefere um candidato a presidente que venha de família pobre, que acredite em Deus e que tenha experiência prévia como prefeito ou governador. Os dados fazem parte de uma pesquisa Ibope contratada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com o levantamento, 52% dos entrevistados preferem candidatos de família pobre. Outros 38% disseram discordar em parte ou totalmente dessa posição. Já 8% disseram que a origem do presidenciável é indiferente. Já oito em cada dez brasileiros (79%) disseram concordar que é importante que o candidato acredite em Deus.

Gilmar malvado

 

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ajuizou uma ação por danos morais contra Cláudio Dantas, do site “O Antagonista”. Em dezembro, o repórter divulgou o número do telefone celular do magistrado no Twitter com a frase “Para quem quiser mandar aquele Feliz Natal”. Mendes pede reparação de R$ 100 mil. Dantas não respondeu à coluna. Já o juiz Glaucenir de Oliveira, do Rio de Janeiro, enviou carta a Gilmar para se retratar de xingamentos divulgados depois que o magistrado concedeu habeas corpus para soltar Anthony Garotinho. Na ocasião, Oliveira disse “a mala foi grande”, insinuando pagamento de propina. O ministro, que processa o juiz, não aceitou a retratação.

Pesos e medidas

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber decidiu arquivar o inquérito aberto no tribunal para investigar o senador José Serra (PSDB-SP). O pedido de arquivamento foi feito em janeiro pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Na manifestação, a PGR afirmou que o caso prescreveu e o senador não pode ser mais punido. A investigação era baseada em depoimentos de delação premiada do empresário Joesley Batista, do grupo J&F. Ele afirmou ter “acertado pessoalmente com Serra” uma contribuição de R$ 20 milhões para a campanha presidencial de 2010, dos quais R$ 13 milhões foram repassados como doação oficial e cerca de R$ 7 milhões, via caixa 2, por meio de notas fiscais fraudulentas. Na manifestação, a procuradora destacou que Serra tem mais de 70 anos e, neste caso, a legislação penal prevê que o tempo de prescrição cai pela metade.

Congresso Caro

O Congresso brasileiro é um dos mais caros do mundo, com o custo de R$ 28 milhões por dia, o que ajuda a explicar o tamanho do deficit público brasileiro. A folha salarial, além de ser pesada, é pouco transparente. Entre 2012 e 2016, as despesas com salários tiveram aumento real de 3,2%. Com gratificações, a alta no período foi de 23%.

Leia outros artigos da coluna: Ágora Digital

Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


Voltar


Comente sobre essa publicação...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *