29/03/2024 - Edição 540

Ágora Digital

Covardes e Canalhas

Publicado em 31/03/2021 12:00 - Victor Barone

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Só quem não acompanhava política imaginava que Jair Bolsonaro poderia ser um bom presidente. Nós, conhecíamos de perto o personagem. O belicoso deputado federal foi muito bem pago pela população durante quase três décadas para oferecer em troca praticamente nada além de shows midiáticos, sangria de dinheiro público e acusações criminais (essas últimas, infelizmente, jamais tratadas pelo Judiciário com o rigor que exigiam). Consideramos à época uma obrigação moral nos manifestar daquela forma ao ver grande parte da sociedade seduzida por um político despreparado, que fez fortuna operando numa linha bem distante da que se pode esperar de quem detém mandato popular. Um mito de pés de barro.

Impressionante que, mesmo assim, haja a cada instante uma nova razão para perceber que o atual presidente da República é ainda mais nefasto do que poderíamos imaginar. Isso nos impõe agora o dever de externar um pensamento que os fatos confirmam mais e mais: o afastamento de Jair Messias Bolsonaro da Presidência da República é passo obrigatório e urgente para o país ter uma gestão minimamente eficaz da pandemia e afastar-se da insegurança jurídica causada por quem não tem limites para ameaçar a democracia, atentar contra a Constituição e transformar a nação num cemitério da racionalidade, da humanidade e do respeito ao outro.

Bolsonaro chegou ao Palácio do Planalto após uma vitória eleitoral indiscutível, embora apoiada em uso provavelmente indevido de plataformas digitais e na operação de poderosas bolhas de desinformação. Recebeu os votos de 39% dos eleitores. Empossado, teve pouco menos de 900 dias para buscar a reconciliação com os demais 61%, que optaram por se abster ou por votar nulo, em branco ou no candidato adversário. Afinal, deveria ser o presidente de todos os brasileiros e brasileiras.

Faltou-lhe a capacidade de agir de modo republicano até quando se tratou de proteger a população da covid-19, algo que ele jamais compreendeu ou que fingiu não entender. Um ano atrás, já estava claro para este site o tamanho do problema. Como não poderia estar isso evidente para o presidente da República, que dispõe de inúmeros assessores pessoais qualificados e de uma burocracia eficiente para mantê-lo informado sobre tudo?

O desprezo pela vida ganhou diferentes manifestações nas atitudes e palavras da autoridade constitucional, legal e politicamente qualificada para liderar as ações de enfrentamento da pandemia. Muitos outros chefes de governo, pelo mundo afora, minimizaram os riscos e cometeram equívocos na gestão da crise sanitária. Não se trata, aliás, de tema ideológico. A inépcia coloca do mesmo lado políticos de esquerda como Lopez Obrador (México) e extremistas de direita como Jair Bolsonaro e Donald Trump, cuja derrota eleitoral recente se deveu em grande parte à sua incapacidade para cuidar da saúde dos norte-americanos.

Desconhecemos, contudo, algum caso de chefe de governo que tenha cometidos tantos erros e de forma tão cruel. Bolsonaro chocou o mundo ao anunciar o cancelamento da compra de vacinas.  Recusou-se a negociar sua aquisição com outro fabricante, alegando entre possíveis efeitos colaterais a eventual transformação das “vítimas” da vacina em jacarés. Lançou campanha de propaganda para incentivar as pessoas a desafiarem normas sanitárias adotadas globalmente. Desdenhou da dor de um povo enlutado ao blasfemar contra um suposto  “país de maricas”. Chegou a comemorar a morte de uma pessoa que morreu enquanto testava a vacina Coronavac (um caso de suicídio, sem nenhuma relação com a eficácia do produto). Não para de promover aglomerações. Insiste em defender um “tratamento precoce” que, além de ineficaz, pode contribuir para matar quem o utiliza. Demorou mais de um ano para criar um comitê de crise.    

Graças à sua insensibilidade e incompetência, o Brasil virou primeiro motivo de chacota internacional. Depois, fonte explícita de preocupação de consultorias privadas, governantes estrangeiros, cientistas e veículos jornalísticos de prestígio como The Washington Post, Financial Times e CNN, para citar apenas alguns de uma lista quilométrica.

Somos no momento o epicentro global da pandemia. De acordo com o Worldometer, o Brasil responde agora por perto de 50% dos óbitos mundiais, embora tenha pouco mais de 2,5% da população humana. A falta de coordenação nacional nas ações contra a pandemia tornou o país um laboratório de vírus a céu aberto, dando origem a incontável número de variantes cada vez mais agressivas do Sars-CoV-2, nome científico do coronavírus causador da covid-19. A gestão nacional da pandemia deixou de ser um problema brasileiro. Tornou-se uma questão planetária, num contexto em que se alastram lá fora os temores quanto ao descompromisso da atual administração federal com o meio ambiente e os direitos humanos.

Para tornar a realidade mais desafiadora, Bolsonaro é a expressão brasileira de um tipo de populismo autoritário – também com versões de direita (Hungria e Polônia, por exemplo) e de esquerda (Venezuela e Nicarágua, entre outros) – que se dedica dia e noite à dilapidação das instituições mais caras à democracia. A serviço da barbárie, o presidente e seus seguidores mais fanáticos não só investem criminosamente contra o uso de máscaras e contra qualquer tipo de civilidade.

Certamente na vã esperança de concretizar um golpe de Estado que lhes daria poderes ilimitados, os bolsonaristas têm como alvos permanentes o Legislativo, o Judiciário, o jornalismo, a federação, a ciência, as universidades, os sindicatos e a independência da Polícia Federal e de outros órgãos coercitivos. Empenhados em promover a desinformação e o caos, acusam de comunistas, corruptos ou golpistas todos os que ousam criticá-los, algo que não raro se torna pretexto para odiosas perseguições. Na verdade, é o bolsonarismo que golpeia de maneira incessante a Constituição, namorando a quebra da ordem democrática, e deve explicações sobre os suspeitos negócios da família presidencial.

Há muito vítimas da tradicional cultura de ódio da qual Bolsonaro e seus apoiadores mais radicais são devotos, mulheres, negros, indígenas, quilombolas e LGBTs estão mais avançados na compreensão do caos que o bolsonarismo tem semeado no país. Lideranças desses segmentos sociais entenderam, por exemplo, que é a falsa a oposição insistentemente invocada pelo presidente entre tratar da saúde e cuidar da economia. Na verdade, o governo deveria estar empenhado tanto em impedir a circulação do novo coronavírus quanto em garantir a devida proteção econômica às empresas e, sobretudo, às pessoas que passam por graves dificuldades financeiras. O desemprego deve ser atacado de forma vigorosa e em caráter emergencial.

Muito triste constatar que autoridades constituídas e setores mais empoderados resistem a enxergar a barbárie, voltados que estão para suas conveniências. No Congresso Nacional, a quem cabe fiscalizar o chefe do Executivo e processá-lo e julgá-lo por crime de responsabilidade, os pedidos de impeachment se acumulam mas têm sido solenemente ignorados pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, que pode dar início ao processo. Líder-mor do agrupamento de forças de centro e centro-direita denominado Centrão, ele e seu grupo colhem os dividendos de manter como refém um presidente fraco. Jamais os parlamentares federais, inclusive aqueles que não pertencem ao Centrão, tiveram tanto acesso a dinheiro (na forma de emendas orçamentárias) e a cargos no Executivo. A gastança apenas piora os problemas fiscais da União, mas é o preço pago pelos contribuintes para manter Jair Bolsonaro na cadeira que ele não cansa de desonrar. A barganha se justifica pelos dois lados. O presidente se vê livre da ameaça do afastamento do cargo. Os congressistas ganham pontos na disputa pela reeleição, tema que domina hoje as preocupações da maioria dos parlamentares.

Vergonhoso também é o desempenho do procurador-geral da República, Augusto Aras. Enquanto faltam leitos hospitalares, equipamentos, remédios, médicos e estrutura de apoio para atender aos pacientes de covid-19, ele parece mais preocupado em cuidar do orçamento familiar dos membros do Ministério Público da União (MPU), autorizando benefício que a maioria dos brasileiros sequer sonha em ter. Sua omissão diante dos possíveis crimes cometidos pelo presidente que o nomeou para o cargo parece destinada a se tornar um dos mais deploráveis capítulos da história do MPU.

Também passaram dos limites, na hipocrisia e na manipulação de informações, os líderes evangélicos que seguem apoiando as maluquices do presidente de plantão e condenando o uso de máscaras, o distanciamento social e outras medidas preventivas, fazendo as vezes de verdadeiros garotos-propaganda do coronavírus e do arbítrio. Merecem ainda severos puxões de orelhas os empresários, investidores e banqueiros que, sem ouvidos para outra coisa que não o tilintar das moedas a pingar em seus caixas, se mantêm associados ao projeto genocida e antidemocrático de Bolsonaro, que nada tem a oferecer em troca senão uma economia de terra arrasada. Deve ser visto como progresso o fato de alguns deles terem cobrado, ainda que de modo tardio, alguma seriedade no enfrentamento da pandemia. Parecem, no entanto, ainda longe de se engajarem no único caminho viável para colocar essa seriedade em prática – o afastamento do presidente de plantão, inclusive para ser criminalmente responsabilizado pelos ilícitos praticados. Não se trata de uma questão ideológica, de direita contra esquerda, ou partidária, de favorecer esse ou aquele candidato. Trata-se de uma imposição humanitária e civilizatória.

Uma reflexão também é necessária sobre o papel dos militares no atual desgoverno. Bolsonaro permitiu a investidura de milhares de membros das Forças Armadas (FFAA) em funções eminentemente civis. Eles estão por toda à parte. Chefiam sete ministérios, dirigem várias estatais e ordenam despesas em um volume e numa extensão inéditos sob o presente regime constitucional. Como nas demais instituições acima citadas, obviamente há entre os militares os que não veem com bons olhos o que se passa no Brasil. Foi a resistência da cúpula militar aos absurdos palacianos a causa da crise que resultou na humilhante demissão do ministro da Defesa e no posterior afastamento dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Passou da hora da caserna fazer alguma autocrítica.

A vida militar coloca os integrantes das FFAA num universo à parte, nem sempre arejado pelas melhores informações sobre o “mundo exterior”. Vicejam entre alguns destacados integrantes das três forças preconceitos arraigados, como a tosca ideia de que os políticos são todos bandidos, uma dificuldade imensa para reconhecer os erros da ditadura de 1964/1985, certa tendência a patrulhar decisões do Judiciário (o que é inadmissível) ou a idealizada visão de que militares são mais qualificados para servir ao Estado do que civis. A péssima gestão de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde e os sinais de superfaturamento em gastos militares deixam evidente o quanto isso está longe da realidade. Ao bancarem Bolsonaro e sua truculência, os militares se desgastaram e perderam a aura de infalibilidade que alguns tentam lhe atribuir. É um bom momento para repensar o Estado militarizado de hoje, devolvendo aos quartéis quem de lá não deveria ter saído.

Quando defendemos o impeachment de Jair Bolsonaro, também consideramos que esse processo deve ser absolutamente de acordo com as regras constitucionais e legais. É o que esperamos também do comportamento do vice-presidente Hamilton Mourão, se de fato se viabilizar a hipótese – por ora longínqua – do impedimento presidencial. Não será fácil torná-lo realidade. É fundamental a formação de uma ampla frente social e política para enfrentar o caos bolsonarista. Uma frente onde todos sejam bem-vindos e aceitos com tolerância, presumindo-se a boa-fé dos que se arrependeram do apoio dado no passado àquele cuja biografia estará indissociavelmente associada ao discurso de ódio, a mentira, ao atraso e às centenas de milhares de mortes de uma pandemia que o Brasil poderia e deveria ter tratado de outra maneira. Médicos e entidades médicas que endossaram tratamentos e atitudes na contramão da ciência, líderes sociais e empresariais que se recusavam a deixar a nação nas mãos do petismo, policiais que se encantaram com as promessas de investimento em segurança pública feitas pelo ex-deputado… para todos ainda há tempo para rever comportamentos e ficar do lado certo da história. Aqueles que, contra todas as evidências, preferirem continuar apoiando Bolsonaro devem se preparar para o julgamento da história. O tempo, esse senhor implacável, costuma indicar com clareza de que lado ficaram os covardes e os canalhas.

Por Congresso em Foco

O MÊS MAIS LETAL

O Brasil registrou no último dia 30 3.950 mortes por covid-19 registradas em 24 horas, segundo o consórcio de imprensa. O mês de março terminou como o mais letal de toda a pandemia no país, com 66,8 mil óbitos ao todo. É algo sem precedentes: março teve nada menos que um quinto de todas as mortes pela doença no país. Em fevereiro foram 30,4 mil registros, ou menos de metade do observado agora. Para se ter uma ideia, o segundo pior mês da pandeia foi julho do ano passado, com 32,9 mil vidas perdidas. 

O mais assustador é o crescimento vertiginoso: a última semana teve 20,8 mil mortes, quase um terço de todos os registros do mês. Em 10 de março, o Brasil teve pela primeira vez mais de duas mil mortes em 24 horas e, apenas duas semanas depois, beiramos as quatro mil. Nesse curto período, média móvel diária foi de 1.645 para 2.971

Hoje, são 19 as capitais do país com mais de 90% de ocupação das UTIs – mesmo que 520 leitos tenham sido criados desde a semana passada. O levantamento foi feito pela Folha, que diz ainda que cinco dessas cidades estão sem nenhuma vaga disponível: Porto Alegre, Curitiba, Porto Velho, Campo Grande e Rio Branco. No Acre não foram criados leitos extras: faltam médicos. Nos outros estados, os doentes crescem muito mais do que a oferta de atendimento. No Paraná, por exemplo, a abertura de 113 novas vagas não evitou que quase 500 pessoas continuem na fila. O mesmo aconteceu em Santa Catarina, onde são 363 pacientes aguardando por vaga. E na capital do Rio Grande do Sul, apesar do colapso, o prefeito tentou reabrir comércio, bares e restaurantes nos fins de semana… Mas foi barrado pela Justiça.

O prefeito de Mongaguá, pequena cidade do litoral de SP com cerca de 50 mil habitantes, chorou copiosamente em uma transmissão ao vivo. “A minha família a vida inteira foi comércio, sou comerciante desde os nove anos de idade, meu pai era comerciante e meu irmão era comerciante. Como eu queria sair dessa live hoje aqui e dizer assim: ‘eu quebrei, o meu comércio quebrou’, sabe por quê? Nós já quebramos, e com vida conseguimos dar a volta por cima, e isso não vou ouvir mais deles, porque com essa doença eles perderam a vida”, disse Márcio Melo Gomes, cujo vídeo viralizou.

ENQUANTO ISSO, EM MINAS…     

A cuidadora de idosos suspeita de ter aplicado supostas vacinas contra a covid-19 em um grupo de empresários foi presa pela Polícia Federal. A prisão foi em flagrante, após os policiais acharem seringas e unidades de soro fisiológico em sua casa. Ela foi encaminhada à penitenciária Estêvão Pinto, em Belo Horizonte. Segundo o Estadão, a linha de investigação que tem mais força é a de que as vacinas são falsas, e não a de que foram importadas ilegalmente. Nesse sentido, os donos da viação Saritur, Robson e Rômulo Lessa, teriam sido enganados…

AUMENTO DA REJEIÇÃO

O PoderData captou um aumento na rejeição de Jair Bolsonaro: há duas semanas, a taxa era de 54%, agora chegou a 59%. A pesquisa foi realizada entre segunda e quarta-feira e também captou uma diminuição entre aqueles que não opinam: eram 14%, agora são 8%. Uma pequena parte deles migrou para o lado de Bolsonaro, contudo: os que aprovam o governo eram 32% há duas semanas e agora são 33%.

31 DE MARÇO

Jair Bolsonaro não respeitou o critério da antiguidade no Exército, mas acabou escolhendo o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira como novo comandante das Forças Armadas – o mesmo que, em entrevista ao Correio Braziliense, apontou a possibilidade de uma terceira onda de covid-19 no país e defendeu o isolamento social. A escolha teria sido chancelada por Eduardo Villas Bôas.

Na Marinha também não houve respeito à fila e o indicado foi o almirante de esquadra Almir Garnier, atual secretário-geral do Ministério da Defesa. 

Na Aeronáutica assumirá o brigadeiro Carlos Almeida Baptista Junior, que demonstra nas redes sociais ser afinado ao governo, compartilhando mensagens ligadas a grupos de direita.

Ao apresentar a cúpula ontem, no dia em que se completaram 57 anos do golpe militar, o novo ministro da Defesa, Braga Netto, disse que a data deveria ser “celebrada”.

A escalada autoritária de Bolsonaro foi objeto de uma crítica velada por parte de cinco presidenciáveis encabeçados pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. Subscrevem junto com ele uma carta que não menciona o nome do presidente Ciro Gomes, João Amoedo e João Doria, Luciano Huck. 

Já a oposição (PSB, PDT, PT, PSOL, PCdoB, Rede e Unidade Popular) divulgou uma nota conjunta em que afirma que Bolsonaro ameaça a democracia ao tentar cooptar as polícias e politizar as Forças Armadas.

A TODO VAPOR

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) defendeu a mudança nas regras que autorizam a compra de vacinas pelo setor privado. Como sabemos, ele quer dar sinal verde ao desrespeito à fila composta pelos mais vulneráveis definida pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) ao liberar os empresários da obrigação de repasse integral ao SUS das doses adquiridas enquanto a vacinação dos grupos prioritários estiver acontecendo. 

Mas, segundo Lira, isso não é furar a fila porque “na guerra, vale tudo para salvar vidas” – como se o chavão rebatesse a crítica. E também não há conflito entre interesses privados e públicos porque, de acordo com ele, “o Ministério já tem contratualizado mais de 500 milhões de doses”. Sim… As doses que dependem do cumprimento de cronogramas, algo que não está acontecendo, como vimos. Ah, ele também disse que a lei com as regras que agora se quer mudar foi aprovada pelo Legislativo “há dois ou três meses” quando, na verdade, isso aconteceu há 30 dias.

Além de palavras, o dia de ontem foi marcado por ação. Deputados apresentaram um requerimento para que o projeto de lei em questão PL-948/21, de autoria de Hildo Rocha (MDB-MA) – fosse votado em regime de urgência. Mas houve muita resistência e a votação foi adiada para a semana que vem.

O PL provocou um certo escândalo porque além do fura-fila, também previa que a Viúva ficasse com a conta. 
Coube à deputada Celina Leão (PP-DF) apresentar um substitutivo ao PL retirando o artigo que previa abatimento integral, no imposto de renda, da quantia que os empresários gastarão na aquisição de imunizantes.

A parlamentar incluiu no projeto regras para que as empresas possam adquirir as vacinas. Elas deverão optar por doar ao SUS a mesma quantidade que vão utilizar. Ou então vacinar gratuitamente não apenas seus funcionários, mas também os familiares deles, até o primeiro grau. 

Segundo a coluna de Mônica Bergamo, Lira, apoiará o substitutivo. Mas caberá ao plenário decidir que texto prevalecerá – já que a aprovação parece ser certa, pelo menos na Câmara. Ainda de acordo com a coluna, a resistência tende a ser maior no Senado – onde a proposta também conta com apoio do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco. 

“Nenhum país do mundo permitiu isso. Nem a rainha da Inglaterra se vacinou antes das pessoas que estavam antes dela na fila”, criticou o deputado federal e ex-ministro da saúde, Alexandre Padilha (PT-SP). “Estão trocando o PNI pelo Plano Meu Pirão Primeiro”, resumiu o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Detalhe: o ministro d

Por Outra Saúde

PIÁ

Ao tentar justificar sua postura na operação Lava Jato, que levou o Supremo Tribunal Federal (STF) a declarar sua suspeição – e, como consequência, anular a condenação contra o ex-presidente Lula -, o ex-juiz Sérgio Moro tentou fazer uma referência à cantora francesa Edith Piaf, a quem chamou de Edit “Piá”.

“Dá para tocar [Edith] Piaf [cantora francesa] ao fundo. Non, je ne regrette Rien. Não me arrependo de nada. Foi um trabalho importante, reconhecido pela população brasileira”, afirmou Moro.

A declaração virou meme nas redes sociais e fez com que o termo Edit Piá chegasse à lista de assuntos mais comentados do Twitter.

Marcelo Adnet não perdeu tempo e fez uma sátira da declaração. Veja abaixo a original, de Moro, e a sátira, de Adnet.

GENTE DE BEM

Com a ida da deputada Flávia Arruda (PL-DF) para a Secretaria de Governo da Presidência da República (Segov), quem assumirá a vaga na Câmara será o delegado aposentado Laerte Bessa (PL-DF). Em 2018, Bessa teve 28.526 votos e foi o segundo mais votado em sua chapa, uma coligação entre PL, PR, PSDB e DEM.  O político sempre fez parte da chamada bancada da bala e já protagonizou episódios de violência. Em 2019, ameaçou um porteiro no prédio onde mora. Na ocasião, o trabalhador não tinha autorização para liberar a entrada de um entregador de aplicativo de delivery no edifício. Após ser informado pelo interfone de que entregadores não poderiam subir depois das 23 horas, o ex-deputado desceu até a portaria, deu um chute no porteiro e o insultou. “Seu bosta (…). Você quer morrer? Eu te mato aqui agora, seu filho da puta”, ameaçou. “Te dou um tiro na cara!” Ele também agrediu o síndico do prédio no mesmo episódio. Em 2018, o então deputado teve o pedido de cassação do mandato pelo PSB após "agredir, xingar e ameaçar" o ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB). Na ocasião, após o governador ter se recusado a atender Laerte Bessa, o parlamentar foi à tribuna da Câmara e chamou Rollemberg de “maconheiro”, “bandido”, “vagabundo”, “cagão”, “safado” e “frouxo”. O Conselho de Ética arquivou o caso. Em maio daquele ano, o então deputado foi acusado de dar um soco no subsecretário de Articulação Federal da Casa Civil do Distrito Federal, Edvaldo Dias da Silva, na Câmara. Ele nega a agressão.

GENTE DE BEM 2

Em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo, o luthier Deivid Vieira negou ter “coragem” de “esfaquear de baixa para cima” o prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), conforme ameaçou pelas redes sociais. A ameaça, em razão do lockdown decretado no município que zerou casos de morte por Covid, motivou a abertura de um boletim de ocorrência pelo prefeito. O comerciante assina o perfil “Paulinha e Deivão”, que perguntou no sábado: “Alguém sabe onde o prefeito Edinho mora?”, acompanhada de figuras de fogo, caixões, facas e caveira. Ao ser desafiado por um seguidor, que disse duvidar que ele teria coragem, Deivid afirmou: “Aqui tem coragem, mas queria só um round com ele primeiro. Depois ia esfaquear de baixo pra cima”. À Globo, Deivid disse que estava “de cabeça quente”. “Na hora da cabeça quente, a gente fala o que quer. Isso foi um desabafo de um pai desesperado que quer abrir o seu negócio e trabalhar, porque hoje em dia trabalhar é crime”, justificou.

GENTE DE BEM 3

Em vídeo divulgado nas redes sociais, o empresário Nelson Baptista Silva Neto, dono da marca de roupas masculinas Oxigenio Adventurewear, localizada na Rua Teresa, uma das principais vias de comércio de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, defende o chamado “tratamento precoce”, com medicamentos sem comprovação científica, contra a Covid-19 e que dá ivermectina a todos os funcionários. “Covid veio para ficar. Todos nós vamos pegar, não tenha dúvida. Mas, tem que fazer o tratamento precoce, não é? Lá na minha empresa eu pago ivermectina para todos os meus funcionários”, afirma em vídeo a uma TV local. O empresário ainda confessa que obriga funcionários que testaram positivo para a doença, mas não apresentaram os sintomas, a continuarem trabalhando. “E já teve caso de empregados que pegaram Covid, foram tratados às minhas custas e não faltaram um dia sequer de trabalho. Por quê? Porque estavam se sentindo bem, estavam sendo medicados. Por que não se estende o tratamento precoce para toda a população?”, indaga Nelson Baptista.

FRASES DA SEMANA

“O mercado, se tivesse juízo, ia a Aparecida do Norte pagar promessa para eu voltar. A coisa mais importante que oferecemos aos empresários foi mercado. O povo podia comprar. Se é só pra trocar papel… No meu governo o Brasil era protagonista”. (Lula)

“Essa política de isolamento, toque de recolher, supressão do direito de ir e vir extrapola em muito até mesmo um Estado de Sítio. Apelo a todas as autoridades do país que revejam essa política e permitam que o povo vá trabalhar.” (Bolsonaro, no dia de mais um recorde de mortes)

“Reforma ministerial é normal. O que não é normal é trocar os 3 comandantes das Forças Armadas sem razão e explicação. Eles não fazem parte da camada política. Sem informar à população. É um desrespeito e ofensa às Forças Armadas.” (General Santos Cruz, ex-ministro de Bolsonaro)

“Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado. Saio na certeza da missão cumprida”. (Fernando Azevedo e Silva, general, ex-ministro da Defesa, demitido por Bolsonaro que quer ver pelas costas o general Edson Leal Pujol, comandante do Exército) 

“Incrível como o pessoal do mercado financeiro é intelectualmente limitado. O erro da imprensa é imaginar que alguém que ganha dinheiro especulando tem credenciais para algo além de ganhar dinheiro especulando. Deu em Bolsonaro”. (Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo)

“Eu me preocupo com todas as vidas! Mas as vidas dos que viveram menos preocupam mais. Já estamos no momento de estabelecer regras para priorizar o uso dos recursos disponíveis: leitos, respiradores, etc. É pesado, mas necessário!”. (Janaina Paschoal, deputada bolsonarista)

“Se são pessoas que vão viver 60 anos na cadeia, morrer lá, poderiam usar um pouco da vida delas pelo menos para ajudar pessoas, provando remédios, vacinas, para ver se funciona. Já que vai morrer na cadeia, que pelo menos sirva para ajudar em alguma coisa.” (Xuxa, sendo Xuxa)

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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