19/03/2024 - Edição 540

Ágora Digital

Os vídeos que marcaram dez primeiros dias de campanha

Publicado em 29/08/2018 12:00 - Victor Barone

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Os presidenciáveis têm se lançado em campanha nos quatro cantos do país, participado de debates na televisão, interagido nas redes sociais… e fornecendo, mesmo involuntariamente, registros já antológicos no rol de grandes momentos eleitorais. Confira a seguir os melhores momentos até agora.

O candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, aparece de chapéu em uma propriedade rural. O ex-governador de São Paulo fala da "criação de ovelhas da Dona Marluce". "Um trabalho muito bonito. Um exemplo, né?", arriscou o tucano. Fora do vídeo, ouve-se a voz de uma mulher dizer: "Não. Meu voto é do Lula"! São só oito segundos…

Outro vídeo que movimentou as redes sociais foi protagonizado pelo candidato do PSL, deputado Jair Bolsonaro, que tem apostado no discurso do armamento para a população para conquistas votos – ou pelo menos manter a fidelidade dos que defendem ou são simpáticos à ideia. Em Goiânia, o ex-capitão do Exército cruzou a perigosa fronteira dos direitos da criança ao pegar ao colo uma menina de poucos anos de idade e, em cima de um carro de campanha, ensiná-la a fazer o gesto de tiros de revólver com uma das mãos – ele que afirmou que seus filhos atiram "com munição de verdade" desde os cinco anos, algo que, por lei, é punível com prisão.

Bolsonaro também é protagonista de outro momento já eternizado entre os grandes embates entre adversários políticos. Em debate na RedeTV! em 17 de agosto, o defensor do militarismo defendia a liberação do posse de armas no Brasil quando Marina, além de se opôr à possibilidade, redirecionou sua fala para a discriminação das mulheres no mercado de trabalho – que, segundo Bolsonaro, é algo que não acontece no Brasil. Marina, inclusive, fez menção ao episódio do vídeo acima. "Você, um dia desse, pegou a mãozinha de uma criança e a ensinou como se faz para atirar. Você sabe o que a Bíblia diz sobre ensinar uma criança?"

Cabe também lembrar que, em 10 de agosto, no primeiro debate entre presidenciáveis na TV aberta em 2018, a TV Bandeirantes recebeu oito presidenciáveis em um de seus estúdios. Dois dos postulantes com menor índice em pesquisas de intenção de voto, Henrique Meirelles (MDB) e Alvaro Dias (Podemos) também estiveram no centro de um momento que vale registro. Ex-ministro da Fazenda de Michel Temer, também seu correligionário, Meirelles pediu que o senador paranaense discorresse sobre o "fracasso do governo anterior". "O senhor, que esteve lá, é que deveria ter a explicação, não é? Passou por lá…", gracejou Alvaro, caprichando na ironia e provocando reação na plateia.

Vale abrir outra exceção para lembrar um momento único deste início de corrida presidencial. Também foi há mais de dez dias, mas não pode ficar de fora a atuação do deputado Cabo Daciolo, candidato do Patriota à Presidência da República, naquele debate da TV Bandeirantes. Bombeiro e cristão, Daciolo tirou do marasmo um programa que, a medir pela interação dos internautas em redes como Twitter e Facebook, pecou pelo formato e não gerou grandes discussões entre os debatedores.

Com discurso religioso e a todo momento falando "em glória e honra de nosso senhor Jesus Cristo", Daciolo surpreendeu Ciro Gomes, o candidato do PDT, e disparou, para espanto do interlocutor –  e interrogações de todos: "O senhor pode falar aqui para a população brasileira sobre o 'Plano Ursal'. O que o senhor tem a dizer sobre a 'União das Repúblicas Socialistas Latinoamericanas? Tem algo a dizer para a nação brasileira?", quis saber Daciolo, em menção à "União das Repúblicas Socialistas da

Lula e seus recursos

O Supremo Tribunal Federal (STF)) voltará a analisar a liberdade do ex-presidente Lula na primeira semana de setembro. O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na corte, liberou para o plenário o julgamento do recurso ao habeas corpus negado ao petista em abril, antes de ele ser preso. De acordo com o andamento processual no site do Supremo, o julgamento será virtual entre os dias 7 e 13 de setembro.

Clamor das ruas não vale

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso disse que, em matéria de direito penal, não há espaço para o "clamor das ruas". O ministro ressaltou ainda que, na área criminal, não há possibilidade de os juízes fazerem escolhas políticas ou ideológicas. As declarações de Barroso foram dadas no Quinto Colóquio sobre o Supremo Tribunal Federal, promovido pela Associação dos Advogados de São Paulo, na capital paulista. Barroso também é ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e relatou o registro da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Messiânicos

Durante o Quinto Colóquio sobre o Supremo Tribunal Federal, promovido pela Associação dos Advogados de São Paulo, na capital paulista, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cezar Peluso disse que algumas decisões da corte passam a ideia de que o tribunal tem a missão messiânica de salvar o país da corrupção, e que os juízes parecem ser justiceiros e não julgadores. "Qual é o problema dessa postura ditada por algumas decisões ou pelo teor aparente de algumas decisões? É passar ao povo a ideia de que os juízes não são instituídos para julgar, mas para serem justiceiros. A função da magistratura é apenas a de julgar. A revolução, seja ela de que ordem for, é papel das instâncias políticas e da sociedade civil, não é função do Judiciário", acrescentou.

Só de ouvir falar

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comanda o cenário político nacional há quatro décadas e 99% dos eleitores sabem quem ele é. Mas 1% diz que não o conhece e outros 11%, “só de ouvir falar”, segundo pesquisa do Datafolha. Lula é menos conhecido no sul —15% dizem que só “ouviram falar” no petista. Outros 2%, nem isso. Já Geraldo Alckmin (PSDB), que governou São Paulo por 14 anos, em períodos alternados, é conhecido por 98% dos paulistas —57% afirmam que o conhecem “muito bem”, 26%, “um pouco”, 16% só ouviram falar nele e 2% —ou 660 mil pessoas —dizem não saber quem ele é.

Patinho feio

A pouco mais de quatro meses do fim de seu mandato, Michel Temer (MDB) é figura evitada em palanques e está cada vez mais distante dos holofotes, seja qual for a pauta. Ao contrário do histórico nacional, em que o presidente da República da vez costuma se valer da máquina de governo para tentar eleger seu sucessor, o emedebista vê aliados em aberto esforço para se descolar de sua imagem, a começar pelo próprio candidato oficial do governo. "Sou o candidato da minha história", tem repetido o ex-ministro da Fazenda de Temer (e do ex-presidente Lula) até abril, Henrique Meirelles, que também evita avaliar a gestão do correligionário. O governo Temer tem míseros 2,7% de aprovação popular, segundo a mais recente pesquisa CNT/MDA, divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) No último dia 20.

Calculadora eleitoral

Com qual candidato à sucessão do presidente Michel Temer (MDB) você acredita ter mais afinidade? Com 13 presidenciáveis lançados na corrida presidencial, a escolha pode apresentar algum grau de dificuldade para muitos eleitores. Mas um teste que tem circulado por Twitter, Facebook, WhatsApp e outras redes sociais pode dar uma ajuda. Trata-se da "Calculadora de Afinidade Eleitoral 2018", um questionário com 23 questões relativas à política brasileira e àqueles temas que tanto têm gerado polarização e nervosismo entre semelhantes que pensam diferentemente – entre eles, o projeto "Escola sem Partido", a reforma trabalhista, a legalização do aborto e a descriminalização da maconha. Distribuídas em cinco áreas (economia, energia, proteção social, segurança e educação), as perguntas foram pinçadas dos principais temas debatidos pelos presidenciáveis e dão direito a três respostas possíveis, "sim", "não" e "depende" (faça seu teste).

Barganha boa

Dias Toffoli e Luiz Fux assumirão em 13 de setembro a presidência e a vice-presidência do Supremo Tribunal Federal (STF). Antes de tomar posse, decidiram converter uma agenda sindical num processo de corrosão da futura gestão. Sugeriram a Temer trocar o “direito” dos juízes a um auxílio-moradia de R$ 4.377,73 por um reajuste salarial de 16,38%. O aumento elevará o contracheque dos ministros do Supremo, teto salarial do funcionalismo, de R$ 33,7 mil para R$ 39,3 mil. Estima-se que os efeitos do aumento do STF custarão ao Tesouro algo entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões por ano. Não há verba para isso.

PTB na berlinda

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, denunciou 26 pessoas acusadas de irregularidades na concessão de registros sindicais pelo Ministério do Trabalho. Entre os denunciados estão o ex-deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ), os deputados Jovair Arantes (PTB-GO), Cristiane Brasil (PTB-RJ), Nelson Marquezelli (PTB-SP) e Paulo Pereira da Silva (SD-SP), além do ex-ministro Helton Yomura. Todos são acusados de integrar uma organização criminosa.

Ciro disparando

O candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, reafirmou ter avisado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre casos de corrupção ainda durante o governo do petista. Ciro disse defender a Lava Jato, mas cobrou equilíbrio e apontou que há políticos do PT e do MDB presos, mas nenhum do PSDB.

Elogio pago

A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), disse que o partido está averiguando a acusação de que uma agência pagou por comentários favoráveis a candidatos da legenda no Twitter. “O PT nunca adotou esse tipo de prática, nossa relação com as redes sempre foi de respeito e de militância. Nunca pagamos ninguém para falar em rede, muito pelo contrário. Estamos averiguando o que é isso, para esclarecer essa situação”, disse. No último dia 25, a jornalista Paula Holanda, militante de esquerda e influenciadora digital, conhecida no Twitter como @pppholanda, escreveu na rede social que foi convidada por uma agência de marketing digital mineira, a Lajoy, a promover em seu perfil conteúdo esquerdista mediante pagamento.

Cavalo

O candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, participou da Festa do Peão de Barretos (SP) montado em um cavalo. A aparição encerrou uma série de campanha do deputado federal no interior paulista, em Presidente Prudente.

Tietagem

Policiais militares do estado de São Paulo tietaram o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) ao longo de uma série de atos de campanha em cidades do interior paulista. Entre manifestações de apoio e pedidos para tirar fotos, um agente chegou a reproduzir o jingle do candidato em uma caixa de som acoplada à farda, durante carreata em Catanduva. Em Barretos, Bolsonaro entrou em um ônibus da PM que transportava policiais para a Festa do Peão, foi aplaudido e chamado de “mito”, alcunha que ganhou dos apoiadores.

Mais uma do misógeno

A apresentadora do Jornal Nacional Renata Vasconcellos reagiu a uma insinuação do candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) sobre seu salário. Em entrevista no último dia 28, o ex-capitão insinuou que Renata recebe um salário menor do que o seu colega de bancada, William Bonner – que, na verdade, tem atribuições distintas, por acumular a função de âncora com o cargo de editor-chefe do telejornal.

Bolsonaro, então, foi interrompido pela apresentadora, que disse: "Eu poderia até, como cidadã, fazer questionamentos sobre os seus proventos porque o senhor é um funcionário público, deputado por 27 anos, e eu, como contribuinte, ajudo a pagar o seu salário. O meu salário não diz respeito a ninguém. E eu posso garantir ao senhor, como mulher, que eu jamais aceitaria receber um salário menor de um homem que exercesse as mesmas funções e atribuições que eu".

Pau que dá em chico

Geraldo Alckmin (PSDB) veiculou seu primeiro vídeo de campanha nas redes sociais. Numa mesma peça, atacou Jair Bolsonaro, Michel Temer e Dilma Rousseff. “Não dá pra olhar pra trás”, diz a letra do jingle, com as fotos dos alvos ao fundo. Alckmin ataca Bolsonaro porque precisa recuperar os votos que perdeu para ele, sobretudo em São Paulo. Alveja Temer para tentar evitar o contágio com um presidente tóxico. E atira contra Dilma para seduzir os votos anti-petistas. Agora, só falta combinar com os russos e com os eleitores que votos deles.

É nóis

A equipe do candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, deixou aparecer o número 1533, que faz referência à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), no vídeo de divulgação do jingle do candidato. Um novo vídeo foi lançado com a cena cortada. O número faz referência a posição das letras PCC na ordem do alfabeto (P é a 15ª e C é a 3ª). Ao ser questionada sobre o motivo da mudança, a equipe de marketing de Alckmin afirmou que eram questões “técnicas”. O PCC tem sido 1 dos temas críticos à campanha de Alckmin. O tucano tem sido questionado sobre o monopólio que a facção criminosa estabeleceu no Estado. As cenas podem ser comparadas nos vídeos abaixo:

Assista no 1º vídeo. A imagem é aos 7 segundos, na cena em que uma personagem desce escadas. O número aparece no meio de uma bandeira do Brasil:

Assista ao 2º vídeo, com a imagem retirada:

Hitlerzinho tropical


Menos direitos


Guia prático anti Bolsonaro

No mês passado, Luciano Caramori, um redator publicitário com experiência em campanhas eleitorais, escreveu uma série de tweets propondo um modo de como abordar Bolsonaro.


Sou fã

A candidata do PCO ao governo do Paraná, professora Priscila Ebara Guimarães, ficou conhecida além de seu estado após vídeos de entrevistas de campanha dela virarem memes nas redes sociais. Um mostra Priscila ao fim de entrevista ao jornal Band Cidade de Curitiba, se mostrando fã do apresentador José Wille, sem perceber que ainda estava ao vivo no ar. Ela diz que o ouvia no rádio e tenta lembrar o nome do programa, mas ele pede para poder encerrar a entrevista.
 

 

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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