18/04/2024 - Edição 540

Poder

Facebook retira do ar duas páginas de apoio a Jair Bolsonaro

Publicado em 27/07/2018 12:00 -

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O Facebook removeu duas páginas de apoio ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Foi retirada do ar a página “Jair Bolsonaro presidente 2018”, que tinha mais de 800 mil seguidores, a segunda mais popular entre dezenas criadas para apoiar o presidenciável. A outra página removida foi “Jair Bolsonaro presidente 2.0”, com pouco mais de 70 mil curtidas. Procurado, o Facebook não quis se manifestar.

Dados da ferramenta CrowdTangle mostram que apenas as cinco maiores páginas de apoiadores do clã Bolsonaro — já excluindo a “Jair Bolsonaro presidente 2018” — somaram quase 56,5 milhões de interações nos últimos 12 meses, incluindo 16,5 milhões de compartilhamentos. Elas postam sobretudo vídeos e memes em apoio aos membros da família Bolsonaro e críticas a políticos de esquerda e adversários de Jair.

Segundo Pablo Ortellado, professor de Gestão de Políticas Públicas da USP, as duas páginas excluídas compartilhavam com seus seguidores basicamente links de três sites de “notícias ultra-engajadas” — portais que reciclam material da grande imprensa fazendo releituras de caráter ideológico. Porém, ele destaca que, ao contrário de outros presidenciáveis, os perfis oficiais da família Bolsonaro não compartilham esses links.

“Sites oficiais da família Bolsonaro nunca compartilham essas páginas. Bem diferente do que fazem candidatos progressistas, por exemplo. É algo sui generis, não conheço nenhum outro caso assim”, disse.

Ortellado crê que as exclusões não tenham relação com os conteúdos compartilhados pelas páginas. “Eu não creio que tenha sido qualquer tipo de conteúdo, porque o Facebook tem dito há muitos meses que não vão fazer o papel de juiz do que é verdade ou mentira”, diz.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) comentou o fato no Twitter: “Apenas para que saibam nossas batalhas. As informações são que os donos (das páginas) vão entrar na Justiça”.

Após a imprensa mostrar que uma notícia publicada pelo site Ceticismo Político — compartilhada também pela página do Movimento Brasil Livre (MBL) — foi a fake news mais difundida sobre a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), o Facebook excluiu a página e o perfil pessoal de Luciano Henrique Ayan, que se apresentava como editor do Ceticismo Político. Após as revelações, ele divulgou sua real identidade: Carlos Augusto de Moraes Afonso. Também foi deletada a página do Ceticismo Político. Segundo o Facebook, a decisão foi tomada porque as páginas e perfis citados eram mantidas por um fake, o que contraria as regras de uso da rede social.

O MBL utilizou-se de um aplicativo, o Voxer, para replicar suas postagens em centenas de perfis de usuários reais. O grupo conseguiu o aval dos usuários afirmando que o Facebook vinha reduzindo o alcance de páginas de direita. Após ser questionado sobre o funcionamento do aplicativo, o Facebook decidiu banir o Voxer.

Pesquisa falsa

​Texto divulgado nas redes sociais diz que, segundo pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas, Jair Bolsonaro, do PSL, está à frente nos 26 estados mesmo com Lula na corrida presidencial. Junto à mensagem está um link para o site O Detetive afirmando que o candidato venceria as eleições no primeiro turno.

A última pesquisa realizada pelo instituto, divulgada na segunda (23), foi realizada apenas no estado do Rio de Janeiro e mostra Bolsonaro com 26,6% de intenções de votos, enquanto Lula tem 25,5%.

O texto compartilhado mostra que, no estado do Rio, o candidato do PSL está com 64,72% e Lula atinge 32,61%.

Procurado pela reportagem, o Paraná Pesquisas disse que o levantamento divulgado pelo site O Detetive e por usuários de WhatAapp nunca foi feito. "Se reserva no direito de acionar na Justiça quem divulgar informação falsa usando o nome do instituto", disse a empresa em comunicado


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