28/03/2024 - Edição 540

Poder

Isolado, Bolsonaro pode acabar com apenas oito segundos na televisão

Publicado em 20/07/2018 12:00 -

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Depois de tentativas frustradas de fechar alianças com o PR e o PRP, o pré-candidato Jair Bolsonaro (PSL) pode ser obrigado a escolher um vice do próprio partido (provavelmente Janaína Paschoal, a autora do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff).

Com isso, ficará com apenas oito segundos de tempo nos programas eleitorais da televisão aberta, que começam em 31 de outubro.

Para aumentar o espaço na TV, tido como determinante para o sucesso na eleição, a campanha do militar planeja usar recursos de direito de resposta e, assim, avançar sobre o tempo de outros partidos e coligações. Também é planejado o uso de vídeos na internet.

Uma decisão sobre eventual coligação terá que ser tomada até este domingo (22), quando acontece a convenção nacional do PSL.

Segundo especialistas, a aliança com Bolsonaro é tida como "de alto risco" pelos demais partidos, o que provoca o isolamento do pré-candidato.

O problema é a postura intempestiva e polêmica do militar, que pode contaminar as demais candidaturas. Além disso, o sistema partidário avalia que Bolsonaro tem poucas chances de ganhar o segundo turno das eleições.

Nos últimos dias, Bolsonaro foi negado pelo PR do ex-deputado Valdemar Costa Neto (SP) e do senador Magno Malta (ES), e pelo PRP do coronel da reserva Augusto Heleno Ribeiro. A intenção do PSL era que Malta ou Heleno Ribeiro fossem vice na chapa.

Isolamento

O presidenciável usou as redes sociais para rebater notícias sobre isolamento.

“A maioria da imprensa cria falsa narrativa como se tivesse sido descartado por fulano e cicrano (sic). Jamais me comprometi com nenhum dos citados. Sempre deixei claro que meu partido é o povo e agora tentam desonestamente inverter a situação para mais uma vez nos descredibilizar!”, tuitou.

Heleno foi a segunda tentativa frustrada do partido de conseguir um vice para Bolsonaro. O senador e cantor evangélico Magno Malta (PR-ES) foi a primeira. Chamado pelo pré-candidato de vice dos sonhos, o senador desistiu da disputa para buscar a reeleição e Bolsonaro viu escapar uma aliança com o PR, que agregaria 45 segundos ao tempo de TV.

Nas redes sociais, o presidenciável se esforça para construir uma narrativa que passe longe da rejeição que tem sofrido. “Não tenho obsessão pelo Poder. Queremos fazer diferente. Se for para fazer igual a todos estamos fora sem problema algum”, afirma.

Num vídeo, gravado na quinta-feira (19) antes de seguir para uma agenda em Rio Verde, Goiás, o deputado federal se diz perseguido por falar a verdade ao contrário de outros candidatos e cita reportagens de diferentes veículos que tentam desqualificá-lo com base em votações dos anos 1990.

A crítica aos meios de comunicação, aliás, é comum em suas postagens, com trechos editados de programas televisivos e manchetes não favoráveis que ataca.

Para justificar a posição que tem sobre negros, mulheres e homossexuais, o capitão reformado busca se defender com mensagens daqueles que apoiam suas propostas, que passam longe do que ele chama de vitimismo.

“Qualquer política que tenha como consequência a segregação da sociedade, como se os fins justificassem os meios, não receberá nosso apoio. Chega de colocarem pais contra filhos, homens contra mulheres, negros contra brancos. Para o Brasil voltar a crescer, também é preciso união!”, disse.

O trabalho para mudar a imagem por meio das redes não é de hoje. Em agosto do ano passado, Bolsonaro publicou uma imagem com frases do ex-presidente Lula, como “Cadê as mulheres do grelo duro do nosso partido?” e “Pelotas é a cidade polo, né? Exportadora de Veado!”.

No post, o deputado resume: “homofobia, racismo, misoginia e nazismo! Era o Lula e vc (sic) não vê por aí nenhum ‘especialista’ falar nada… ah, se fosse um tal de Bolsonaro!”.

Em Goiânia, na quinta (19), Bolsonaro disse que tem apoiadores em todo o país. O deputado disse também que tem conversado com parlamentares. O esforço é para alavancar a sua candidatura. “Logicamente tem certas pessoas que eu não quero na minha trincheira. Não estou afastando a possibilidade de conversar com os partidos, mas os termos da negociação é que têm que ser abertos”.


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